As empresas são as pessoas!
O aftermarket tem crescido em Portugal nos últimos anos e as oficinas têm sido as principais beneficiadas com o bom momento que o mercado vive. Os distribuidores investem em estruturas logísticas modernas para conseguirem satisfazer de forma mais rápida e eficiente os pedidos das oficinas e a digitalização ajuda a tornar todo o processo mais simples e acima de tudo, mais rentável
O aftermarket demonstrou em 2024 um comportamento distinto face ao negócio de veículos novos, já que manteve a sua atividade suportada maioritariamente nas viaturas usadas, cuja idade média continua a aumentar, sendo atualmente mais de 14 anos para veículos ligeiros, ou seja, dos veículos que circulam nas nossas estradas e que realizam algum tipo de manutenção. Esta situação beneficia principalmente as oficinas independente que trabalham mais com este tipo de parque circulante.
Perante este cenário, o mercado está numa autêntica revolução, onde o reforço da especialização das oficinas é um passo essencial para assegurar um futuro mais positivo. Por isso, a aposta na tecnologia de ponta assume uma importância vital para todas as empresas que prestam este tipo de serviços. O mercado das peças aftermarket será também influenciado pelo crescimento das peças reutilizáveis, que muitos fabricantes de peças já comercializam. A digitalização é uma janela de novas oportunidades para este mercado, começando pela simplificação dos processos e pela aproximação do negócio ao consumidor.
O setor automóvel necessita de tecnologia de suporte, o fornecimento de peças exige infraestrutura de gestão logística eficaz e eficiente, a oficina necessita de processos otimizados e sem falhas. Possuir soluções integradas e automatizadas de gestão da oficina que conduzam a uma simplificação de processos, com acesso à informação em tempo real, que personalizem e criem eficiência no contacto com o cliente é fundamental. Mas para que todo o processo funcione são necessários recursos humanos qualificados, e aqui está um dos principais problemas e desafios que o setor tem de enfrentar e solucionar com urgência. Muitos dos que estão a trabalhar têm condições menos boas e os melhores estão muito bem pagos, em alguns casos ganham mais que um engenheiro em início de carreira. O setor aqui tem que mudar o “chip” e dar melhores condições e contratos, pois se uma pessoa não tem boas condições e/ou um contrato aceitável, irá certamente procurar noutra profissão. Em Portugal, a experiência e o conhecimento não são valorizados e muitas chefias têm medo de colocar pessoas válidas. Com esta mentalidade a evolução será mais lenta.
A maioria das oficinas independentes em Portugal são micro-empresas com apenas três ou quatro empregados, e só conseguirão sobreviver se se adaptarem à nova realidade que já circula nas nossas estradas. Devem começar pelos cursos dos carros híbridos e depois para os 100% elétricos (BEV), comprar equipamento para estes novos veículos, criar uma página web que funcione como uma plataforma entre o cliente e a oficina, visto cada vez mais as marcações de reparações serem feitas online. Uma oficina moderna deve estar integrada numa rede, dispor de uma oferta de serviços 360o e um leque muito mais abrangente de soluções para o cliente final.
Para tudo isto ser possível, para além de muita disponibilidade financeira, ter a melhor equipa é fundamental. As empresas foram, são e serão sempre as pessoas, com capacidade para formar uma equipa qualificada, competente e profissional. É importante lembrar que um funcionário bem pago, com prémios, com bom ambiente de trabalho, com contrato e uma boa liderança muito dificilmente muda de empresa.