“A caminho da ternura dos 40!”, Pedro de Jesus, Cometil
Prestes a celebrar o 40.º aniversário, a Cometil está mais dinâmica do que nunca. A empresa, que distribui equipamentos oficinais, registou um recorde de faturação em 2023 e prepara-se para mais um ano de crescimento, depois de um arranque auspicioso neste primeiro trimestre
A Cometil nasce em 1985, em Loures, às mãos de Pedro de Jesus, pai do atual administrador, com o mesmo nome. Nessa altura, depois de onze anos a trabalhar numa empresa de equipamentos que estava a entrar em declínio, o responsável – já quase sexagenário – decidiu entrar no negócio dos equipamentos oficinais para fazer face à lacuna que se afigurava no horizonte. O filho, conta-nos, acompanhou-o “desde o primeiro dia. Eu sempre gostei de carros e quando não havia escola, gostava era de andar nas oficinas. Éramos nós os três: a minha mãe a atender o telefone, na parte administrativa, ele na parte operativa e eu era o ajudante”, recorda, com um brilho no olhar que não esconde o saudosismo de tempos que já não voltam.
Hunter: parceiros de sempre
Desde logo, as bases da Cometil ficaram intrinsecamente ligadas à marca norte-americana Hunter. “Ainda em 1985, a Hunter soube que o meu pai tinha feito uma empresa e convidou-o para tomar conta da marca em Portugal, visto que o antigo importador já tinha alguns problemas. Foi o início da Cometil «agarrada» à Hunter, que foi e continua a ser a nossa marca fulcral”, explica. A empresa nasceu com um perfil técnico, dedicado à formação e à assistência técnica, de onde surgiu o slogan «Com boa assistência e formação, as vendas acontecem». A evolução da casa trouxe novas gamas de produtos e várias outras marcas, entre as quais a Omer, Blitz/Rotary, Cemb, Butler, Waeco, Hazet/Vigor, Gutmann, AHS, DEA, Schrader Pacific ou a Romess, numa escolha variada que Pedro de Jesus define como “produtos premium, não só devido à qualidade, robustez e fiabilidade, mas também porque aportam ao cliente a capacidade de desenvolver a sua atividade comercial”.
Hoje, em Portugal, a equipa engloba 33 colaboradores, entre a sede, em Loures, e a filial, em Santo Tirso. Desde há dez anos, existe também a Cometil Espanha, com sede em Barcelona, onde trabalham outras vinte pessoas. Ainda que sejam duas empresas distintas, partilham a génese e a parceria com a Hunter, que tem estado sempre no centro do seu desenvolvimento. “A Hunter veio ter connosco, pois o importador de Espanha começou a entrar em declínio e eles averiguaram o mercado e não encontraram uma solução para distribuidor. Então, lembraram-se de nós, que somos vizinhos e fazemos um bom trabalho há tantos anos, e questionaram-nos se estaríamos disponíveis para o projeto. Assim, formámos a Cometil Espanha em 2014 e começamos com a distribuição do mercado espanhol. Este ano um dos projetos que temos é abrir uma filial em Madrid, com um centro de formação, à semelhança do que temos aqui, e exposição, assim como em Santo Tirso e Barcelona”, diz-nos o responsável. A Cometil Portugal não vende para Espanha e vice-versa, “cada um distribui autonomamente as marcas. Espanha também começou com a Hunter, mas rapidamente os outros fabricantes das outras marcas quiseram que nós estivéssemos em Espanha com eles e hoje o catálogo é quase igual”.
Dois mercados diferentes
Para Pedro de Jesus, os mercados português e espanhol têm caraterísticas diferentes, apesar de semelhantes, e assume que a experiência em Portugal permitiu crescer muito mais depressa em Espanha. “Somos portugueses, conhecemos bem a nossa população e acompanhamos a evolução de tudo, do setor automóvel, das pessoas em si e das oficinas. Estes dez anos em Espanha não posso dizer que tenham sido fáceis, porque não foram. Em Portugal foi uma evolução com mais tempo, antigamente tudo era num ritmo mais lento e agora tudo tem que ser imediato, não se muda mentalidades de um momento para o outro”, afirma. Se, em Portugal, defende, o cliente tem “um bocadinho mais de brio, de querer fazer bem, de querer mostrar que tem o que é bom… em Espanha já não é assim. Eles são mais práticos, olham mais para a margem, são menos exigentes. E os que exigem mais são os nossos clientes. O nosso equipamento é premium, é caro, portanto, tem que se valorizar. Está a ser um desafio!”, assinala.
Formar e dar assistência
Até a forma de trabalhar difere entre os dois países ibéricos. No que diz respeito à assistência técnica, em Espanha “é normal o cliente esperar uma semana!”, espanta-se Pedro de Jesus, dizendo que do lado de lá da fronteira, “uma urgência são 72 horas… e nós sempre tivemos 24 horas desde o primeiro dia, há 40 anos. E o cliente hoje acha que é banal. Percebo que em Espanha cumprir as 24 horas seja difícil em certos sítios, mas já estamos a conseguir na maioria dos casos”. Já na formação, a forma encontrada para cobrir todo o país foi através da criação de “um veículo-escola móvel, de matrícula portuguesa, que anda lá e cá, para que possamos ter uma escola ambulante em várias terras. É que vender uma máquina e explicar como se opera, todos fazem, mas explicar como é que o automóvel funciona e como é possível tirar partido do equipamento e ganhar dinheiro com ele, é aí que a formação tem valor!”, considera Pedro de Jesus, que salienta que “o nosso equipamento tem de ser mostrado, pois se chegarmos com um catálogo, e temos o nosso que custa 30, e há outro que custa 10, temos de explicar porquê. Tem de haver bons argumentos para se explicar e se vender. O veículo-escola serve para mostrar a um cliente indeciso que queira comprar e serve para formação. Temos várias formações sempre agendadas em vários pontos, com parte teórica e prática”, adianta.
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