“A repintura é uma arte”, EVA Transportes

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Num setor cada vez mais marcado pela escassez de mão de obra, a repintura automóvel encontra em jovens como Lea Raya, a esperança de renovação. O JO foi conhecer as instalações da oficina de pesados da EVA Transportes, no Algarve, para ficar a conhecer melhor a sua história

Já não é novidade que o setor de repintura atravessa momentos conturbados na procura de mão de obra qualificada. Aos poucos, algumas empresas têm vindo a investir em iniciativas para atrair jovens talentos e promover oportunidades de futuro, com vista a fortalecer o setor. Um exemplo disso é a EVA Transportes, do Grupo Barraqueiro, que recebeu recentemente uma nova promessa na área: Lea Raya, uma jovem de 22 anos que, com determinação e curiosidade, está a começar a traçar o seu caminho como pintora automóvel.

Desafiar as barreiras de género
Tradicionalmente associada ao universo masculino, a profissão começa agora a ser também reconhecida pelas mulheres. Natural de França e residente em Portugal há quase uma década, Lea descobriu a sua paixão por esta área ao observar o trabalho feito pelos colegas numa oficina de colisão, onde trabalhava como lavadora de automóveis. “É um processo admirável. É mais do que uma profissão; acho que a repintura é uma arte”, explicou Lea. Ao chegar, foi imediatamente acolhida pelos colegas, que a viram como um contributo valioso para fortalecer a equipa. “Fui muito bem recebida, dou-me bem com toda a gente e tenho-me sentido apoiada desde o primeiro dia”, confidenciou.

O chefe da oficina, Rui Horta, destacou o empenho da sua nova discípula. “Ela anda sempre com um caderno atrás onde anota tudo. Tem muita vontade de aprender, faz muitas questões, é uma pessoa curiosa e interessada. Já está muito à vontade, parece que já faz isto há anos”, referiu. O Grupo Barraqueiro, maior operador de mobilidade do país, foi dos primeiros a criar oportunidades para que as mulheres pudessem trabalhar no setor dos transportes, segundo nos contou Rui Horta. “Houve uma aceitação muito grande aqui no Algarve, para além de se ter pago a carta de condução para transportes públicos, foi garantindo o trabalho a muitas mulheres”, revelou.

Tecnologia e sustentabilidade
A empresa de transportes aposta na modernização das suas infraestruturas e processos. A oficina de pesados, situada em Faro, é uma das mais bem equipadas do grupo, com uma cabine de pintura capaz de acomodar um autocarro inteiro, com instrumentos de última geração para leitura de cores, e softwares como o Phoenix, que permitem melhorar a eficiência do trabalho. O seu sistema de gestão de stock permite rastrear cada grama de tinta ou filtro usado, garantindo um registo e análise rigoroso dos materiais utilizados. Um processo que não só reduz desperdícios e otimiza custos, como garante que a oficina funcione de forma sustentável e sem margem para erros. Outro destaque da EVA Transportes é o investimento no processo de preparação antes da pintura. Desde o uso de tintas à base de água até ao primário ajustado à cor, cada detalhe é seguido à risca. “Se a preparação for bem feita, o consumo de tinta é reduzido e os resultados serão, consequentemente, melhores”, sublinhou. Todos os anos é feito um relatório de consumo detalhado sobre as tintas, cujo stock é avaliado em cerca de 19 mil euros. Esta abordagem permite alinhar os processos operacionais com os objetivos de sustentabilidade e eficiência da empresa.

Todo o material de repintura é fornecido pela ASB – Álvaro de Sousa Borrego, designadamente as tintas da Spies Hecker. “É uma longa e saudável parceria, que nos oferece o conforto e confiança de utilizar uma marca de referência pela sua elevada qualidade e inovação sem rival”, refere Rui Horta. Uma das grandes preocupações que a ASB tem é fornecer as ferramentas essenciais para que a oficina tenha a maior rentabilidade nos trabalhos de repintura, assim como ações de formação que mantêm os pintores sempre atualizados relativamente aos novos produtos e tecnologias.

Uma oficina ao serviço do futuro

Leia o artigo completo na edição impressa do Jornal das Oficinas de dezembro 2024/janeiro 2025, aqui.