CLEPA e ACEA pedem revisão da estratégia verde da UE
Com metas consideradas irrealistas, as associações CLEPA e ACEA apelam a uma maior flexibilidade por parte da União Europeia para viabilizar a transição automóvel
A indústria automóvel europeia lançou um apelo à Comissão Europeia para rever a atual estratégia de transição energética, sublinhando que a União Europeia “corre o risco de falhar” na transformação do setor.
Numa carta conjunta dirigida à presidente Ursula von der Leyen, a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) e a Associação Europeia de Fornecedores Automóveis (CLEPA) defendem que a próxima revisão das normas de CO2 deve ser a oportunidade para “corrigir o rumo” e adotar uma abordagem mais realista.
Segundo os signatários, que representam construtores e fornecedores de componentes, a indústria já investiu mais de 250 mil milhões de euros em mobilidade elétrica até 2030. Ainda assim, enfrentam “condições desfavoráveis” como custos de energia elevados, forte dependência da Ásia no setor das baterias, tarifas penalizadoras em mercados externos e infraestruturas de carregamento insuficientes.
Os fabricantes defendem medidas que estimulem a procura, como redução dos custos de carregamento, subsídios à compra, benefícios fiscais e melhor acesso urbano para veículos de baixas emissões. A carta critica também a excessiva dependência de metas rígidas de CO2, defendendo que a estratégia deve incluir diferentes soluções tecnológicas: veículos elétricos a bateria, híbridos plug-in, motores de combustão de alta eficiência, hidrogénio e combustíveis neutros em carbono.
Outro dos pontos em destaque é a necessidade de rever rapidamente a regulamentação para veículos pesados, considerada essencial para viabilizar modelos de negócio sustentáveis neste setor.
As associações alertam ainda que sem políticas que reforcem a competitividade, a Europa arrisca “perder capacidade produtiva vital, conhecimento tecnológico e empregos qualificados”, enfraquecendo toda a cadeia de valor.
O debate ganha forma no Diálogo Estratégico sobre o Futuro da Indústria Automóvel, marcado para 12 de setembro em Bruxelas, visto como a “última oportunidade” para ajustar a política europeia às novas realidades industriais, económicas e geopolíticas.