Cada trimestre de interrupção pode custar 700 mil milhões de euros ao comércio mundial

As medidas de contenção do novo coronavírus, como a obrigação de isolamento social e as restrições fronteiriças implementadas pela União Europeia e pelos EUA, podem custar cerca de 700 mil milhões de euros ao comércio mundial durante o primeiro trimestre de 2020, estima a Euler Hermes, acionista da COSEC e líder mundial em seguro de créditos.

O combate à pandemia de Covid-19 colocou a economia internacional em turbulência. O crescimento mundial que a Euler Hermes já esperava que desacelerasse ligeiramente (2,4%, contra os 2,5% registados em 2019), está, agora, estimado em 0,8%.

Na Europa, o cenário é de forte recessão. O PIB da Zona Euro, tal como o da Alemanha, a maior economia europeia, deverá registar uma contração de -1,8%. Em Itália, o país até agora mais afetado pela pandemia, o crescimento ficará nos -3,5%.

O dos EUA deverá ser de 0,5%. Isto considerando um mês de fortes medidas de contenção da propagação do coronavírus. Se as medidas se prolongarem por mais um mês, a fatura sobe. Na Europa, por exemplo, o impacto no PIB será de -4,4%. A Euler Hermes estima que cada mês de medidas de contenção tenha um impacto entre 20 e 30% no crescimento das economias.

Aumento das insolvências: 13 mil empresas em risco na Europa
Antes da pandemia de Covid-19, já se antecipava uma desaceleração económica internacional, mas em muito menor escala. O atual surto reforçou largamente esta tendência, uma vez que está a colocar as economias e as empresas sob pressão intensa. A análise da Euler Hermes aponta para um aumento de 14% das insolvências em todo o mundo durante o ano de 2020 (16% na Europa Ocidental).

A líder mundial em seguro de créditos estima que o volume de negócios das empresas da zona euro tenha uma quebra de entre -15% e -25% até ao pico da crise. As margens operacionais podem decrescer entre 1 e 1,5 pontos percentuais. Apesar das intervenções dos governos para apoiar empresas (adiamentos de impostos, empréstimos, garantias estatais), que deverão ajudar a limitar os danos, o atual contexto de bloqueio da economia poderá levar à falência cerca de 7% das PME e mid-caps da zona euro – cerca de 13 mil negócios.

10% do total de empresas estão em risco estão em França, perto de 9% na Alemanha, 8% na Bélgica, 6% em Espanha e 5% em Itália. As insolvências vão aumentar, principalmente, em Itália (18%), Espanha (17%) e Holanda (21%). Alemanha (7%), França (8%) e Bélgica (8%) também deverão registar um aumento maior de insolvências do que o previsto antes da pandemia. Os setores que correm maior risco são os da construção, setor agroalimentar e serviços.

1,5 milhões de empregos perdidos, mas recuperação no segundo semestre de 2020
Esta pausa na atividade económica coloca 65 milhões de empregos em risco ou a precisarem de apoio dos governos. Contudo, uma vez que, embora seja acentuada, esta crise económica é de natureza temporária, os economistas apontam para que a taxa de desemprego na zona euro aumente apenas um ponto percentual, para pouco mais de 8%.

Isto significa que poderá haver uma perda de até 1,5 milhões de postos de trabalho nos próximos 12 meses, particularmente os trabalhadores independentes ou com contratos temporários.

Assumindo que as medidas de contenção são bem sucedidas, espera-se uma recuperação em “U” da atividade económica no segundo semestre de 2020. Contudo, a recuperação rápida não se aplicará a todos os setores, especialmente aos do retalho e turismo, que têm uma evolução mais lenta.