Impactos laterais: conheça o comportamento dos aços especiais

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A proteção dos ocupantes é um fator essencial na conceção das carroçarias. Um dos impactos mais perigosos para a integridade dos passageiros é o que ocorre nas laterais. Conheça o comportamento que têm os aços especiais perante tais impactos.

Os fabricantes de automóveis estão a introduzir medidas de segurança passiva e ativa para aumentar a proteção perante uma colisão lateral. Em geral, com recurso a reforços de aço de ultraelevado limite elástico nos flancos. Aumentam, consideravelmente, a sua resistência perante deformações laterais.

São aços cuja principal característica é o seu elevado limite elástico, a partir de 800 MPA. Quatro vezes mais do que os convencionais.

De entre eles, o de maior rigidez é o aço ao boro (limite elástico superior a 1200 MPA). O nível de proteção lateral nas carroçarias através da utilização deste tipo de aços é muito variável entre os fabricantes.

Podemos encontrar desde a proteção mais simples, que compreende o pilar B e o montante dianteiro do tejadilho, até uma proteção mais completa, com reforços em toda a lateral do veículo (pilares A e B, montante do tejadilho, estribo e, inclusivamente, pilar C).

Nos testes efetuados pelo Euro NCAP, é analisado o comportamento do veículo perante impactos laterais, entre outros parâmetros, por meio de dois crash tests: um impacto lateral contra uma barreira móvel, a 50 km/h; outro contra um poste, a 32 km/h, classificando, através de uma avaliação por pontos, o nível de proteção dos ocupantes para cabeça, tórax ou cintura.

Danos na carroçaria

Quando um veículo com este tipo de proteção lateral sofre um acidente e deve ser reparado, a combinação de peças de ultraelevado limite elástico e de aço convencional muda radicalmente a forma como ocorrem as deformações, bem como a transmissão de esforços entre peças de diferente material através das travessas.

Assim, podem chegar a deformar-se peças afastadas da zona do impacto, como o piso e o túnel. Além disso, o elevado limite elástico que estas peças apresentam implica que não sejam conformáveis a frio, ou seja, não são reparáveis, pelo que a única possibilidade é a sua substituição.

De igual modo, são muito sensíveis à aplicação de calor, o qual provoca a perda das suas qualidades mecânicas. Por isso, não pode ser utilizada soldadura MAG.

A presença de peças de ultraelevado limite elástico nas laterais do veículo implica que, quando este sofre um impacto lateral, a deformação seja absorvida, em grande parte, por este material, tentando reduzir a intromissão e a deformação para o interior do veículo.

A deformação que este tipo de peças costuma apresentar é mínima. Nas adjacentes, de aço convencional, com limites de elasti- cidade inferiores, o impacto costuma provocar grandes deformações em forma de pregas e rugas (especialmente nas zonas de união com as peças de ultraelevado limite elástico).

Ao reparar-se este tipo de carroçarias, é muito importante conhecer exatamente as peças que são desta classe de aços, visto que condicionam todo o processo.

A versão completa poderá ser lida na edição de março de 2020 do Jornal das Oficinas.