Ex-CEO da Stellantis prevê que a China possa “engolir” a Europa

O ex-CEO da Stellantis, Carlos Tavares, alertou que os fabricantes chineses poderão dominar a indústria automóvel europeia dentro de uma década, num cenário em possam vir a ser vistos como os “salvadores” das marcas ocidentais em crise
“Há muitas janelas interessantes a abrir-se para os chineses”, começou por dizer Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, em entrevista ao Financial Times. “No dia em que um fabricante ocidental estiver em sérias dificuldades, com fábricas à beira do encerramento e manifestações nas ruas, um construtor chinês virá e dirá: “Eu fico com isso e mantenho os empregos” — e serão considerados salvadores”, exemplificou.
O ex-dirigente, que liderou a fusão entre a PSA e a Fiat Chrysler que deu origem à Stellantis, afirmou ainda que a empresa foi “estrategicamente criada para a globalização”, mas que o futuro depende agora das decisões do Conselho de Administração.
Durante a sua gestão, o responsável promoveu a aproximação à China, incluindo a aquisição de 20% da Leapmotor e a criação da joint venture Leapmotor International, controlada pela Stellantis e responsável pela exportação e produção dos veículos chineses fora do país asiático.
Questionado sobre essa parceria, o gestor foi direto: “Eles querem engolir-nos um dia”. Atualmente, as marcas chinesas já detêm 7,4% da quota de mercado europeia, um recorde alcançado em setembro deste ano.
Além de alertar para o avanço das marcas chinesas, o executivo voltou a apontar duras críticas às metas ambientais da União Europeia. Considera “estúpido” e um “desperdício” recuar na decisão de proibir motores de combustão até 2035, lembrando que, no final, ninguém vai responsabilizar a UE pelos 100 mil milhões investidos e que não foram utilizados.




