Impacto da pandemia nas oficinas de colisão

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Todos os players da repintura automóvel em Portugal foram afetados negativamente pela pandemia do Covid 19.

Foram 2 anos onde existiram longos períodos de confinamento obrigatórios, existindo uma alteração significativa das rotinas da população em geral, o que em termos práticos no negócio da repintura automóvel representou uma redução significativa da mobilidade, uma redução do número de quilómetros percorridos, menos acidentes e consequentemente menos reparações. Foram, 2 anos marcados pelas várias oscilações da atividade das oficinas que tende a estabilizar.

Como é obvio, os mercados são dinâmicos e refletem a evolução que se regista a nível político, económico, social, tecnológico e ecológico. Mas refletem também aquilo que são as abordagens das empresas que nele operam. E um dos desafios é precisamente encontrar sempre as melhores soluções e processos tendo em consideração os contextos vigentes. E mais especificamente, como é evidente, o contexto pandémico tem tido influência em todos os mercados e o mercado da repintura automóvel não é exceção, particularmente nos timings de reparação, agendamento, planeamento e entrega.

Antes da pandemia já existiam pessoas que tinham uma abordagem em que viam o automóvel como um bem de posse e também já existiam pessoas que tinham uma abordagem em que viam o automóvel como um instrumento de mobilidade. E até outras pessoas que tinha uma abordagem em que de alguma forma encontrávamos uma mistura das duas abordagens. Com o contexto pandémico, continuamos a encontrar diferentes abordagens, o que é natural. Sendo um negócio de proximidade, de serviço e de contacto com os clientes, na primeira fase da pandemia houve efetivamente alguma dificuldade em prestar o mesmo tipo de serviço, pois os clientes estavam muito receosos e evitavam visitas presenciais, o que dificultou o modelo de negócio de proximidade que caracteriza este setor.

Durante os períodos de confinamento, a nível de trabalho, as oficinas focaram-se essencialmente em duas coisas: Por um lado, a reparação daquelas viaturas que por falta de tempo nunca tinham sido reparadas, estamos a falar de viaturas clássicas e não só que foram sendo deixadas para trás ao longo dos anos. Por outro lado, houve oficinas que também aproveitaram a diminuição de volume de trabalho para efetuar pequenas melhorias nas instalações, obras, etc.

Ao nível da gestão, notou-se que passou a haver um maior escrutínio a nível de custos, nomeadamente a nível dos produtos de pintura. É compreensível que quando existe uma forte quebra nas receitas as empresas se foquem na contenção de custos. As oficinas foram ajustando os confinamentos e os trabalhos de forma relativamente estável. Contudo nos últimos tempos as dificuldades têm-se tornado mais visíveis e o mercado está bastante incerto. Mais recentemente, a maior dificuldade prende-se com a cadeia de abastecimento. Como se sabe tem havido falta de algumas matérias primas essenciais na produção de alguns produtos e isto faz com que a gestão de stock seja mais difícil.

Viaturas em circulação a crescer
O número de viaturas em circulação em Portugal tem vindo a crescer na última década. Mesmo com a pandemia, 2020 foi o ano com mais carros em circulação em Portugal e ainda que não existam dados oficiais, estima-se que 2021 tenha ficado acima de 2020. Os níveis de congestionamento de trânsito nas cidades de Lisboa e Porto estão já acima dos níveis registados pré-pandemia. Não se prevê por isso que a pandemia tenha efeitos a médio prazo no número de viaturas em circulação, apesar de tudo Portugal continua a ser um país que privilegia o automóvel.

Relativamente aos processos de reparação houve uma grande evolução. Temos agora processos mais simples, rápidos e com redução nos custos de secagem dos mesmos. Por exemplo, a secagem ao ar tornou-se mais rápida. Isto reduz os custos dos gastos das cabines que, nas oficinas é de extrema importância.

Com o maior número de carros elétricos e plug in em circulação, e a preocupação da durabilidade dos seus componentes (baterias entre outros) houve uma maior preocupação na repintura, não expondo a viatura a altas temperaturas de secagem. Aqui entra o aperfeiçoamento dos auxiliares de secagem ao ar, sem necessidade de cabine. Em termos de gestão, a otimização de processos e a redução dos tempos de imobilização das viaturas terá cada vez mais importância para as diversas entidades envolvidas. Outro fator que também vai ser determinante é a evolução tecnológica dos veículos com todas as implicações que isso terá, quer nas oficinas, quer nas reparações. De uma maneira geral, as oficinas reagiram com inteligência, ajustando-se à realidade, mantendo os valores e os meios mais importantes para sua atividade, sem nunca colocar em causa o seu equilíbrio.