“Esperamos que o setor evolua de forma cooperativa”
Face à implantação do veículo elétrico, o diretor de marketing da Auto Delta, Tiago Domingos, frisa que “as mudanças neste setor nunca acontecem à velocidade que os órgãos decisores políticos inicialmente referem. Ainda assim, a verdade é que as oficinas terão de analisar a necessidade de fazer investimentos que possam permitir também a reparação de veículos elétricos nas suas instalações”, defende, considerando que “a descida no consumo de alguns produtos ainda não se vislumbra nem será palpável no curto prazo. Mais importante do que a entrada de veículos elétricos no nosso parque automóvel é a renovação do mesmo com a revalorização de automóveis com tecnologias mais poluentes, e é com essa renovação que iremos certamente sentir alterações no padrão de consumo do nosso mercado”
Numa altura em que 70% das peças que constituem um automóvel são suscetíveis de serem reutilizadas ou remanufaturadas, o responsável da Auto Delta declara que “esta é uma oportunidade de negócio em permanente equação e cujas novidades, que se têm notado cada vez mais ao longo do tempo, procuraremos que sejam relevantes no nosso mercado”. A seu ver, a chegada ao mercado de fabricantes multimarca com uma qualidade comprovada e um preço muito competitivo, “pode ser um desafio para qualquer marca premium. Porém, também estas estão a criar estratégias de desenvolvimento e de fidelização, permitindo que os distribuidores que apostem nestas marcas, não se sintam tentados a descartar essa relação comercial por outra que poderá não lhe dar acesso a melhores condições e aos melhores produtos do mercado”. O mesmo acredita que “só a concentração será capaz de dotar o Aftermarket português de players fortes e com capacidade de negociação com fabricantes e demais agentes deste mercado”.
Sobre os pedidos aos fornecedores, Tiago Domingos diz que na Auto Delta “cremos piamente que é através da criação de condições para o armazenamento de produtos importantes para o nosso parque automóvel e, consequentemente, do aumento da rapidez da colocação desses produtos nos estabelecimentos de reparação automóvel, que estamos mais perto de singrar no mercado e fazer a diferença”. Para que um distribuidor possa manter o seu negócio, adaptando-se às mudanças que a descarbonização dos transportes trará, o responsável entende que é necessário “adaptar o stock, formando a sua equipa técnica e comercial e trabalhando em parceria com fabricantes, retalhistas e oficinas de reparação automóvel para que todos possam ter oportunidades de negócio num mercado tão competitivo”. O diretor de marketing refere ainda que “a Inteligência Artificial poderá ser muito importante, nomeadamente na gestão de stocks, permitindo uma análise rápida a algo que consegue ser feito, mas que ocupa muito tempo e recursos, como seja a análise de todos os padrões de compra, venda, garantia e devolução, permitindo definir a importância relativa de determinadas referências para o negócio da empresa”.
Para o futuro, Tiago Domingos quer “consolidar o fenómeno de concentração onde a Auto Delta tomou parte ativa. A partir daqui, iremos procurar enfrentar os desafios do mercado com uma maior capacidade e amplitude de gama, um melhor e mais profundo conhecimento técnico e uma equipa comercial altamente especializada. Esperamos também que o setor evolua de forma cooperativa, mas concorrencial, permitindo-nos trabalhar em equipa para resolver problemas que nos afetam, mas sempre mantendo o foco no negócio propriamente dito”.
Poderá também ler esta entrevista na edição impressa da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.