“A MIDAS sempre se posicionou com visão no longo prazo”, Ricardo Simões, Midas

O Grupo Salvador Caetano é o novo master franchise da Midas em Portugal. Esta nova parceria abrirá a oportunidade para os clientes descobrirem o novo conceito Midas, em alinhamento com a estratégia internacional da marca, a qual coloca a experiência do cliente como vetor chave da sua atuação
Com esta alteração estratégica, a aposta passa por uma nova organização e com a oferta de novos serviços, suportados por uma forte capacidade implementação de soluções inovadoras já aplicadas em outros mercados internacionais. Em entrevista ao Jornal das Oficinas, Ricardo Simões, COO da Midas Portugal, começou por recordar as origens da marca:
“A Midas foi criada em 1956 nos Estados Unidos da América por Nate Sherman. A primeira oficina abriu nesse ano na cidade de Macon, no estado da Geórgia. Originalmente a principal atividade era a reparação e substituição do sistema de escape, daí o acrónimo Midas, que se refere a Muffler Installation Dealers’ Associated Service. O fundador viu a oportunidade no mercado de num só ponto de assistência disponibilizar os vários modelos de tubo de escape existentes e assegurar a sua substituição em apenas 30 minutos. Com o conceito de rapidez de serviço e sem marcação prévia, um ano depois, a MIDAS estava já a inaugurar o seu centésimo ponto de serviço. O conceito continuou a expandir-se no continente Americano e nos anos 70 arranca a primeira oficina Midas na Europa.
Atualmente existem cerca de 2.200 oficinas Midas em todo o mundo. O conceito evoluiu tal como o mercado, como os automóveis e as necessidades dos clientes, mas mantém a sua missão e que passa por cuidar do condutor de forma continuada e sustentável, oferecendo-lhe: proximidade, física e relacional, transparência, rapidez do serviço e garantia de qualidade.
Há quanto tempo a Midas está presente em Portugal e que balanço faz do desempenho da rede nos últimos anos?
A MIDAS está em Portugal desde 2001. Há, portanto, um longo caminho já feito e é uma marca conhecida pelo público português. Mais do que olharmos para o passado, em Portugal, o nosso foco está no desenvolvimento da marca no nosso mercado. Acreditamos no enorme potencial da Midas e que existe ainda grande margem para crescimento.
Porque o Grupo Salvador Caetano decidiu ser o novo master franchise da Midas em Portugal? Que objetivos propõe atingir com a representação exclusiva da Midas no nosso país?
O Grupo foi convidado pela MESA, Midas Europe and South America, que é a empresa responsável pela gestão da MIDAS na Europa, Africa e América do Sul, a analisar a possibilidade de ser o master franchise exclusivo da marca em Portugal. Aceitámos o convite, fizemos o nosso estudo do negócio e chegamos a acordo com a MESA para um caminho concreto a perseguir. Os objetivos passam por renovar a representação da marca, com foco em três áreas principais: a primeira, proximidade ao cliente, quer com oficinas fisicamente localizadas na área de conveniência dos clientes, mas principalmente na relação das equipas com quem nos visita. A segunda, passa por garantir níveis de qualidade de excelência no serviço prestado e nos equipamentos e produtos utilizados. A terceira, inovar nos serviços disponibilizados e na capacidade técnica fundamental para acompanhar a mutações do parque automóvel.
Para quando está prevista a abertura das novas oficinas Midas em Portugal?
A rede MIDAS em Portugal foi desativada no passado dia 26 de Outubro. Neste momento arrancamos com este projeto de relançamento sem ainda nenhuma oficina ativa. Contamos já este ano inaugurar algumas oficinas. Naturalmente, é necessária a construção rápida, mas precisa, de toda uma nova rede de oficinas MIDAS. Pretendemos ter 50 oficinas ativas até ao final de 2023 e a médio/longo prazo, porque entendemos que o mercado nacional justifica uma maior capilaridade e que o cliente valoriza a conveniência da maior proximidade, o número seguramente ultrapassará as 100 oficinas.
Foi anunciado que a marca pretende implementar uma nova estratégia. Quais os pilares essenciais em que assenta a nova estratégia da Midas em Portugal?
Definimos 6 vetores de ação estratégica: desde logo, a extensa cobertura do mercado com rápida implantação, passando pela abertura da rede a entidades que se queiram juntar ao projeto como franchisados. Depois, equipas customer centric, implicando um programa de formação, motivação e carreira robusto. Qualidade do serviço e know-how técnico, envolvendo novamente a área de formação mas também todo o backup das diversas estruturas técnicas do Grupo Salvador Caetano, da MESA e do Grupo Mobivia à rede MIDAS. Mobilidade, enriquecendo a jornada do cliente com recurso às inúmeras soluções do Grupo. Forte e eficiente investimento em comunicação e ainda integração da Midas no ecossistema de mobilidade Caetano GO, potenciando o negócio do Grupo e da MIDAS num contexto de fidelização e no sentido de nos mantermos sempre lado a lado com o Cliente, na sua vivência de mobilidade.
Como define o novo conceito Midas que pretendem implementar em Portugal?
Acreditamos, de facto, que a palavra chave é Pessoas: o cliente no foco da nossa atenção, as equipas de front-office diferenciadas para estar à altura da superação da expetativa do cliente e as equipas de back-office altamente alinhadas para tirar partido do know-how e capacidade inovadora das organizações que integram, a MESA, a Mobivia e Salvador Caetano. Isto fará a diferença adicional sobre o conceito base já ele muito sólido: proximidade, transparência, rapidez e garantia de qualidade.
