“A Logística é o fator de maior perigo na sustentabilidade”, Hélder Pereira, Mann-Hummel
O fabricante de filtros Mann-Hummel regista um crescimento constante das famílias de produto de Veículos Pesados desde a pandemia e o diretor comercial IAM Portugal explica que “a aposta do grupo Mann-Hummel na Indústria (mercado agrícola, floresta, portos marítimos e maquinaria de obra pública) são os mercados com maior crescimento em termos de TO”.
O responsável acredita que a estabilidade que o mercado atravessa se deve “às boas práticas e preparação das empresas na sua própria sustentabilidade económica. Assistimos a uma maior preocupação nos custos logísticos, gestão de stocks e cobranças. Só fatores como estes controlados podem permitir gerir períodos de crise como as que assistimos”.
Para Hélder Pereira, “qualquer negócio é uma aprendizagem contínua e exige uma adequação a novas práticas que se impõem, quer seja por normas legislativas, quer seja por necessidades dos clientes que obriguem a mudanças e maior proximidade às necessidades dos clientes. A rentabilidade do negócio é o objetivo final e assim sendo a busca de novas metodologias para atingir esse propósito será sempre o caminho a percorrer”. Para o diretor comercial, “a logística é o fator de maior perigo na sustentabilidade das empresas, uma vez que é um custo volátil, dependendo da performance comercial de cada uma, mais vendas significam mais entregas e mais entregas mais custos. O fator chave é encontrar nesta relação venda/entrega/custo o ponto de equilíbrio para que os custos logísticos não absorvam as margens, uma vez que a margem sobre a venda, essa é fixa”, comenta. A seu ver, será a sustentabilidade ambiental que irá “alterar este paradigma das entregas, pois já assistimos a países do Norte da Europa a restringir as entregas devido à pegada ambiental e de carbono, com a necessidade de diminuição de entregas para diminuir as emissões de CO2”, alerta.
Relativamente à tendência de concentração do modelo de negócio, Hélder Pereira nota que tal levará a “negociações com fornecedores, à procura de melhores condições de compra. Sobre a venda, também irá trazer alterações com modelos de comercialização, redes de venda, redes oficinais, programas de fidelização… tudo isto será fator diferenciador que cada novo distribuidor/grupo irá procurar para atrair os clientes”, defende. Por outro lado, as novas formas de mobilidade não preocupam o responsável, que considera que mesmo que o parque automóvel em Portugal registe vendas com crescimentos “de 100% em veículos BEV (Battery Electric Vehicle) e PHEV (Plug-In Hybrid Electric Vehicle), a quota de mercado destes não passa de 2% a 3%, pelo que o mercado deverá procurar adequar o seu negócio a esta nova tendência, mas será ainda um processo mais moroso em Portugal que em países do norte da Europa”, prevê.
No caso do grupo Mann-Hummel a área da eletrificação é já uma realidade e prova disso foi a recente aposta na Fábrica de Saragoça com um investimento de mais de 7.000.000 € em novas linhas de produção para veículos elétricos. Esta é atualmente a única fábrica do grupo na Europa que desenha e fabrica unidades de refrigeração para as baterias destes veículos. Ainda assim, salienta o diretor Comercial IAM Portugal, mesmo que as mudanças de paradigma já sejam uma realidade, “o negócio «tradicional» continua a ser a base do negócio e é nesse que todos os dias os clientes se debruçam. Pensamos o futuro, mas vivemos o presente!”, conclui.