“A Rolnorte é uma empresa sólida em franco crescimento”
Fundada em 1987, a Rolnorte é uma empresa de distribuição de equipamentos sediada em Penafiel. Arrancou pelas mãos do pai e do tio da atual gerente, Cláudia Soares, que hoje já conta também com a ajuda do filho, Diogo Cavalheiro, diretor comercial da casa desde há cinco anos. Juntos, têm desenvolvido a estratégia online da Rolnorte, numa aposta ganha, cujas vendas já representam 20% da faturação, que ronda os 4 milhões de euros anuais
Começou por ser uma empresa de comercialização de ferramentas e equipamentos para a construção civil e serralharia, mas a evolução dos tempos e a necessidade de adaptação ao mercado fez com que a Rolnorte fosse abrindo o seu leque de ação para diferentes áreas. Hoje, conta com a sede, em Penafiel, onde dispõe de 1.500 m2 distribuídos por três pisos, com oficina, armazéns, loja e exposições, e ainda um espaço em Felgueiras, com 1.200 m2, que abriu em março de 2015 e que está agora direcionado para tratar toda a logística das vendas online. Trabalham na empresa 22 funcionários.
Da falência à paixão
A entrada da atual gerente, Cláudia Soares, na empresa, deu-se de forma inusitada, em 1991, mas a responsável agarrou a oportunidade com coragem e desembaraço, fazendo-a crescer a cada ano e enfrentando sem medo as barreiras naturais que lhe foram colocadas. Hoje, olha para trás com orgulho e espera passar ao filho, Diogo Cavalheiro, os princípios que sempre pautaram a sua carreira profissional na Rolnorte. “Os sócios fundadores da Rolnorte foram o meu pai e o meu tio, em 1987. Mas, logo em 1990, a empresa começou a dar os primeiros sinais de que o meu tio não tinha muito jeito para este negócio; o meu pai, que era construtor civil, também não estava ligado a esta área, e, em 1991, a Rolnorte estava numa situação de falência”, começa por nos contar a gerente que, nesse mesmo ano, terminava o curso de engenharia civil, na faculdade. “Estudei em Lisboa, não tinha intenção de vir para o mercado das máquinas e ferramentas, mas o meu pai contou-me que o sócio fundador não tinha sido ele, mas sim eu. Portanto, eu sempre fui, mesmo sem saber, a sócia fundadora, com 40% da sociedade, e ele resolveu-me dar isto”, revela, explicando que só aceitou “por gratidão ao meu pai, porque os tempos eram difíceis, ele teve quatro filhas a estudar na faculdade ao mesmo tempo, era tudo muito difícil, e eu disse, pronto, eu vou lá meio ano. Se eu conseguir, muito bem, tu não vais meter dinheiro nenhum na empresa e eu vou dar a volta”, afirma, assumindo-se “obstinada”.
E assim foi, com 23 anos, Cláudia Soares arregaçou as mangas e foi bater à porta de todos os fornecedores a quem a Rolnorte devia dinheiro e, recorda, “ninguém apostou em mim, exceto um único fornecedor, a quem devíamos muito dinheiro, que era a Romafe. Na altura, o sr. Fernando França – uma pessoa extraordinária, que já faleceu, ouviu-me e disse-me: «você tem tudo contra, é mulher e está numa situação de falência, mas o facto de vir aqui sozinha, a dizer que não me vai pagar mas quer que eu continue a fornecer, é uma atitude de coragem!» e é graças a ele, que eu estou neste mundo, porque assinei o compromisso de que ele ia-me continuar a fornecer, mas eu ia pagando o anterior”, relembra. Além disso, teve também apoio da concorrência, que “quase que tinham pena de mim, «coitada da garota, tem que se distrair com alguma coisa», diziam, e eu fui uma felizarda”. À distância de mais de trinta anos, a gerente considera que a Rolnorte “foi crescendo na sombra, porque ninguém achou que eu conseguisse, só que eu fui-me apaixonando por isto! Também trabalhava na construção civil com o meu pai e houve uma altura em que abandonei as obras e vim para a Rolnorte”, conta, satisfeita por ter conseguido conquistar a confiança e o respeito de todos num mundo maioritariamente machista, “eu hoje, de facto, sou um deles!”, congratula-se.
