“Deixámos de vender peças e passámos a oferecer soluções”, Joaquim Candeias, bilstein group
O bilstein group é um dos principais especialistas mundiais no aftermarket, oferecendo soluções de reparação para veículos ligeiros e pesados. Atualmente, disponibiliza cerca 62.000 artigos diferentes, distribuídos pelas suas marcas de produto: febi, SWAG e Blue Print
O desenvolvimento das marcas e das linhas de produto do bilstein group está sempre em constante desenvolvimento e ao ritmo das necessidades do mercado.
Este ano a empresa reforçou a sua aposta na sustentabilidade. Como a proteção do ambiente significa a proteção do negócio, é importante para o bilstein group, dar continuidade, de ano para ano, ao que iniciaram em 2004 na temática da sustentabilidade.
Este ano, foi na ‘casa mãe’ que deram mais um passo sustentável com a “introdução de ‘plástico verde’ na área logística na Alemanha, que fez com que desde o início de 2022 se tenha utilizado apenas material de embalamento que consiste em até 50% de plástico reciclado.
Mas as novidades sustentáveis não ficam por aqui, o novo centro logístico em Gelsenkirchen, na Alemanha, não é apenas de última geração, do ponto de vista técnico, mas também em termos de sustentabilidade: o edifício cumpre a norma KfW 55, o que significa que requer menos 45% de energia primária do que um edifício comparável.
Para o bilstein group, o foco foi e será sempre garantir níveis de stock elevados, produtos de qualidade elevada, entregas rápidas e atempadas, oferecer ferramentas simplificadas de identificação de peças, apoio técnico e comercial constante e uma equipa técnica de apoio no pós-venda.
Como é constituída a oferta atual da sua empresa, a nível de marcas e gamas de produtos?
Como fornecedor e fabricante, o bilstein group é um dos principais especialistas mundiais no aftermarket. Oferecemos soluções de reparação no setor automóvel para veículos ligeiros e pesados. O bilstein group combina um elevado padrão de qualidade com um forte foco no cliente. As marcas de produto febi, SWAG e Blue Print, que se encontram ancoradas ao bilstein group, oferecem peças técnicas de desgaste para todas as reparações necessárias de praticamente todos os grupos de produto relevantes.
Considera que para crescer têm de aumentar o vosso portfólio de marcas?
A estratégia do bilstein group inclui essencialmente o aumento de gamas, acima do aumento do portfólio de marcas. O percurso das nossas marcas tem sido sempre o de ampliar e diversificar, tanto quanto possível, a abrangência e profundidade das referências, aumentando-as em número e em aplicações. Atualmente, podemos adiantar que o bilstein group oferece mais de 62.000 artigos diferentes, distribuídos pelas nossas marcas de produto: febi, SWAG e Blue Print. Continuaremos a trabalhar neste sentido, não estando previsto neste momento o aumento do portfólio ao nível de marcas.
O aumento do número de marcas e de referências exige mais espaço de armazenamento. Como estão a resolver esta situação para aumentar o vosso stock?
Para contrariar a questão do espaço de armazenamento, tentamos todos os dias criar eficiências, implementar melhorias nos nossos procedimentos e evitar investimentos desnecessários. O aumento do número de referências é sempre algo positivo para o bilstein group e para os nossos clientes, pelo que existe um planeamento encadeado com o claro objetivo de contornar o potencial problema do armazenamento.
No futuro, quando o investimento se tornar imprescindível, certamente que será uma opção a considerar no momento, mas neste momento o ritmo de aumento das referências encontra-se em linha tanto com os processos que temos adotado como com o espaço de armazenamento. Contudo, no momento da construção das novas instalações ficou tudo preparado para ser possível a duplicação pelo que acontecerá quando sentirmos que será vantajoso.
Está previsto o lançamento de mais marcas e novas linhas de produto?
O desenvolvimento das marcas e das linhas de produto do bilstein group está sempre em constante desenvolvimento e ao ritmo das necessidades do mercado. Nem sempre é possível antever que em determinado espaço de tempo vai existir o lançamento de um determinado número de linhas de produto. As marcas orgulham-se de apresentar progressos regulares e muito próprios que resultam variadas vezes em novas linhas de produto. Atualmente, oferecemos ao mercado mais de 20 grupos diferentes de produto que variam de acordo com a especialização de cada uma das nossas marcas.
