Evolução Global no comércio de pneus

01 - comercio de pneus

2023 revelou-se um ano positivo para o comércio de pneus em Portugal. Registou-se uma normalização dos stocks dos distribuidores, aliada a uma redução dos fretes internacionais, principalmente da China, o que fez com que o mercado budget ficasse consideravelmente mais competitivo

O parque automóvel nacional está envelhecido, com uma idade média de cerca de 14 anos. Isto está a causar um empobrecimento do mix de pneus, o que não é vantajoso. Mas este fenómeno é também uma oportunidade. Um parque envelhecido e com mais quilómetros é uma oportunidade para as casas de pneus que apresentem uma oferta diversificada e sejam capazes de fazer uma manutenção global do veículo. Por outro lado, é importante realçar a polaridade do mercado. O parque é antigo e as novas vendas são feitas com recurso a novos formatos (renting, leasing…). A negociação com as empresas que gerem estas novas formas de utilização do automóvel, que não a venda, é fundamental e, por conseguinte, pertencer a uma rede capaz de negociar com estas empresas é vital para poder aceder à manutenção destas frotas. Por outro lado, existe uma parte considerável das viaturas matriculadas nos últimos anos que tem jantes de maiores dimensões, nomeadamente os veículos elétricos. Temos por isso assistido a uma procura crescente no segmento UHP, que representa uma fatia muito interessante do negócio e com grande potencial de crescimento.

Maximizar a eficiência
A análise do momento que se vive no setor do comércio de pneus em Portugal tem de ser enquadrada e dividida em realidades distintas, uma vez que ao realizarmos uma análise global do mercado podemos obter números que não coincidem com a realidade de cada negócio ao longo da cadeia de valor. A título de exemplo, se analisarmos as vendas de pneus, podemos rapidamente concluir que os números da distribuição são certamente diferentes daqueles que são apresentados pelos fabricantes. No que diz respeito ao mercado de distribuição de pneus, tendo em conta os resultados globais das principais empresas do setor, podemos também concluir que o balanço deste ano é certamente positivo. No entanto, de acordo com o atual cenário macroeconómico, em especial com o aumento da taxa de juro e, consequente, aumento do risco de crédito e retração do consumo, é fundamental as empresas continuarem a realizar os ajustes de negócio necessários, em especial no diz respeito à gestão de stocks e tesouraria financeira. Adicionalmente, os fatores do lado da produção mantêm-se altos pelo que se torna imperativo maximizar a eficiência para ser competitivo. O momento pós-venda atual tem bastantes oportunidades, mas obriga as empresas a estarem atentas e desenvolver um conjunto de ações focadas em manter um relacionamento duradouro e satisfatório com os clientes.

Mercado maduro e sensível ao preço
O mercado de sell-out está a crescer ligeiramente, registando um crescimento de quase 1% em comparação com 2022. As vendas e o mercado sell in são mais elevados, porque estamos a assistir a uma entrada importante de produto asiático, o que terá repercussão em 2024, e fará com que ocorra uma recuperação, de forma paulatina, das marcas premium. O mercado português está a passar por uma redução no segmento de jantes de 16’’ e inferiores, que, até agora, representa uma queda de -12,5%, contrastando com a estabilidade nas jantes de 17’’ e o forte crescimento de +13% nas jantes de 18’’ e superiores.

Também é verdade que a frota de veículos em Portugal é relativamente antiga, o que se reflete no peso significativo que as jantes mais pequenas ainda têm na procura de pneus, e que representam ainda a maior fatia do mercado. No entanto, o seu peso diminui quando observado o mesmo período de 2022, o que espelha o crescimento nas jantes de maior dimensão especialmente no segmento 4×4, com pneus de 17” e maiores a impulsionar o crescimento do mercado. Do lado do consumidor final, regra geral, tem-se verificado uma forte perda de poder de compra devido ao aumento das taxas de juro e das respetivas prestações do crédito habitação, razão pela qual as marcas de pneus dos segmentos Quality e Budget são as que estão a crescer.

A situação económica um tanto instável, devido a fatores como a inflação ou as eleições previstas para 2024, parece que irá abrandar um pouco as vendas. Também é importante considerar a situação das marcas asiáticas, principalmente as chinesas, uma vez que o preço do transporte já normalizou para níveis anteriores à Covid-19. Num sentido positivo, observamos que os consumidores estão a começar a perceber que nem todos os pneus são iguais e começam a valorizar alguns aspetos de alta tecnologia, como as marcações de equipamento original. É um mercado que se mantém maduro e altamente sensível ao preço, algo que as condições económicas têm vindo a impulsionar. Seguramente que a tendência de deterioração do mix a favor dos pneus mais económicos em detrimento dos pneus premium se fará sentir em 2024. No que diz respeito à distribuição de pneus, haverá uma redução do número de operadores no mercado, resultado de uma possível integração de empresas mais pequenas nas maiores, incluindo operadores estrangeiros. Adicionalmente, será importante perceber qual a estratégia e caminho que as redes de oficinas irão seguir no futuro. l