Convenção Anual ANECRA: tradição com três décadas de existência

Há precisamente 30 anos que, de forma consecutiva, a ANECRA realiza a sua Convenção Anual. A 30.ª edição decorreu nos passados dias 8 e 9 de novembro, no Centro de Congressos de Lisboa, tendo como lema “Horizonte 20/30, Que Automóvel? Que Negócio?”.

No discurso de abertura da 30.ª Convenção Anual da ANECRA, o presidente da direção, Alexandre Ferreira, reforçou a posição da associação relativamente à economia paralela, um dos pilares da sua ação, juntamente com a reforma da fiscalidade automóvel.

Foco nos automóveis usados
O desafio da eletrificação foi o denominador comum em todas as apresentações, sendo que, este ano, o primeiro dia da Convenção começou com uma novidade paralela ao evento: o Encontro Especializado do Comércio de Usados.

Para a ANECRA, o segmento de automóveis usados tem, atualmente, uma dinâmica empresarial e de mercado que justificam, claramente, a inclusão deste encontro no programa da Convenção Anual.

Vários especialistas deste setor de atividade debateram conteúdos totalmente vocacionados para  assuntos relacionados com o comércio de automóveis usados, mercado que tem assistido a uma grande volatilidade nos valores de venda de viaturas ao longo dos últimos quatro trimestres, apresentando uma queda acentuada no primeiro trimestre de 2019.

No primeiro painel deste encontro, debateu-se a importância dos brokers financeiros e o controlo sobre o cumprimento dos rácios de solvabilidade/taxas de esforço no crédito ao consumo, assim como a fiscalização e o controlo da atividade. O segundo painel foi dedicado aos grandes desafios do comércio de usados nos próximos 10 anos.

Reflexões sobre o futuro das oficinas
O segundo dia da convenção foi inteiramente dedicado ao futuro das oficinas e dos vários conceitos oficinais que vão surgir, consequência das novas motorizações (híbridos, híbridos plug-in, elétricos) e da nova geração de clientes com hábitos muito diferentes das gerações passadas.

O painel sobre “Seguradoras, gestoras de frotas e oficinas” abriu com uma intervenção de José Maria Cancer, diretor-geral do CESVIMAP, que apresentou os serviços que este centro disponibiliza para o setor do pós-venda, onde se destacam os tempários utilizados pela maioria das oficinas de colisão.

Seguiu-se o debate moderado por Nuno Roldão, vice-presidente da ANECRA, que contou com quatro oradores: Luís Santos, administrador da Impoeste, Tiago Ribeiro, da Audatex, João Ferreira do Amaral, da Tranquilidade, e Carlos Carvalho, da Arval.

O início do segundo painel, dedicado à “Digitalização do Pós-venda”, foi protagonizado por Carlos López, diretor de vendas da Launch Ibérica, que fez uma apresentação sobre o ADAS. Segundo o responsável, os serviços de calibração de ADAS vão crescer exponencialmente, uma vez que, até 2022, todos os veículos vão ter de estar equipados de fábrica com este sistema.

O estudo que foi apresentado indica que o preço médio de calibração é de €225 por automóvel. Sendo o custo do equipamento de calibração cerca de €7.500, a oficina pode amortizar este investimento com apenas 33 calibrações. Trata-se, por isso, de uma oportunidade de negócio imperdível para as oficinas que pretendem estar na linha da frente.

José Carlos Valentim, responsável de formação de pós-venda da Toyota Caetano Portugal, chamou a atenção para as diferentes motorizações que, hoje, equipam as viaturas e a necessidade da oficina estar preparada para dar assistência a todas elas.

“A formação dos técnicos não chega. É preciso acompanhar as pessoas e há necessidade de DMS’s mais robustos, monotorização dos indicadores de atividade, ferramentas de orçamentação e saber comunicar com os clientes através nos novos canais”, referiu José Valentim.

Nuno Medeiros, coordenador de lojas da Soulima, abordou o tema da venda de peças online, alertando para o problema da especificidade da maioria dos componentes, que exige know-how para a sua montagem.

No último painel do dia, moderado por Dário Afonso, o tema principal foi sobre as redes oficinais. Manuel Pena, responsável da CGA, da Auto Delta, Artur Teixeira, sócio-gerente da Yes Car, Joaquim Carvalho, administrador da Auto Índia, José Cid Proença, diretor-geral da Spinerg, e Dulce Semedo, membro co Conselho de Administração da Roady, foram os oradores presentes.

A sua opinião relativamente às vantagens de as oficinas pertencerem a uma rede foi unânime, quer a nível da formação e consultoria técnica, financeira e marketing, quer como gerador de negócio, beneficiando de uma estrutura global.

Estabelecer pontes com os clientes
Seguiu-se a apresentação de Ana Xavier, coordenadora de business intelligence & marketing da Polivalor, sobre “Bridging the Gap – Comunicação eficaz com os clientes”. É essencial estabelecer pontes de ligação com os clientes e, na atualidade, o marketing digital é a melhor forma de fazê-lo. Mas a comunicação para ser eficaz tem de ser sistemática e o processo deve ser contínuo.

Antes no encerramento oficial da Convenção Anual, os participantes tiveram oportunidade de assistir a uma interessante apresentação de Luís Mira Amaral, presidente da Comissão Indústria da CIP, sobre a atualidade e o futuro do comércio e reparação automóvel. “Se a tecnologia vai assegurar a neutralidade em CO2 e NOx entre Diesel e gasolina, deixem o mercado funcionar e os clientes escolher até chegarmos à era elétrica”, disse.

Na Convenção Anual, foi ainda anunciada uma nova solução tecnológica de apoio às oficinas, designada por ANECRA CarData, que será apresentada, oficialmente, na próxima edição do Salão MECÂNICA, em Lisboa. Trata-se de uma plataforma online que permite o acesso a informação técnica por parte de todas as oficinas.