Portugal reduziu número de mortes nas estradas entre 2010 e 2019

Portugal, juntamente com a Grécia e os Estados Bálticos, foram os países com melhor desempenho na UE, de acordo com o novo relatório sobre os progressos realizados na redução de mortes nas estradas na Europa desde 2010, publicado pelo Conselho Europeu de Segurança nos Transportes (ETSC).
A Estónia recebeu o prémio ETSC Road Safety Performance Index (PIN) deste ano num evento realizado on-line. Este Estado do Báltico tem agora um nível de mortalidade nas estradas (mortes nas estradas por milhão de habitantes) comparável à Holanda – um feito notável e um reflexo de investimentos significativos e liderança estratégica em segurança rodoviária ao longo de vários anos.
Quanto a Portugal, embora surja em destaque pela redução no número de mortos durante este período (2010-2019), a realidade nacional ainda se mantém preocupante, com os números de vítimas mortais acima da média europeia.
José Miguel Trigoso, presidente do conselho de direção da PRP, analisa:
“Relativamente a Portugal, a situação é particularmente grave no que respeita à sinistralidade dentro das localidades, pelo que as prioridades devem ser concentradas nas políticas a implementar direcionadas à redução do risco nas áreas urbanas. Proteção aos utentes mais vulneráveis e gestão das velocidades adequadas às áreas urbanas são condições determinantes para a redução sustentável da sinistralidade.”
A PRP defende ainda que “igualmente prioritário deve ser o combate à condução sob a influência do álcool (e outras drogas) bem como à distração proporcionada pela utilização dos “smartphones”.
Este relatório mostra que dois dos líderes tradicionais da Europa em segurança rodoviária: a Holanda e o Reino Unido, embora se mantenham relativamente seguros quando comparados à mortalidade rodoviária, tiveram mais mortes nas estradas em 2019 do que em 2010. França, Suécia e Alemanha também mostraram um dececionante progresso nos últimos nove anos, com reduções modestas nas mortes. A Bulgária e a Roménia mantêm os piores desempenhos da Europa em termos de sinistralidade rodoviária e também apresentaram reduções abaixo da média nos últimos anos.
A UE e os seus Estados-Membros acordaram a meta de reduzir para metade as mortes nas estradas até 2020. Com ainda um ano até que os dados completos de 2020 estejam disponíveis, a meta quase certamente não será atingida. É provável que esse seja o caso, mesmo considerando a queda significativa no número de vítimas mortais que ocorreu em vários países nos últimos meses como resultado das políticas de confinamento do Covid-19.
Antonio Avenoso, diretor executivo do Conselho Europeu de Segurança em Transportes, comentou:
“Embora o progresso na Europa tenha dececionado nos últimos nove anos, alguns países passaram silenciosamente por uma revolução na segurança rodoviária. Temos o prazer de premiar a Estónia este ano pelo seu progresso notável, após a vitória da Irlanda em 2019. ”
“No geral, os Estados-Membros da UE precisarão acelerar as novas metas para 2030. Mas a recente resposta à epidemia de Covid-19 pode indicar um caminho a seguir. Uma mudança dramática para as deslocações a pé e de bicicleta nas áreas urbanas, combinada com alterações na infraestrutura e reduções nos limites de velocidade, pode ter um enorme impacto na sinistralidade rodoviária. Mas, se voltarmos ao normal, após a crise, os resultados poderão ser ainda piores do que antes. Já existem sinais de perigo no grande número de contraordenações por excesso de velocidade relatados à medida que os confinamentos são levantados, o que só contribui para a sobrecarga da polícia e serviços de emergência.”
É provável que a segurança rodoviária na UE aumente na próxima década, graças à nova legislação sobre padrões mínimos de segurança nos veículos e infraestrutura acordada no ano passado. Mas muito dependerá dos padrões técnicos detalhados para as novas leis, que estão a ser elaborados atualmente. O ETSC está particularmente preocupado com os requisitos da tecnologia ISA (Intelligent Speed Assistance) para carros novos e com os padrões de “visão direta” (para melhorar a visibilidade à volta do veículo para os condutores) dos novos veículos pesados, que correm o risco de cair por terra após pressões da indústria automóvel.