Anunciam que a prioridade é a maior proximidade com o cliente. Na prática como se vai traduzir esta prioridade?
Penso já ter abordado alguns dos aspetos, mas posso resumir como: mais oficinas e com presença nacional ampla, proximidade pela digitalização no contacto com o cliente, pela introdução de novos serviços de conveniência que em dado momento iremos por em prática e inevitavelmente proximidade na vertente relacional, na preocupação pela missão que temos, cuidar do cliente agora que ele está na nossa oficina mas a pensar na continuidade que queremos neste relacionamento. A MIDAS, tal como Salvador Caetano, sempre se posicionou com visão no longo prazo, numa perspetiva de continuidade, a corrida não termina aos 100 metros.
Que tipo de experiência personalizada e individual pretendem transmitir aos vossos clientes?
Fazer a diferença na forma como acompanhamos o cliente, no relacionamento e em serviços altamente convenientes que lhe transmitam tranquilidade. O cliente pode deixar a chave connosco que nós tratamos de tudo.
Que serviços as oficinas Midas vão disponibilizar aos clientes?
Vamos disponibilizar a mecânica rápida automóvel multimarca e pneus, com ou sem agendamento, diagnósticos gratuitos, viaturas de cortesia, soluções de mobilidade, recolha e devolução da viatura, cacifos concierge, soluções de financiamento, horários alargados, revisão pré-IPO, entre outros.
Está previsto fazerem serviços mais prolongados, como reparação de motores, embraiagens e chapa e pintura?
Não faremos diretamente intervenções de chapa e pintura no entanto vamos garantir e disponibilizar uma solução para o cliente com recurso a outras unidades do Grupo. Reparações de motores e embraiagens não é o nosso core, estamos ainda a ultimar a abordagem.
Que formação está a ser dada aos recursos humanos da rede Midas, para porem em prática a nova estratégia que pretendem implementar?
Nesta fase estamos a trabalhar uma bolsa e scoring de potenciais colaboradores para integrar a rede. Também estamos a afinar o plano de formação.
A tecnologia automóvel não pára de evoluir. Como vão conseguir manter os colaboradores dos centros atualizados, relativamente à evolução tecnológica dos veículos?
É de facto um grande desafio e cada vez maior será. Estamos a montar um plano de formação robusto, apoiado no know-how e competências da MESA, do Grupo Mobivia, do Centro de Formação Salvador Caetano e naturalmente contamos também com a participação de vários parceiros de negócio.
As oficinas Midas vão estar equipadas com meios técnicos e humanos para dar assistência a veículos híbridos e elétricos?
Esse é um caminho que vamos ter de fazer e acreditamos que só pode ser conseguido com sucesso com o investimento, apoio e sinergias de estruturas fortes como a MESA e o Grupo Salvador Caetano. Por exemplo, em Espanha a MIDAS já tem ativas oficinas dedicadas quase em exclusivo a assistência de viatura elétricas e híbridas, nomeadamente em centros urbanos com limitações à circulação de viaturas com motores exclusivamente de combustão.
A limpeza e higienização de veículos é atualmente um serviço que tem de ser feito pelas oficinas. Como a Midas a realizar este serviço?
Este é um ponto fundamental, quer para a segurança dos clientes, quer para a segurança das nossas equipas. Teremos em prática um esquema de higienização quer no check-in, quer no check-out, recorrendo às soluções existentes no mercado que garantem maior eficácia. Para manter a atividade em segurança, quer para os colaboradores, quer para os clientes, seguiremos as recomendações das instituições oficiais em cada momento e introduziremos todas as medidas adicionais necessárias ou úteis para mitigar os riscos existentes.
Quais os fatores que mais estão a influenciar o negócio do pós-venda automóvel?
Eu diria que, depois de algumas décadas de melhorias incrementais na evolução do automóvel e na europa, muito centradas no motor diesel, na década em curso assistimos a uma introdução acelerada de nova tecnologia, não só ao nível dos motores, mas também ao nível do driver interface, onde a digitalização e a telemática, em muitos casos ligados à segurança mas também à conveniência a bordo, ocuparam um papel de relevo. Estes aspetos estão gradualmente a ganhar maior representatividade e é inevitável, já hoje, que os operadores de pós-venda se prepararem em termos de competências, parceiros de negócios e fornecedores.
O que podem fazer as oficinas automóvel para manterem a sua atividade sustentável durante este período de pandemia?
Esta é a pergunta para 1 milhão de euros. Nós, MIDAS, estaremos concentrados no crescimento de uma rede e, portanto, mais concentrados no espaço a conquistar e reforçar. Mas respondendo de forma mais direta à questão, é tempo de organizações lean: controlo de custos, melhoria de processos, digitalização, proximidade ao shop floor são áreas de intervenção que eu selecionaria. De um ponto de vista estratégico, pode ser um bom momento para considerar a adesão a uma marca e um conceito forte como a MIDAS que permita compensar alguma quebra de negócio e principalmente preparar o futuro.
Que novos modelos de negócio, poderão surgir para as oficinas neste novo aftermarket?
Penso que é inevitável desenvolver modelos de negócio colaborativos entre distribuidores de peças, oficinas aftermarket, distribuidores OEM e operadores na área da conectividade, análise de dados, hardware e software. O papel principal da oficina talvez deixe de ser o de mudar o óleo, atualizar o software, ou fazer o diagnóstico por exemplo, mas pode bem ser o de estar próximo do cliente e saber dar-lhe o melhor conselho, no momento certo, com um só ponto de contacto.
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