Cometil: 40 anos a dar o exemplo
A Cometil é distribuidora de equipamentos oficinais há mais de quarenta anos. Foi fundada em Loures, em 1985, por Pedro de Jesus, pai do atual administrador, com o mesmo nome. O filho acompanhou-o desde sempre: “Éramos nós os três: a minha mãe a atender o telefone, na parte administrativa, ele na parte operativa e eu era o ajudante”, recorda o agora responsável. Hoje, volvidas quatro décadas, a Cometil está mais dinâmica do que nunca. É parceira da Hunter desde o início, possui várias outras marcas premium e ainda a marca própria CAN
Hunter: parceiros de sempre
As bases da Cometil estão intrinsecamente ligadas à marca norte-americana Hunter. “Ainda em 1985, a Hunter soube que o meu pai tinha feito uma empresa e convidou-o para tomar conta da marca em Portugal. Foi o início da Cometil «agarrada» à Hunter, que foi e continua a ser a nossa marca fulcral”, explica. A empresa nasceu com um perfil técnico, dedicado à formação e à assistência técnica, de onde surgiu o slogan «Com boa assistência e formação, as vendas acontecem». A evolução da casa trouxe novas gamas de produtos e várias outras marcas, entre as quais a Omer, Blitz/Rotary, Cemb, Butler, Waeco, Hazet/Vigor, Gutmann, AHS, DEA, Schrader Pacific ou a Romess, numa escolha variada que Pedro de Jesus define como “produtos premium, não só devido à qualidade, robustez e fiabilidade, mas também porque aportam ao cliente a capacidade de desenvolver a sua atividade comercial”.
A gama é alargada, porém a Cometil continua recetiva a novas marcas, “se houver bons produtos”, diz-nos Pedro de Jesus, que comenta que são os próprios fabricantes a aumentar as gamas de produtos. “A Hunter, quando começou, era equipamentos de alinhamento de direções e hoje tem máquinas de equilibrar, desmontar, niveladores… Uma das últimas marcas que adicionámos foi a Waeco, de ar condicionado, e já estamos há cinco anos com eles. A Rotary abrange várias marcas e tem bancos de carroçarias, que é uma área onde não estávamos muito presentes e começamos agora a dar os primeiros passos. Não é o nosso core-business, mas já temos oferta. No fundo, não mudamos muito, mantemos as que temos e progredimos, vamos construindo a marca”, refere, acrescentando que mudar para marcas mais económicas não está sequer em cima da mesa. As marcas que comercializam são homologadas “pela maior parte dos fabricantes e isso é muito bom, porque essa homologação permite que haja confiança”.
Recentemente, a Cometil apostou também na CAN, a marca própria através da qual otimizam determinados produtos, de forma estratégica, para vender linhas específicas e personalizadas. “Fazemos pequenas alterações, à cor ou ao formato. Já temos uma gama, com preço, feita na Europa, tudo com produtores que já conhecemos e a que estamos habituados. São equipamentos tendencialmente mais económicos, mas com qualidade, para que o cliente também possa comprar, porque, na verdade, a nossa preferência é manter o premium… não sendo possível, damos uma segunda opção, dentro da marca própria”, esclarece Pedro de Jesus.
Dois mercados diferentes
Hoje, em Portugal, a equipa engloba 33 colaboradores, entre a sede, em Loures, e a filial, em Santo Tirso. Desde há dez anos, existe também a Cometil Espanha, com sede em Barcelona, onde trabalham outras vinte pessoas. Ainda que sejam duas empresas distintas, partilham a génese e a parceria com a Hunter, que tem estado sempre no centro do seu desenvolvimento. “Formámos a Cometil Espanha em 2014 e começamos com a distribuição do mercado espanhol. Temos o projeto de abrir uma filial em Madrid, com um centro de formação, à semelhança do que temos aqui, e exposição, assim como em Santo Tirso e Barcelona”, diz-nos o administrador. A Cometil Portugal não vende para Espanha e vice-versa, “cada um distribui autonomamente as marcas. Espanha também começou com a Hunter, mas rapidamente os outros distribuidores das outras marcas quiseram que nós estivéssemos em Espanha com eles e hoje o catálogo é quase igual”.
