Jornal das Oficinas marca presença no XXXIII Congresso do Serca
O XXXIII Congresso do Serca já está ‘On’ e como não poderia deixar de ser, o Jornal das Oficinas está a marcar presença na trigésima terceira edição do Congresso, sob o lema “Just in Time” (“Mesmo a Tempo”)
Nesta edição, estiveram presentes no dia de hoje, no Pazo de los Escudos, no edifício histórico do século XV, cerca de 350 pessoas, incluindo parceiros, fornecedores, associações e imprensa do sector pós-venda.
Como habitual, os Congressos do Serca são conhecidos pelo conteúdo anual e este ano não foi exceção, ao longo do dia, o programa incidiu nos desafios atuais do mercado pós-venda e do sector automóvel.
Eram nove horas, quando se abriam as portas do Pazo de los Escudos, para o segundo dia do Congresso e para ouvir as palavras do Presidente da Câmara de Vigo, Abel Caballero, de Eusébio Ochoa e Francisco Dorado, diretores gerais da Recambios Ochoa e Recambios Frain.
Também o inicio de dia foi marcado pelas palavras de Agustín Garcia, Presidente do Grupo Serca que aproveitou a oportunidade para valorizar a capacidade do grupo perante todas as adversidades que têm ultrapassado “Nos últimos 35 anos de vida do Serca, vimos crises de todas as cores, e temos vindo a avançar com um sucesso notável. Temos a memória fresca do surto da crise imobiliária, da crise do covid… e quando parceria que já podíamos respirar ‘sem mascaras’, aparece uma guerra que começa e gera novos problemas. Apesar de toda a situação, mais uma vez, acabámos por encontrar soluções inovadoras, pois nem tudo é inventando no mercado pós-venda” afirmou o Presidente do Grupo Serca.
Agustín Garcia, divulgou, em números, os resultados obtidos pelo Serca nos últimos anos, avaliando ainda o setor: “Se o mercado do IAM caiu 15,8% em Espanha em 2020, o Serca ‘só’ fez 9,1%. E em 2021, enquanto o setor no seu conjunto recuperou 12,8%, o grupo registou um forte aumento de 26,75%. Se o colocarmos em números reais, o volume de negócios do grupo – sempre a falar de compras – passou de 157,49 milhões de euros em 2019 para 143,15 milhões em 2020 e 181,45 milhões em 2021. Em 2022, o volume de negócios até setembro situou-se em 151,35 milhões de euros, pelo que a previsão para o final do ano ronda os 200 milhões de euros”.
Mas nem tudo foram boas notícias, o atual Presidente alertou para as dificuldades que o mercado, a curto prazo, vai enfrentar, dando enfoque à idade do parque automóvel: “A situação não é fácil. A idade do parque nacional é de 13,5 anos e 44% dos veículos têm mais de 15 anos. Perante esta situação, a nossa atitude é estar o mais próximo possível da mudança que está por vir, e isso obriga-nos a gerir os recursos da melhor forma.” Uma mudança que terá na mobilidade sustentável um dos seus principais motores: “Hoje somos instados a mudar o nosso carro a gasóleo por um híbrido ou elétrico, mesmo que não tenhamos onde ligá-lo. A infraestrutura de carregamento que temos é mínima. Dizem que o carro elétrico é o futuro, mas apenas 0,54% do parque é elétrico ou híbrido plug-in e como a rede de carregadores públicos mal tem 15.000 pontos, não são dadas as condições para os utilizadores darem o salto para o carro elétrico mesmo que queiram. O carro a gasolina e a gasóleo tem um longo caminho a percorrer, ainda temos muito trabalho a fazer”, acrescentou.
Depois de fazer referência ao potencial da IDAP e da Nexus, Agustín Garcia apelou a uma maior atenção para um setor que é fundamental para garantir um direito como a mobilidade: “Talvez não sejamos tratados de acordo com o peso que temos no mercado. Às vezes sentimo-nos sós. Alguns jogadores do aftermarket não entendem que deve ser prioritário trabalhar-mos todos juntos.”
No terminar do seu discurso, o Presidente do Serca pediu aos fornecedores um maior envolvimento “É impossível vender mais se não tivermos material. A taxa de serviço é muito inferior à necessária para atender às necessidades dos nossos clientes. Temos de pensar se todos temos o mesmo compromisso. Estou a falar como distribuidor: se o meu fornecedor não me servir, tenho de procurar uma alternativa. Se me deres 70%, significa que 30% tenho de olhar para fora e lá perco dinheiro, perco dinheiro por tua causa”, concluiu.
Já pela hora de almoço, foi a vez de Lluís Tarrés, CEO do Grupo Serca subir ao palco e falar sobre desafios e estratégias para o futuro. Para o CEO, é essencial antecipar as tendências, para manter a boa saúde de um setor que enfrenta uma grande transformação ao longo da cadeia de valor “As decisões têm de ser tomadas quando tudo está a correr bem, não quando se está até ao pescoço”, referiu Lluís Tarrés.
A atual situação do setor, preocupa o atual CEO do GRUPO “Estou preocupado com a concentração, que existe. Os meus clientes e os meus fornecedores, estão a crescer. Por parte dos fabricantes de automóveis, bem como de fornecedores, distribuidores e clientes, todos estão concentrados… exceto nós. Para mim isto é uma grande ameaça porque todos estão a ficar maiores e a aumentar as sinergias e nós continuamos os mesmos”, revelou que também a digitalização, a sustentabilidade e as marcas de automóveis o deixam inquieto, acrescentando “As marcas vão incomodar-nos; Não entramos no negócio deles, que têm menos de cinco anos, mas eles entram no nosso. Deixamo-nos ganhar e isso preocupa-me”, concluiu.
Passaram por este segundo dia vários oradores internacionais, foi o caso de Bertrand Renault, da FNAC; D.António Garamendi, Presidente da CEOE; Markus Hakala, da Autoparts United; Akram Shahrour, da Abu Hkader; Audrey Bidart, da Nexus Automotive; Florian Precigout, da NexusAuto e Begoña Cristeto, da KPMG.
O dia terminou com um momento de networking, acompanhado por um jantar de Gala, no Salón Medieval do Parador de Baiona.