Honda vai subir os preços dos veículos híbridos e plug-in híbridos

A Honda Portugal Automóveis manifestou a sua posição contra a limitação aos incentivos fiscais para viaturas híbridas e plug-in híbridas. A medida representa um aumento significativo no preço das viaturas menos poluentes.
Esta iniciativa vem, objetivamente, agravar a já difícil situação do setor automóvel, que ao longo deste ano tem assistido a quebras superiores a 35%, devido ao atual contexto económico e social. Manifestamos, por isso, uma grande preocupação com os postos de trabalho das mais de 150 mil pessoas, que constituem atualmente a força motriz do setor automóvel em Portugal.
“Incompreensível é também o alcance pretendido com esta medida que, de um ponto de vista prático, irá apenas representar uma sobrecarga fiscal para viaturas menos poluentes (híbridas e plug-in). Esta sobrecarga, por sua vez, terá como efeito colateral direto o incentivo à procura por viaturas com motores a combustão, naturalmente mais nocivas para o ambiente. Não podemos, por isso, deixar de partilhar alguns factos concretos para consciencialização e melhor compreensão das implicações práticas desta medida” enumerou Sérgio Ribeiro, CEO e Executive Board Member da Honda:
- As viaturas que incorporam tecnologia híbrida possuem níveis de emissões significativamente inferiores, quando comparadas com viaturas com motor de combustão, inclusivamente quando analisamos motorizações de maior cilindrada. Como referência, um automóvel familiar híbrido emite, em média, 119g de CO2/km por oposição aos 128g emitidos por um automóvel familiar a diesel ou 142g emitidos por um automóvel familiar a gasolina (Fonte: ACAP, Matrículas jan-out’20). Os valores médios de emissões de viaturas são apurados após rigorosos testes de homologação, em permanente evolução e que confirmam estes valores.
- Atualmente não está disponível nenhum estudo, suficientemente abrangente e consolidado, que aponte para um maior efeito nocivo dos automóveis híbridos e plug- in face às motorizações a combustão, não obstante a ausência de carregamento das mesmas. Em paralelo, na génese da tecnologia híbrida está a combinação de dois motores (um a combustão e outro elétrico) cujo funcionamento conjunto tem como principal objetivo um desempenho mais eficiente, com maior economia de combustível e, consequentemente, menores emissões de CO2. Assim, na nossa visão, o ponto de partida para esta nova medida não está suficientemente aprofundado nem se coaduna com a realidade.
- O impacto desta medida traduzir-se-á num aumento da tributação (em alguns casos, para a dobro) dos automóveis híbridos e plug-in, isto é, de viaturas objetivamente mais amigas do ambiente. Isto significa que, por um lado, os portugueses irão pagar mais por automóveis menos poluentes o que, naturalmente, implicará uma desaceleração da procura por este tipo de motorizações. Por outro lado, no nosso entender, as viaturas elétricas não constituem uma alternativa viável para condutores de viaturas híbridas e plug-in, dadas as suas rotinas de utilização, pelo que a sua escolha recairá por motorizações a combustão e o impacto da medida agora aprovada será, assim, contraproducente.
- Uma forma mais eficaz de reduzir as emissões do parque automóvel nacional, um dos mais antigos da Europa com uma idade média de 13 anos, passaria pela existência de incentivos fiscais ao abate de viaturas com tecnologias desatualizadas e, naturalmente, mais nocivas. A progressiva renovação do parque automóvel português por viaturas mais eficientes, nomeadamente híbridos e plug-in, asseguraria estrategicamente e de modo sustentável uma drástica redução no nível médio de emissões de CO2 a curto e médio prazo.
- A indústria automóvel tem sido, sem dúvida, um dos mais ativos dinamizadores na introdução de medidas e tecnologias que visam mitigar e reduzir a pegada ambiental. Estas ações implicam, naturalmente, elevados investimentos próprios em investigação e desenvolvimento, que têm como objetivo a disponibilização de uma gama mais orientada para o cumprimento das metas de emissão de CO2, mas também um maior acesso à tecnologia ecológica por parte do público em geral.
Acesso esse que, no caso português, fica agora ainda mais dificultado, resultando em infrutíferos os esforços do setor automóvel neste sentido e colocando o nosso mercado, uma vez mais, numa posição altamente retrógrada quando comparado com a realidade europeia.
Em conclusão, a Honda Portugal Automóveis manifesta a sua profunda preocupação face aos impactos da medida agora aprovada, que terá sérias repercussões na orientação estratégica do setor, mas principalmente no espetro económico e social. Esta nova orientação não é mais do que diametralmente oposta a toda a estratégia implementada nos últimos anos, no sentido de atingir um maior compromisso ambiental, e constitui, na nossa opinião, um profundo contrassenso face ao caminho até agora percorrido, o que se traduzirá em graves consequências, com efeito imediato.




