ANECRA debate futuro do pós-venda automóvel
O 18.º Encontro Nacional da Reparação Automóvel, organizado pela ANECRA, realizou-se hoje em Espinho, reunindo cerca de 200 profissionais do setor para debater os desafios e oportunidades do mercado do pós-venda. Entre os temas em destaque estiveram a mobilidade sustentável, a digitalização e a escassez de mão de obra
A sessão de abertura contou com o tradicional discurso de boas-vindas de Alexandre Ferreira, presidente da direção da ANECRA, seguido de uma intervenção de Roberto Gaspar, secretário-geral da associação, que sublinhou a importância de eventos como este. “Com oradores de referência e temas relevantes, conseguimos debater os desafios do futuro”, afirmou.
A manhã prosseguiu com a intervenção de Alfredo Amaral, CEO da OKIS360, que abordou as oportunidades e desafios do setor perante as transformações atuais. “O pensamento em termos de futuro deverá estar focado na oferta de manutenção automóvel adaptada e preventiva, garantia de reparação, oferta de serviços de diagnóstico e a promoção de peças recicladas”, destacou.
Desafios do “ontem, hoje e amanhã” no mercado das peças
Um dos momentos-chave do evento foi o painel “Os Novos Desafios do Mercado das Peças”, moderado por Paulo Silveira, Founder & Partner da OKIS360.
Os oradores Miguel Melo (M.COUTINHO), Nuno W. Reis (RedeInnov), Luís Sousa Vieira (B-Parts), Rui Marques (Auto Marques) e Vítor Pereira (ANCAV) debateram questões essenciais como a rentabilidade das oficinas, a distribuição de peças, o impacto do e-commerce e a ascensão das “peças verdes” no mercado.
Miguel Melo destacou que “nos últimos anos, o setor tem passado por várias transformações, levando a uma maior profissionalização. A digitalização tem sido o fator mais disruptivo, com a IA a ganhar destaque. Nós, a MCoutinho Peças/AZ Auto temos evoluído constantemente nesta área”.
Nuno Reis, managing director da RedeInnov, também reforçou essa ideia: “As oficinas profissionalizaram-se muito nos últimos anos em termos de comunicação digital, o que lhes conferiu maior dimensão e competitividade. Esta tem sido, sem dúvida, a maior transformação do setor”.
Certificação “Peça Verde” – Um compromisso com a sustentabilidade
A ANCAV lançou há cerca de um ano a certificação “Peça Verde”, um selo que visa diferenciar os centros de abate através de critérios técnicos e ambientais. Vítor Pereira, presidente da ANCAV, partilhou que “o nosso próximo passo é expandir parcerias para além dos centros de abate”.
Rui Marques, CEO da Auto Marques, acrescentou: “As peças verdes estão a ganhar espaço no mercado e, muitas vezes, apresentam qualidade superior às alternativas de origem duvidosa”.
Onde andam os profissionais especializados?
A escassez de mão de obra especializada foi outro tema em debate. Pedro Barros, CEO da Tips4y, apresentou três soluções: “Tornar o setor mais atrativo, oferecer melhores condições salariais e garantir um bom ambiente de trabalho”. Segundo o responsável, a liderança é crucial: “Temos de saber contratar pessoas melhores do que nós e dar-lhes um papel significativo na empresa”.
Artur Teixeira, CEO do Grupo YESCAR, defendeu que “temos de ser criativos”, alertando para a necessidade de mudar a terminologia das profissões: “As escolas não estão a saber cativar os jovens”. Além disso, destacou a importância da internacionalização da mão de obra: “Há 15 anos, tinha apenas portugueses na equipa. Hoje, tenho colombianos, venezuelanos, brasileiros e africanos. A diversidade cresceu”.
Carlos Jesus, CEO da EVolution, reforçou a necessidade de novos projetos para atrair talento: “Não chamamos apenas mecânicos aos nossos colaboradores, mas sim especialistas. Esta mensagem é importante”.
João Cruz, CEO da MOTORTUBE, concluiu: “Temos de valorizar a nossa profissão. Todas as áreas são necessárias, principalmente no nosso setor. É essencial criar essa atratividade dentro das empresas, das famílias, nas redes sociais e nas escolas”.
Assista aqui à conversa que o Jornal das Oficinas teve com Roberto Gaspar, secretário-geral da ANECRA.