Exportações de componentes automóveis recuam

09 - Exportacoes de componentes automoveis recuam

Segundo a AFIA, em julho as exportações de componentes para automóveis recuaram 3,9%, resistindo melhor do que o conjunto das exportações nacionais de bens

Tal como é do conhecimento geral, a indústria automóvel está a passar por um período de grande turbulência – quer do lado da procura quer do lado da oferta. Em consequência desta perturbação na produção de veículos na Europa, as vendas das empresas nacionais para o exterior caíram.

As exportações portuguesas de componentes para automóveis registaram, em julho de 2025, uma queda homóloga de 3,9%, o que significa vendas neste mês abaixo de 1.000 milhões de euros, de acordo com os dados da AFIA – Associação de Fabricantes da Indústria Automóvel – com base nas informações divulgadas pelo INE.

“Não foi só o setor automóvel a diminuir as vendas ao exterior, dado, no mesmo período, o total das exportações nacionais de bens terem recuado 11,3%, o que demonstra uma maior resiliência do setor automóvel quando comparado com o desempenho geral da economia exportadora”, declarou a AFIA.

No acumulado de janeiro a julho, as vendas de componentes para automóveis somaram 7.225 milhões de euros, uma descida de 2,5% em relação ao mesmo período de 2024. A Europa continua a ser o principal destino, absorvendo 88,3% das exportações de componentes automóveis, apesar de uma ligeira contração de 2,4% face a 2024. No entanto, é de destacar o aumento de 18,8% das exportações para a África e Médio Oriente.

Entre os países de maior relevância, no destino da produção das empresas nacionais, temos Espanha (29,4% de quota) que registou um crescimento de +2,7%, enquanto a Alemanha (-10,8%) e os EUA (-13,6%) sofreram quebras significativas.

Destaque pela positiva para a forte subida das exportações para a Roménia, atualmente 6.º país-cliente (+38,4%) e Marrocos, 8.º país-cliente (+32,3%).

“Não podemos deixar de considerar que até este mês, houve uma queda da produção e de vendas superior, há diminuição da produção nacional de componentes”, salientou.

“Os dados de julho confirmam a importância estratégica do setor de componentes para automóveis para a economia portuguesa. Apesar da conjuntura adversa e de uma quebra global das exportações nacionais, temos vindo a conseguir manter um desempenho mais sólido. No entanto, o setor enfrenta atualmente grandes desafios como os custos de energia elevados, pressão crescente para a transição para a mobilidade elétrica, instabilidade nas cadeias de abastecimento internacionais e o impacto das taxas impostas pelos Estados Unidos da América, apesar destas só se sentirem mais seriamente a partir de setembro. Assim, é fundamental que as políticas públicas apoiem o investimento e a inovação para que possamos continuar a ser competitivos a nível europeu e global”, sublinhou José Couto, presidente da AFIA.

Desafios atuais do setor

O setor automóvel em Portugal encontra-se num contexto de elevada incerteza, marcado por custos energéticos elevados, que impactam a competitividade industrial; a transição tecnológica para a mobilidade elétrica, exigindo forte investimento por parte das empresas e a volatilidade nas cadeias de fornecimento globais, com repercussões no ritmo de produção.

Apesar das dificuldades enfrentadas, os números mostram a resiliência e importância estratégica do setor de componentes automóveis para a economia portuguesa. No entanto, importa olhar para o setor e reforçar os investimentos em inovação, em tecnologias de mobilidade elétrica, mas também promover políticas públicas que reforcem e apoiem a sustentabilidade e modernização das empresas, para que Portugal continue a consolidar a sua posição como fornecedor de referência no mercado automóvel internacional.