Atualmente estão bastante focados no tema da sustentabilidade, o que tem a bilstein group feito para se tornar cada vez mais sustentável?
Existem várias ações interessantes e relevantes ao nível da sustentabilidade, tanto em termos da nossa sede como a nível local. Abordando apenas alguns exemplos, podemos mencionar a introdução de “plástico verde” na área logística na Alemanha que fez com que desde o início de 2022 se tenha utilizado apenas material de embalamento que consiste em até 50% de plástico reciclado. Com o plástico em bolha reciclado, o bilstein group dá mais um passo para se tornar mais sustentável na área da logística. Em 2020, o consumo geral de plástico em bolha foi significativamente reduzido: aproximadamente 24,5 toneladas por ano. Foi dado outro passo no início deste ano: com a descontinuação da utilização de certas embalagens de plástico, mais duas toneladas de plástico são economizadas por ano.
A grande novidade do ano acaba por estar intimamente relacionada com o tema da sustentabilidade que é o novo centro logístico em Gelsenkirchen, na Alemanha. O centro logístico não é apenas de última geração, do ponto de vista técnico, mas também em termos de sustentabilidade: o edifício cumpre a norma KfW 55, o que significa que requer menos 45% de energia primária do que um edifício comparável. Adicionalmente, possui um sistema fotovoltaico de aproximadamente 6 000 metros quadrados e cerca de 15 000 metros quadrados de telhado verde. Além disso, implementámos um sistema de gestão de energia nas localizações logísticas e de produção mais importantes.
Atualmente, o foco na nossa sede é a Proteção Ambiental e, na verdade, desde 2004 que esta é uma preocupação transversal ao grupo. Em 2004, implementámos o sistema logístico automatizado, permitindo uma poupança de CO2 na ordem dos 40%, quando comparado com armazéns manuais. Em 2008, 80% de todos os veículos foram convertidos para o padrão Euro 5 e em 2013, uma unidade combinada de calor e energia começou a produzir energia para a área logística. Em 2016, a introdução do padrão KfW 55 permite hoje um consumo energético 45% inferior, quando comparado com outros edifícios. Em 2017, as lâmpadas convencionais da área de produção e logística foram substituídas por lâmpadas LED. No mesmo ano, graças ao sistema fotovoltaico, a área de produção passou a utilizar 80% da energia gerada pela sua própria produção.
Por fim, para fechar o ano de 2017, foi introduzido o conceito de aquecimento inovador com a utilização de uma máquina específica para o efeito. 2020 foi o ano em que introduzimos o primeiro carro totalmente elétrico na nossa frota e as embalagens passaram a ser 100% de cartão ou 100% de plástico, abandonado o conceito de solução combinada. A frota automóvel está a tornar-se, gradualmente, elétrica. Por fim, todos os processos de produção no bilstein group Engineering foram analisados e otimizados, o que representou uma poupança de 47 toneladas e 140 400 kW/hora de processamento de energia por ano.
Em suma, o grupo já se preocupa com a sustentabilidade muito antes de se falar neste conceito de forma tão abrangente. Muitas das preocupações do grupo são também as preocupações locais e temos vindo também a implementar algumas ações que representam já um impacto tremendo: primeiramente ao nível dos efeitos ao nível ambiental, mas também em termos de poupança económica para a empresa. Instalámos painéis fotovoltaicos nas nossas instalações na Venda do Pinheiro que nos permitem, neste momento, uma autonomia elétrica na ordem dos 50% e ainda a infraestrutura necessária para o carregamento para dois veículos híbridos/elétricos em simultâneo que é já utilizado pelo veículo híbrido que incluímos na nossa frota há algum tempo.
Ao nível das instalações, as luzes são automáticas e com temporizador de forma a otimizar a sua utilização e o controlo do ar condicionado é também automático. Possuímos também um furo de captação de água que é posteriormente utilizado para a rega. Na logística, é feita a respetiva separação do lixo para possibilitar a reciclagem do mesmo, sobretudo ao nível do papel/cartão e plástico e as peças que vão para scrap são também recicladas.
Qual o plano de sustentabilidade do bilstein group?