A modernização
Desde há cinco anos que Cláudia Soares tem ainda o apoio do filho, Diogo Cavalheiro, de 26 anos, que se juntou à empresa para dar um novo fôlego ao projeto e esta acredita que, “neste momento, a Rolnorte é uma empresa sólida em franco crescimento, veio a parte da modernização e do online, que eu já deixo nas mãos dele e foi uma surpresa, porque o nosso maior crescimento foi, de facto, nas oficinas. Acho que isso se deve ao trabalho dele e o futuro vai passar por aí. A pior fase da empresa foi a estabilização económica, estabilização de stock, de armazém, portanto o caminho está livre, temos tudo para ter sucesso”, remata. O site da Rolnorte foi criado há cerca de quatro anos, mas, de acordo com Diogo Cavalheiro, que ocupa atualmente o cargo de diretor comercial, “no inicio foi complicado, mas neste momento somos um referência online de excelência para todas as oficinas”.
Entre Penafiel e Felgueiras
A empresa dedica-se exclusivamente à comercialização na zona do Vale do Sousa e a aposta online deve estender-se, em breve, a Espanha. A Rolnorte trabalha “com praticamente todas as marcas de topo”, diz Diogo, com Cláudia Soares a duvidar que “haja alguma loja com o stock que nós temos de ferramenta manual. No site, começamos a dar os primeiros passos nas ferramentas elétricas e já temos um crescimento grande”. As duas mais recentes inclusões no portefólio são a Knipex e a Wera, duas marcas que a Rolnorte começou a importar diretamente da Alemanha (sem exclusividade). Há previsão de adicionar mais marcas no detalhe automóvel, mas ainda não há nenhuma decisão concreta nesse sentido. De forma a tornar-se mais autossuficiente, a Rolnorte passou a fazer projetos de rede de ar comprimido e já está preparada para montar uma oficina “chave na mão, porque quando dependíamos dos outros, às vezes perdíamos o negócio, pois demorava um mês para vir montar, os técnicos estavam ocupados, e isso foi uma evolução para nós”, conta Cláudia Soares.
Experiência de pós-venda
Segundo Diogo Cavalheiro, a Rolnorte é conhecida “por toda a experiência que damos ao consumidor e pelo serviço pós-venda, pois acompanhamos todo o processo e temos assistência técnica”. Até porque, segundo a gerente, “é muito difícil conquistar o mercado, mas é muito fácil queimá-lo. Tentamos que isso não nos aconteça! Eu já só trabalho com empresas que não me deem problemas e com boa assistência”, refere, notando que com o online, chegaram muitos clientes amadores, “com muitas dúvidas que os profissionais não têm”, pelo que passa pelo objetivo da empresa vir a ter uma pessoa direcionada apenas para o online, na parte do call center.
A Rolnorte tem participado em eventos de confraternização com clientes e pondera participar na próxima edição da expoMECÂNICA. Os dois responsáveis têm notado um “crescimento exponencial” ao nível da procura de equipamentos e salientam a venda, só em 2024, de cerca de 200 carros de ferramentas. Olham para a eletrificação do parque automóvel como um desafio, mas garantem que estão preparados e até já se vão vendendo artigos para esta área.
Chegaram a iniciar um projeto para ter marca própria, mas consideram que, atualmente, “o caminho não passa por aí.
É diversificar a gama e ter uma panóplia grande de artigos”, afirma Cláudia Soares, com o filho a acrescentar que “todas as melhores marcas têm interesse em trabalhar connosco, já estamos num bom caminho”. No que diz respeito aos pagamentos, a gerente sublinha a necessidade de se ser rigorosa nas cobranças, para conseguir o essencial equilíbrio financeiro da empresa.
A Rolnorte tem sido distinguida como PME Líder há vários anos, tendo, em 2024, recuperado o título de PME Excelência.
Continuar a crescer
Cláudia Soares e Diogo Cavalheiro concordam que, cada vez mais, as oficinas se preocupam com a questão da imagem e do relacionamento com os clientes e admitem que … saiba a resposta dos dois administradores na edição impressa e online do Jornal das Oficinas nº221, aqui.