“Importante é continuar a crescer de uma maneira sustentável e equilibrada”, Carlos Coelho, Phaarmpeças
A Phaarmpeças oferece um serviço de qualidade aos clientes através do atendimento e do serviço de entrega direta aos mesmos. Dispõe, há vários anos, de formação e apoio técnico para os profissionais do setor e inaugurou este ano novas instalações, com mais espaço para stock e mais conforto para os colaboradores, que o Jornal das Oficinas foi visitar
Mudar para novas instalações, teve a ver com as más condições que tínhamos no espaço onde estávamos. Com a dimensão que a empresa atingiu, queria um edifício amplo, onde fosse prático trabalhar. Agora, nota-se que o funcionamento é muito mais rápido do que era nas anteriores instalações. Só que andámos à procura de um local que fosse próximo da zona onde nos encontrávamos”, começa por nos explicar o diretor-geral, Carlos Coelho. Sem margem de crescimento na sede anterior, a decisão foi de passar para um novo pavilhão que tem “cerca de 2.000 metros quadrados e uma área global dos parques perto de 15.000”, refere, explicando que este novo local vai permitir acomodar “uns bons milhares de referências”.
Três lojas no distrito
A empresa, que começou apenas com o fundador como funcionário, numa garagem com 25 m2, há 28 anos, tem hoje 42 trabalhadores e amplas perspetivas de crescimento. A hipótese de abrir mais lojas, além das de Viseu, Oliveira de Frades e Tondela, “não está excluída, mas arranjar pessoal qualificado é um problema”, argumenta Carlos Coelho, que diz não ser “apologista de ir buscar pessoas a outras empresas, pelo menos enquanto for eu a mandar aqui, porque não gosto de fazer aos outros aquilo também não gosto que me façam a mim”. Por outro lado, prefere “formar pessoas dentro da nossa empresa, desde o início vão assimilando a nossa cultura, os hábitos, enquanto que, se for buscar outras pessoas às vezes nem sempre funciona bem”. Assim, o responsável diz não ver “necessidade de abrir novas lojas, porque tenho o distrito praticamente coberto e ainda chego a outros distritos aqui perto, mas o nosso foco está no nosso distrito. Não vale a pena andarmos a correr para muito longe se não tivermos bem feito o trabalho de casa primeiro”, considera.
Parcerias só se valer a pena
Questionado sobre se entende que existem vantagem em integrar um grupo de compras internacional, Carlos Coelho é muito claro: “há seis ou sete anos diria que não. Hoje digo «Nim», porque o mercado do nosso setor está em grande rebuliço, por assim dizer, grandes grupos estrangeiros a comprar empresas por cá e a juntarem-se. Fui contactado praticamente por todos os grupos que operam em Portugal entre 2022 e 2023, só que, neste momento, não há decisões tomadas”. A seu ver, “foram feitas adaptações a sistemas que existiam, por exemplo, em Espanha, mas depois há, dentro dos grupos, membros com objetivos diferentes e eu não consigo entender como é que se vive assim. Assim, se estiver de fora, faço aquilo que eu quero e escolho os parceiros que quero. Sempre fui adepto da formação e continuo a dizer que um grupo tem que ser bem desenhado e eu tenho que estar bem encaixado. E dessa forma não vejo ninguém, porque estes grupos estrangeiros querem arranjar parceiros para venderem mais, estão pouco preocupados com a parte da formação que, para mim, é muito importante. Portanto, prefiro ter mais despesas, mas ser eu a organizar as formações que os clientes necessitam” diz. Obviamente que algumas destas formações irão ser pagas, outras serão pagas e depois creditadas e, dependendo dos objetivos que os clientes possam ter connosco, sei que tenho uma despesa muito maior do que se estivesse inserido num grupo”. Carlos Coelho explica que tem “três ou quatro parceiros muito bons a nível nacional, temos crescido com cada um deles e eles também, vendo a nossa capacidade, têm-nos dado boas condições para podermos combater aqueles que importam diretamente, tenho essas condições, portanto não vale a pena querer ir para um grupo só para dizer que lá estou. Ou acho que vale a pena ou prefiro estar assim e ficar sozinho”, argumenta.
