Menos resíduos na reparação: Oficina mais sustentável!

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A regra dos três R para a sustentabilidade ambiental, para além de reutilizar e reciclar, passa por reduzir. A reparação de peças (em vez da substituição destas) é uma das principais medidas preventivas quanto à produção de resíduos das oficinas de veículos. Os principais intervenientes no mercado pós-venda devem ter o conceito de reparabilidade entre os seus objetivos estratégicos

A sustentabilidade passa por reduzir ao mínimo os efeitos negativos da produção e gestão de resíduos. Passa também por seguir os princípios da economia circular, o que implica fazer uma utilização eficiente dos recursos. Para isso, baseamo-nos no princípio da hierarquia de resíduos. A prioridade estabelecida por esta norma é a de se tomarem as medidas necessárias para reduzir a produção dos mesmos e reutilizar os que se puder, por oposição a outras ações possíveis, como a reciclagem, a valorização ou a eliminação de resíduos. Crescer economicamente não significa necessariamente aumentar os resíduos enviados para o ambiente, com o consequente impacto que isso terá.

Resíduos gerados
A maior parte da quantidade de resíduos produzidos nas oficinas de reparação de carroçarias e pintura resulta da substituição de peças exteriores. Portas, capots, para-choques ou faróis, são exemplos das que sofrem danos com maior frequência. Para substituir estas peças, estima-se que são produzidos em média 2,2 kg de resíduos metálicos e 1,3 kg de resíduos plásticos por cada veículo que entra nas oficinas de chapa e pintura. Por isto, a reparação de peças danificadas em vez da sua substituição parece ser uma das melhores medidas para evitar não só reciclar as mesmas, mas também o gasto energético e em materiais do respetivo fabrico. Para atingir estes objetivos, analisemos que fatores técnicos e económicos condicionam a opção de reparar uma peça em vez de a substituir. A reparação deve restituir totalmente a funcionalidade original da peça. Isto não significa apenas restaurar a sua forma ou aparência original. A sua utilização também deve ser assegurada. Também há que ter em conta que a maioria dos componentes do veículo foram concebidos para reagir de uma determinada forma em caso de acidente. Por outro lado, a reparação deve ser economicamente mais interessante do que a substituição. A soma dos custos de tempo dos técnicos, da energia e dos produtos e consumíveis (os recursos utilizados para a atividade) deve ser inferior ao que custaria trocar a peça.

Melhores técnicas
Técnicas de reparação especializadas, a formação adequada dos profissionais e um melhor nível de equipamento aumentarão a capacidade de reparar danos mais graves. Assim serão superados os limites mencionados, com eficácia e eficiência. Tomemos, como exemplo, as técnicas de reparação por tração de danos em chapa. Atualmente, o mercado disponibiliza uma grande diversidade de ferramentas e equipamento semiautomático para corrigir danos em zonas com difícil configuração. Desvantagem? O tempo, que aumenta, e os materiais de pintura necessários para obter um bom acabamento após a aplicação desta técnica. No entanto, isto é compensado pela diminuição do tempo necessário na desmontagem e montagem de acessórios. Se o conceito de reparabilidade já for considerado na fase de conceção do veículo, haverá melhores condições para reduzir posteriormente os resíduos produzidos no mercado pós-venda. Neste sentido, a configuração da peça e, especialmente, o tipo de material ou a liga utilizada para o seu fabrico, podem facilitar a sua reparação.

Quando falamos dos plásticos autorreparáveis, temos um exemplo claro de materiais capazes de manter as suas propriedades com mecanismos que lhes permitem autorreparar-se, desde que se trate de pequenas fissuras ou de desgaste pela utilização. Ou, simplesmente, de reduzir o tempo de reparação. Outro exemplo: se o fabricante disponibiliza uma vista mais ampla da peça de substituição nos componentes do veículo, é possível reduzir os resíduos produzidos. A razão para tal é que facilita a substituição de peças mais pequenas ou a substituição apenas dos elementos que não possam ser reparados. Mantém-se aqueles que não são afetados e os que são reparáveis. É este o caso dos faróis. Algumas marcas de veículos já fornecem uma vista 3D completa, que inclui os componentes eletrónicos, evitando assim a necessidade de substituir todo o conjunto em caso de quebra de um componente.

Poderá ler também este artigo na edição impressa do Jornal das Oficinas de outubro/novembro, aqui.