A proteção do ambiente significa a proteção do negócio – é este o pensamento do bilstein group e é também esta a ideia-chave que serve de base às mensagens que delineiam a nossa estratégia na área da sustentabilidade. A sustentabilidade é parte integrante da nossa estratégia de futuro e já atingimos diversos objetivos para proteger o meio ambiente. Contudo, é importante reter que a sustentabilidade vai para além da pegada de carbono de uma empresa. Para nós, este conceito consiste em três pontos:
- Economia: produzimos produtos duráveis e de elevada qualidade que combinam a proteção ambiental e a mobilidade acessível.
- Ecologia: na produção e distribuição dos nossos produtos e serviços, temos em atenção o processo e as estruturas que conservam os recursos, tanto quanto possível.
- Aspetos Sociais: preocupamo-nos com os nossos colaboradores e com o ambiente. Como empresa familiar, o compromisso social com os locais onde nos encontramos faz parte do nosso ADN.
A sustentabilidade tem vindo a ser uma preocupação transversal a todo o grupo e a nível local planeamos várias ações neste sentido, sobretudo com o intuito de contribuirmos ativamente para a proteção ambiental. Este é sem dúvida um tema que vai continuar a ser profundamente abordado e executado pelo bilstein group.
O custo médio das peças vai continuar a aumentar em 2022. Que efeitos esta situação poderá trazer para o mercado?
Infelizmente os efeitos do aumento do custo médio das peças são totalmente imprevisíveis. Contudo, consideramos que este contexto pode vir a originar dois cenários: por um lado, vai certamente conduzir ao aumento dos preços de venda, uma vez que o preço de custo e o preço de venda são interdependentes fazendo com que as alterações introduzam impacto em ambos. Um dos aspetos mais sérios deste aumento do custo médio prende-se com o consumidor e com a forma como este pode vir a ser profundamente afetado, fruto do decréscimo na sua capacidade financeira e económica.
Tal situação pode fazer com o cliente final veja a sua possibilidade de suportar o aumento de custos fortemente afetada, criando um cenário de recessão, fazendo com que possamos vir a assistir a uma contração e quebra nas vendas. Temos consciência que um dos cenários mais prováveis que poderiam ocorrer seria a preferência por marcas mais baratas e, por vezes, com qualidade inferior, contudo todos os players estão neste momento a atravessar diversos constrangimentos ao nível de stock, logística e transporte podendo não conseguir dar resposta.
Outro efeito possível é a escolha de outras formas de mobilidade que acarretem menos custos como os transportes públicos, por exemplo. Perante a atuação de agentes externos ao negócio, mas que o afetam de forma tão profunda, o futuro é difícil de prever, mas sem dúvida que a rápida adaptação vai ser a chave para continuar a lidar com cenários tão inesperados.
Considera que os utilizadores vão privilegiar as marcas low-cost em detrimento das premium, como alternativa à escalada de preços?
Não nos parece que seja algo que vá acontecer. As marcas premium são garantidamente as que vão vencer e ter continuidade. É importante mencionar que as legislações da União Europeia retiram possibilidades de evolução às marcas low cost e, não cumprindo as regras ao nível de qualidade, por exemplo, acabam por não ter forma de manter o seu negócio.
Face às dificuldades com os transportes e à falta de matérias-primas, até quando poderá haver escassez de oferta de produto?
Atualmente a escassez de oferta de produto é ocasionada por agentes externos ao nosso negócio. Enquanto houver instabilidade, seja ela causada pela guerra, pandemia ou outro motivo externo, dificilmente a questão dos transportes e matérias-primas terá forma de voltar ao normal. O caminho será as empresas se adaptarem da melhor forma possível ao contexto atual e tentar converter as dificuldades em futuras oportunidades.
A idade média do parque automóvel continua a aumentar. Considera que esta situação é benéfica para a venda de peças?
Não consideramos que seja um bom sinal de todo. O aumento da idade média do parque automóvel e a venda de peças não são fatores correlativos. Quanto mais envelhecido estiver o parque automóvel menor capacidade económica ao nível da reparação existe. Se os veículos estiverem demasiados envelhecidos e não se tornar rentável a sua reparação
Os carros elétricos têm menos 60 a 70% da manutenção da que têm atualmente os carros com motor a combustão. O que está a fazer a sua empresa para compensar esta quebra de negócio?
Seja devido a benefícios ambientais, incentivos governamentais, aumento do desempenho da autonomia, redução dos custos da bateria, escolha de estilo de vida ou todos os anteriores… o market share dos Veículos Elétricos e Híbridos está a aumentar de forma constante.