Marca própria no próximo ano
Na questão do portefólio e das marcas que comercializa, “não somos nós que vamos inventar nada, as casas que trabalham já com alguma dimensão e que primam pela qualidade, todas elas comercializam mais ou menos as mesmas marcas, eu trabalho desde há muitos anos com a TRW, sou parceiro há cerca de 20 anos ou mais, depois é com a Schaeffler e a Mann, e isto são marcas que somos obrigados a ter. Às vezes temos marcas alternativas, mas gosto de ter os melhores «emblemas» dentro de casa, porque não queremos ser conhecidos por vender material barato, porque isso, mais cedo ou mais tarde, vai trazer problemas”. Entre as que têm vindo a crescer, Carlos Coelho destaca a Bosch, que a Phaarmpeças tem vindo a trabalhar mais. “Não tínhamos praticamente nada da Bosch, porque não tínhamos condições ao comprar e, portanto, não fazia sentido, não tendo preço. E, tendo em conta que o mercado se está a encaminhar para determinadas marcas de carros com modelos elétricos, acredito que a Bosch será líder no que diz respeito a esse tema e, para mim, faz todo sentido apostar nesta marca”, nota Carlos Coelho. A Phaarmpeças já teve a sua marca própria, “com as baterias de uma marca que eu criei, mas com o volume que tínhamos na altura, chegámos à conclusão de que não justificava. Neste momento estou a pensar nisso e, se não for este ano, será no início do ano que vem. Já estamos a pensar no nome, no tipo de produto que podemos ter, mas, para já, ainda não tenho uma novidade para desvendar», acrescentou. «Também temos gamas mais baratas, mas somos muito seletivos em relação a elas. Depois até podemos trabalhar com uma marca de segunda linha, mas se temos algum tipo de família ou algum tipo de produto que dê, com alguma regularidade, problemas, eliminamo-lo logo do nosso portefólio», explica.
Entregas reajustadas
Já no que diz respeito à plataforma B2B, Carlos Coelho explica que têm a plataforma há dois anos, “mas, estrategicamente, achamos que ainda não é hora de estar na mão das oficinas. Se, com os catálogos de origem erramos, então acho que o número de devoluções iria aumentar dentro da empresa e a seção de devoluções dá-nos muito prejuízo”. No que concerne à logística, Carlos Coelho recorda os tempos em que, se fosse em Viseu, ia ele próprio entregar, “fosse o que fosse, um parafuso ou uma cabeça do motor. Nunca deixámos de ter o serviço em Viseu, mas temos vindo a reajustar a maneira como fazemos entregas. Temos as coisas mais ou menos organizadas, a ponto de não repetirmos tantas vezes os mesmos sítios em pouco tempo. Dentro da cidade entregamos o material no mais curto espaço de tempo possível, ao passo que fora de Viseu, temos duas entregas, com cinco viaturas a fazer essa distribuição, num total de 12 carros”.
Vendas a bom ritmo
Este ano, de acordo com Carlos Coelho, será positivo em termos de vendas, depois de vários anos “a crescer bastante, vamos acabar 2024 com um crescimento acima dos dois dígitos em relação ao ano passado. Não se pode querer mais. Tem sido muito bom”. O projeto a realizar a curto prazo na empresa é a construção do centro de formação. Depois, a ideia será dar utilização ao amplo espaço disponível nas novas instalações: “amanhã posso ter outro tipo de negócio, ou aumentar a linha de produtos, ou até ter produtos que eu nunca pensei ter cá, que agora já começo a pensar até porque já tenho espaço, logo se vê”, conta o diretor-geral. O mais importante, sublinha, “é continuar a crescer de uma maneira sustentável e equilibrada, porque eu tenho uma equipa, a que chamo muitas vezes de superequipa, com alguns membros que estão sempre a espicaçar-me. E eu adoro o que faço, apesar das dores de cabeça que às vezes tenho, e também não quero estagnar. Já diz o ditado, «parar é morrer», e eu não estou para aí virado! Não é querer ser dono de tudo ou querer dominar tudo, mas sim poder crescer e acrescentar, para não sermos só mais uma casa de peças. Aliás, acho que já somos uma casa de referência da nossa região e, fazendo aqui uma analogia com uma grande superfície comercial, queremos ser o supermercado das peças”, remata.
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