Os efeitos da Covid-19 refletem-se na exportação de componentes
Com o abrandamento da economia e a redução da procura, as vendas de automóveis estão em queda acentuada. Os grandes cortes na produção de automóveis, na União Europeia, obrigam os fornecedores a considerar mudanças drásticas.
Esta situação é o culminar de fortes pressões sobre as empresas em geral e, em particular, para as portuguesas, caracterizada por uma redução de encomendas.
Como consequência, perspetiva-se a curto prazo um severo impacto na atividade económica e das exportações de um dos setores que mais contribui para a economia nacional: 6% do PIB, 8% do emprego da indústria transformadora e 16% das exportações nacionais de bens transacionáveis.
As primeiras projeções da AFIA indicam quebras abruptas na atividade (50%) neste mês de março, mas em abril e maio a diminuição chegará aos 90%. Só a partir de novembro, a indústria portuguesa de componentes para automóveis começará a recuperar, sem, contudo, chegar aos números de 2019.
Para a totalidade do ano de 2020, é projetada uma descida de 30% no volume de negócios, o que se traduz, numa diminuição de 3,5 mil milhões de euros face aos valores registados no ano passado. Assim, para o ano de 2020, o volume de negócios ficará nos 8,5 mil milhões de euros, sendo que, no ano passado, o setor atingiu 12 mil milhões de euros.
Face ao exposto, às necessidades específicas e à importância estratégica desta indústria, a AFIA solicita ao Governo que sejam tomadas medidas urgentes, flexíveis e eficazes. A saber:
• Criação de uma linha de crédito específica para as empresas deste setor (o que não foi considerado, surpreendentemente, na apresentação de ontem efetuada pelo Governo, sobre as medidas económicas);
• Alteração do regime de lay-off, de modo a permitir o acesso imediato a este regime para as empresas que tenham tido uma quebra de faturação superior a 40% nos últimos 30 dias, mas medidos depois do final do período pedido para lay-off e comparando com a média mensal dos últimos dois meses anteriores a esse mesmo período, devendo resultar claro deste regime a possibilidade de lay-off parcial e, ainda, pela alteração do regime de férias de modo a permitir, desde já, a sua marcação;
• Criação de medidas de proteção dos postos de trabalho.
Estas medidas, permitirão às empresas não só atenuar esta crise, mas, também manter, a sua competitividade após este período, logo que se verifique a retoma gradual da economia.
As empresas estão disponíveis para dialogar com o Governo e encontrar modelos de desenvolvimento integrados, sob pena de redução drástica dos investimentos e encerramento de empresas ou unidades de produção, com consequências graves na economia e sociedade.