Formação online vs. presencial

02 - Formacao online vs presencial

A formação online vai ser cada vez mais preponderante, nomeadamente para desenvolver/aperfeiçoar conhecimentos teóricos e nos casos em que os formandos são profissionais com alguma experiência, mas dificilmente substituirá a presencial.

Há competências que só com a prática podem ser adquiridas e consolidadas. A formação online em Portugal tem evoluído bastante, até pela necessidade resultante da realidade que atravessamos, e que, face à necessidade de afastamento social, é a abordagem mais adequada para se aceder à formação. Ocorreu a “descoberta” por muitos profissionais e empresas desta alternativa de aprendizagem. No entanto, não será o futuro, mas fará parte do futuro, garantidamente numa percentagem superior àquela a que seria se não tivesse existido esta necessidade forçada pelos acontecimentos.

No futuro também se assistirá a uma melhoria da intervenção dos formadores e no desenvolvimento de recursos didáticos devidamente adaptados a esta modalidade de formação, uma vez que a exigência dos formandos tenderá a aumentar.

A formação online funciona como um excelente complemento para a formação na área automóvel, mas não em exclusivo, como defendem as várias entidades convidadas a participar neste trabalho. Consideram que a formação online vai ser um formato que vai ser utilizado no futuro, dependendo sempre do tipo de formação a ser desenvolvida, dos participantes e da exigência técnica e prática da formação necessária.

A formação presencial é essencial em aprendizagens iniciais e em novas tecnologias, na medida em permite não só trabalhar as competências técnicas, mas também as competências comportamentais a apresentar pelo formando no seu posto de trabalho. As softskills ajustadas às necessidades das oficinas e à evolução tecnológica são atualmente essenciais na formação de Mecatrónicos. Esta é uma área que precisa de formação prática, em que os formandos “coloquem a mão na massa”, e isso não é possível no formato 100% online.

Por experiência própria, forçada pela atual pandemia, o CEPRA pode constatar a resposta do mesmo grupo de formandos à formação à distância e à formação presencial. Assim, sem retirar os méritos relativos de cada uma destas modalidades, o que se constata é que a formação presencial, para além de ter um melhor acolhimento, é essencial para este tipo de profissão eminentemente prática. Claro que se estivermos a pensar em concessionários ou em contextos em que o trabalho está mais “regulado”, as modalidades de formação à distância ou até autoformação são essenciais e, muitas vezes, predominantes, mas em termos gerais, a formação presencial será sempre insubstituível.

Embora a formação online tenha sido fundamental nesta situação de pandemia que temos vivido, entendemos que a formação de jovens continuará a desenvolver-se presencialmente. Na formação dos jovens, as competências técnicas e práticas são muito importantes, mas também as soft Skills são fundamentais; e ambas dificilmente são desenvolvidas na formação online.

Isto não significa, contudo, que o futuro não passe pela utilização de novos métodos pedagógicas, com recurso a ferramentas como realidade aumentada, sistemas multimédia, etc.. Não obstante as vantagens do enriquecimento formativo que a sociedade da informação permite no presente, as várias entidades ligadas à formação automóvel consideram que o contacto e a relação direta entre o homem e a máquina, numa formação presencial, continuará a ser indiscutível para a formação integral de um mecânico de referência.

Para além disso, a componente de trabalho em equipa que se quer promover junto dos alunos fica prejudicada não existindo uma formação presencial, isto para não falar que a atividade letiva, que tem na sua essência a interação docente-aluno, fica fortemente limitada pelo ensino online. Por outro lado, as conveniências das atuais ferramentas de comunicação online permitem aligeirar muitos processos e tornar a comunicação mais expedita. Alienar a literacia acumulada por toda a comunidade académica no uso destas ferramentas seria um retrocesso.

O desafio que se coloca para o futuro é o de encontrar um equilíbrio entre as componentes online e presencial das diferentes formações. Se o futuro é já hoje, é nesta linha que se deve manter o ensino na área automóvel – procurar a inovação técnica, garantir o desenvolvimento científico, assegurando, assim, o crescimento humano e profissional desta geração.