Para Pedro de Jesus, os mercados português e espanhol têm caraterísticas diferentes, apesar de semelhantes, e assume que a experiência em Portugal permitiu crescer muito mais depressa em Espanha. “Somos portugueses, conhecemos bem a nossa população e acompanhamos a evolução de tudo, do setor automóvel, das pessoas em si e das oficinas. Estes dez anos em Espanha não posso dizer que tenham sido fáceis, porque não foram. Em Portugal foi uma evolução mais demorada, antigamente tudo era num ritmo mais lento e agora tudo tem que ser imediato, não se muda mentalidades de um momento para o outro”, afirma. Se, em Portugal, defende, o cliente tem “um bocadinho mais de brio, de querer fazer bem, de querer mostrar que tem o que é bom… em Espanha já não é assim. Eles são mais práticos, olham mais para a margem, são menos exigentes. E os que exigem mais são os nossos clientes. O nosso equipamento é premium, é caro, portanto, tem que se valorizar. Está a ser um desafio!”, assinala.
Formar e dar assistência
Tanto a formação como a assistência são bandeiras da casa e Pedro de Jesus acredita que o mercado de hoje é o espelho daquilo que a Cometil tem feito na área dos equipamentos oficinais desde muito cedo. Logo em 1986, com a Hunter, a empresa foi pioneira ao promover um contrato de manutenção e “na altura isso nem se falava. Criámos esse contrato de assistência logo desde o primeiro dia, com o intuito de beneficiar, em especial os clientes do Norte, porque estávamos aqui em Lisboa. O preço era preço fixo para toda a gente, e foi uma maneira de por o país todo à mesma distância, com assistência em 24 horas. Ao mesmo tempo, sabíamos que tínhamos o material mantido preventivamente”. Além disso, a Cometil arriscou numa garantia própria: “Os fabricantes normalmente dão um ano de garantia, mas nós dávamos três, porque tínhamos o equipamento sob controlo, para sabermos se estava a ser bem usado. Na altura isto foi algo controverso, porque os fabricantes diziam que não nos davam nada além de um ano. Mas depois até serviu de exemplo para outros distribuidores. Hoje temos clientes que têm esse contrato há 30 anos ou mais. Ter um contrato de manutenção preventiva é muito importante”, sublinha. Em paralelo, tudo o que é a eletrónica já presente nos equipamentos permite aferir a rentabilidade dos mesmos, sejam em número de serviços ou em tempo de funcionamento, para “dar dados à parte decisora da oficina sobre o que está a ser rentável ou não, é um controlo importante”, sublinha.
O advento dos carros elétricos vai, na opinião de Pedro de Jesus, “ter impacto positivo nos equipamentos. No nosso caso, voltando à marca histórica, a Hunter, muito associada aos pneus e às rodas, o elétrico continua a ter as rodas e aqui o impacto é positivo porque ainda por cima os carros elétricos gastam pneus mais depressa. Sendo melhor para a oficina, é melhor para nós, porque o cliente precisa de mais equipamentos. As mudanças no modelo de negócios da oficina vão ser, a seu ver, “graduais”, mas o que não pode faltar “é a atenção ao cliente e a qualidade do trabalho”.
Já em Espanha, no que diz respeito à assistência técnica, “é normal o cliente esperar uma semana!”, espanta-se Pedro de Jesus, dizendo que do lado de lá da fronteira, “uma urgência são 72 horas… e nós sempre tivemos 24 horas desde o primeiro dia, há 40 anos. E o cliente hoje acha que é banal. Percebo que em Espanha cumprir as 24 horas seja difícil em certos sítios, mas já estamos a conseguir na maioria dos casos”. Já na formação, a forma encontrada para cobrir todo o país foi através da criação de “um veículo-escola móvel, que anda lá e cá, para que possamos ter uma escola ambulante em várias terras. É que vender uma máquina e explicar como se opera, todos fazem, mas explicar como é que o automóvel funciona e como é possível tirar partido do equipamento e ganhar dinheiro com ele, é aí que a formação tem valor!”, considera Pedro de Jesus, que salienta que “o nosso equipamento tem de ser mostrado, pois se chegarmos com um catálogo, e temos o nosso que custa 30, e há outro que custa 10, tem de haver bons argumentos para se vender. Temos várias formações sempre agendadas em vários pontos, com parte teórica e prática”, adianta.
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