IF4 analisa mercado das oficinais multimarca independentes em Portugal

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Guillermo de Llera, diretor-geral da empresa de estudos de mercado IF4, apresentou os resultados do mais recente trabalho de análise do setor das oficinas multimarca independentes em Portugal.

Neste trabalho, não foram incluídas as oficinas que fazem parte das redes das marcas (autorizadas) nem de outras redes (que, em Portugal, já ultrapassam o número de 1.000 oficinas) e que não são especialistas em pneus, chapa e pintura ou vidros.

O conjunto das oficinas multimarca independentes inclui 4.500 reparadores, que faturam, anualmente, entre 800 e 900 milhões de euros e empregam cerca de 17 mil pessoas.

Cumprimento das obrigações fiscais

Sendo um dos setores “suspeitos” segundo os critérios da AT e, também, uma preocupação das associações setoriais, o estudo investigou qual o comportamento dessas 4.500 oficinas relativamente à entrega do IES 2018 (Informação Empresarial Simplificada, sendo 2018 o último ano disponível). Em julho deste ano, começarão a ser publicados os dados de 2019). Os resultados foram os seguintes:

• 2.500 oficinas tem o IES em dia;

• 1.000 reparadores são constituídos como empresário a nível individual, sem obrigação de IES;

• 500 oficinas foram constituídas recentemente, pelo que não têm tido ainda obrigatoriedade de apresentar IES;

• 500 oficinas não têm em dia a publicação de IES, sem constar que tenham cessado atividade.

Informação quantitativa

Para analisar a situação financeira e de atividade deste grupo empresarial, foram analisados os IES de 500 empresas (20% do total publicado), escolhidas, aleatoriamente. Foram encontrando os seguintes resultados:

• Essas 500 oficinas faturaram, em 2018, o valor de 175 milhões de euros e empregaram 3.250 pessoas;

• Produtividade média de 54 mil euros por trabalhador e despesa média de Pessoal de 13.500 euros, pelo que as despesas de pessoal são 25% da faturação;

• Autonomia Financeira razoável: 35% do Ativo é financiado por Capitais Próprios;

• Rentabilidade do Volume de Negócios de 2,3%;

• 114 empresas tinham, no final de 2018, Capitais Próprios negativos (22,8% do total), o que indica que se encontram em “falência técnica” e que ou não recuperaram ainda da crise anterior ou entraram numa situação negativa por outros motivos;

• 30% das empresas obtiveram resultados negativos no exercício de 2018.

Pequenas, médias e grandes

Observando, individualmente, os resultados das empresas, constata-se que existe uma grande diferença segundo a sua dimensão, pelo que foi decidido agrupá-las em três níveis:

• As que faturam mais de 400 mil euros (125 oficinas);

• As que faturam menos de 100 mil euros (132 oficinas);

• As intermédias (243 oficinas).

Os resultados são muito diferentes

As grandes oficinas têm uma produtividade de 70 mil euros (em muitos casos, tem outra atividade, como a venda de veículos ou a venda de combustíveis), empregando, em média, 13 pessoas. Unicamente 4,8% tem Capitais Negativos e 10,4% obtiveram resultados negativos.

As pequenas oficinas têm uma produtividade de 27,6 mil euros por trabalhador, empregando, em média, duas pessoas. Resultados negativos de 7,5% da faturação, com 42,4% das empresas em “falência técnica” e 57,6% com resultados negativos.

As Médias oficinas têm uma produtividade de 40 mil euros por trabalhador, tendo uma dimensão média de 5,6 trabalhadores e uma rentabilidade de 1,1% do Volume de Negócios. 21,4% destas oficinas estão em “falência técnica” e 25,1% tiveram Resultados Líquidos Negativos.

Conclusões

Como é evidente, nestes números não estão considerados os eventuais trabalhos “não contabilizados”. Mas sem informação quantitativa deste aspeto, é importante indicar que nem todo o trabalho é constituído por receitas, pelo que os resultados reais não alteram muito a fotografia obtida com os resultados declarados.

Duas conclusões parecem, contudo, significativas:

• O número de oficinas que não recuperou da crise anterior é importante e esta nova crise poderá alterar, significativamente, este conjunto empresarial (será interessante analisar os resultados de 2019, para ter melhor perspetiva);

• Marcas, distribuidores e restantes fornecedores deverão realizar uma análise por dimensão, para estabelecer as suas estratégias comerciais.

Para mais informações sobre este estudo, contactar Guillermo de Llera pelo email: gdl@ifquatro.com.