“Também há vida fora do mundo consolidado”
O advento dos automóveis elétricos trará alterações substanciais à forma como o mercado de pós-venda opera. O foco do trabalho, os investimentos e a velocidade a que tudo irá acontecer trazem incertezas, mas há já quem não tenha receio destas mudanças: “O automóvel mudou significativamente nos últimos anos, mas esquecemo-nos disso. O veículo elétrico será mais uma mudança e nós, no mercado de pós-venda, vamos adaptar-nos”
“As oficinas devem continuar a investir na formação, que é a chave do negócio, não só no veículo elétrico. A velocidade da mudança é desconhecida, mas será, sem dúvida, mais rápida do que nos anos anteriores”, garante Hugo Tavares, diretor geral da Alliance Automotive Group (AAG) Portugal, que diz que com o advento dos veículos elétricos, “haverá peças que desaparecerão e peças que se tornarão mais proeminentes. Sempre foi assim”. A incorporação das peças remanufaturadas no negócio de muitos distribuidores na Europa “é uma mudança inevitável” e, por outro lado, a chegada ao mercado de fabricantes multimarcas com qualidade comprovada e preços muito competitivos, bem como das grandes marcas próprias já é uma realidade de mercado nos EUA e “as marcas premium já sabem como conviver com esta estrutura de mercado diferente. Não é um desafio, é uma adaptação do que já sabem fora da Europa”, diz-nos o diretor-geral.
Para Hugo Tavares, no que toca ao futuro da distribuição, “a consolidação já é um facto. Mas também há vida fora do mundo consolidado. Os pequenos e os muito grandes distribuidores coexistirão”, considera, acreditando que as encomendas aos fornecedores serão diferentes no futuro: “a redução do stock vertical e a maior rapidez de reabastecimento são já uma realidade em muitos países. Encomendas mais pequenas, heterogéneas em termos de marcas e produtos, etc.”.
No que diz respeito ao desafio da descarbonização dos transportes, previsto para 2050, este responsável observa que para se adaptar, um distribuidor deve “estar presente na frente do processo, antecipando o futuro. Essa pode ser a chave”, estima. Entre as tecnologias disponíveis, surge a impressão 3D que já é possível em certos tipos de peças e que, a seu ver, “ajudarão os fabricantes a melhorar a disponibilidade sem aumentar os custos e a alavancagem financeira” e a Inteligência Artificial, que “irá inevitavelmente aparecer em todos os processos”.
Questionado relativamente às perspetivas e projetos que a Alliance Automotive Group (AAG) Portugal tem para o futuro e como espera que o setor do aftermarket evolua nos próximos anos, Hugo Tavares afirma que a empresa “está na vanguarda do processo de mudança e estamos a trabalhar para que toda a cadeia se adapte da forma mais eficiente possível a estas mudanças. Ao mesmo tempo, colocamos o cliente no centro da cadeia de valor para tomar decisões que sejam coerentes com as necessidades reais do momento”, remata.
Poderá também ler este artigo na edição da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.