LKQ Europa distante das metas traçadas

Os resultados do terceiro trimestre de 2025 confirmam que a LKQ Europa continua sob pressão e distante das metas traçadas pelo grupo norte-americano. A divisão europeia registou uma queda orgânica de 4,7% nas vendas, com um EBITDA estabilizado nos 10%, muito abaixo dos 14% alcançados na América do Norte
Estes números reforçam a perceção de que a região continua a ser o elo mais fraco da operação global da empresa. A administração da LKQ enfrenta ainda pressões externas crescentes, nomeadamente do fundo acionista Ananym Capital, que instou a empresa a avaliar um possível desinvestimento na Europa para se concentrar no mercado norte-americano e melhorar a rentabilidade global. Embora o grupo tenha rejeitado essa hipótese, a tensão gerada é evidente e tem travado novos movimentos de expansão ou aquisição no continente europeu.
Essa paralisia já se reflete em episódios concretos. Em Maiorca, a recente criação da Nexus Automotive Iberia, pela Serca, IDAP e Recalvi, exemplifica as limitações da LKQ. A impossibilidade da empresa investir no mercado ibérico no curto prazo levou parceiros como a Recalvi a procurar novas alianças para garantir crescimento e estabilidade. O acordo de três anos entre os membros da Nexus Iberia revela a prudência com que o setor encara o futuro e a incerteza quanto à posição da LKQ na região.
Além disso, a LKQ tem vindo a restringir operações em mercados secundários europeus, como Polónia, Eslovénia e Bósnia, onde a rentabilidade não atinge os níveis esperados. Essas medidas fazem parte de uma estratégia de retração e foco nos países mais estratégicos, com o objetivo de otimizar recursos e preservar a eficiência operacional. A Península Ibérica, por enquanto, não parece estar entre as prioridades imediatas.
Enquanto isso, a América do Norte e o segmento Specialty — dedicado a peças e acessórios para veículos de lazer — sustentam os resultados do grupo. Este último cresceu 9,4%, atingindo 457 milhões de euros, compensando parcialmente a fraqueza europeia. A LKQ prevê encerrar o exercício com uma queda orgânica global entre 2% e 3% e lucros líquidos ajustados entre 775 e 813 milhões de dólares.
A mensagem é clara: a Europa continua a ser o ponto crítico para a LKQ, num contexto em que as restantes regiões demonstram maior resiliência. A empresa não pretende abandonar o continente, mas a combinação de resultados fracos, contenção de investimentos e perda de dinamismo redefine o equilíbrio de forças no pós-venda europeu. Para os concorrentes e parceiros atentos, o atual impasse pode ser uma oportunidade rara para ganhar terreno num mercado em transformação.