De acordo com os números divulgados pela ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), os veículos elétricos híbridos (HEVs) representam 19,6% do total de vendas de automóveis passageiros na União Europeia no período 2018-2021; quase duplicando o seu market share num ano. Os veículos elétricos a bateria (BEVs) tiveram um market share de 9,1% e os veículos híbridos plug-in (PHEVs) representaram 8,9%. Embora os veículos tradicionais, movidos a combustíveis fósseis ainda tenham o maior market share, as vendas estão a diminuir, especialmente nos motores a diesel.
Oferecemos atualmente milhares de peças para veículos híbridos, elétricos e de energia alternativa – sejam veículos ligeiros ou comerciais. Cerca de 2 000 novos artigos estão a ser introduzidos todos os anos apenas para veículos ligeiros, e mais de 1 000 para veículos comerciais, e dispomos de uma base de dados com mais de 90 000 variantes de veículos ligeiros e 10 000 de veículos pesados respetivamente. Adicionalmente, a catalogação de mais de quatro milhões de aplicações, disponíveis globalmente para os distribuidores e para os instaladores, coloca o bilstein group numa posição fortalecida para fornecer ao aftermarket a mais ampla gama de peças de reparação e manutenção – hoje e no futuro.
Atualmente, temos mais de 400 veículos e mais de 1 550 variantes de elétricos e híbridos catalogados no partsfinder & TecDoc. No total, oferecemos neste momento mais de 6 000 artigos nas nossas marcas febi, SWAG e/ou Blue Print com aplicação em veículos elétricos e híbridos. O nosso trabalho de pesquisa é contínuo, com mais de 1 000 cruzamentos com aplicações em veículos comerciais previstos até ao final de 2022. Mantemos uma filosofia Fast to Market, pesquisando de forma proativa novos modelos para identificar referências OE novas e existentes para uma catalogação imediata e um desenvolvimento rápido de linhas de produto chave. Por fim, dispomos de uma extensa gama de produtos disponível em todas as áreas.
No atual panorama financeiro e económico ganhará protagonismo a solução peças reconstruídas?
Neste momento e tendo em conta o atual contexto financeiro e económico, as peças reconstruídas não parecem ser um caminho porque é algo extremamente comprometido com a questão logística, sendo este um aspeto que não atravessa atualmente um panorama de estabilidade. Caso esta solução fosse eventualmente adotada poderia levar algum tempo até ser uma solução estável e rentável pelo que neste momento não nos parece que esta solução vá ganhar um protagonismo anormal.
Como estão a conseguir fidelizar os vossos clientes numa altura em que a concorrência é cada vez maior?
Há muito tempo que deixámos de vender peças e serviço e passámos a oferecer soluções. Este acaba por ser o grande “segredo” para aumentar a fidelização dos nossos clientes. A concorrência deve sempre ser vista como um farol para qualquer empresa. Para nós também o é. Contudo, o nosso foco foi e será sempre garantir níveis de stock elevados, produtos de qualidade elevada, entregas rápidas e atempadas, oferecer ferramentas simplificadas de identificação de peças, apoio técnico e comercial constante e uma equipa técnica de apoio no pós-venda.
As soluções que oferecemos aos nossos clientes estão em construção constante e carecem sempre de uma enorme capacidade de adaptação às necessidades do mercado. Acreditamos que desta forma conseguimos estar virados para o mercado, oferecendo sempre soluções melhores todos os dias.
Que desafios se colocam ao futuro do bilstein group?
Presentemente o maior desafio é sem dúvida a presença de agentes externos ao nosso negócio que infelizmente não são possíveis nem de controlar nem de prever. Isto obriga-nos a reajustar a nossa estratégia e o nosso planeamento para conseguirmos manter os níveis de serviço que os nossos clientes já conhecem.
Felizmente o bilstein group orgulha-se de ser uma empresa forte e sólida que tenta, sempre que possível, traçar diferentes caminhos mediante cenários que mudam a cada dia, sobressaindo uma capacidade de adaptação excecional.
Como tem sido o desempenho do bilstein group este ano?
2022 tem sido um ano muito positivo para o bilstein group onde registamos um crescimento a dois dígitos consideráveis e esperamos chegar ao final do ano nesta linha e com oportunidades crescentes de trazer desenvolvimento e market share às nossas marcas.