Mercado Automóvel regista mais oferta do que procura em dezembro

01 - Mercado Automovel regista mais oferta do que procura em dezembro

Dezembro foi o quarto mês consecutivo de 2022 com uma dinâmica de mercado negativa, segundo o Standvirtual, de (-18%), o que demonstra mais oferta do que procura. A constante escassez de produto desde o ano passado continua a impulsionar a importação de carros em dezembro, face ao período homólogo de 2019 (+49,4%) e 2021 (+27,7%)

O ano de 2022 terminou com uma dinâmica de mercado negativa no mês de dezembro (-18%, a mais negativa do ano), uma tendência que se tem vindo a verificar nos últimos quatro meses, comparativamente com o mesmo período de 2021.

A transferência de propriedade de ligeiros de passageiros teve um decréscimo de -5,8% em novembro de 2022, face ao mês homólogo de 2021. Registou ainda um decréscimo de -11,2% em comparação com 2019, no pré-pandemia.

No que diz respeito aos veículos importados (ligeiros de passageiros), houve paralelamente um crescimento de +49,4% em dezembro, face a 2019 e de +27,7% face a 2021, que se relacionou com a falta de stock nacional. No acumulado anual de 2022, houve um aumento de +32% e de + 44,5% de importação em relação a 2019 e 2021, respetivamente.

Por tipologia de combustível, a importação continuou a acontecer, sobretudo nos carros a gasóleo, ainda que a decrescer gradualmente para cerca de 60%, seguindo-se a gasolina, com ligeiro aumento. A predominância do elétrico é cada vez mais evidente (representando cerca de 10% do total).

O preço médio praticado pelos vendedores profissionais que vinha a subir progressivamente, sobretudo desde agosto de 2021, estabilizou em cerca de 23.500€ de outubro a dezembro. Esta estabilização representou, ainda assim, um aumento de cerca de +12% do preço face ao mesmo período de 2021.

Segundo dados da ACAP, em dezembro verificou-se um aumento de +12,7% no total do mercado automóvel, face ao mesmo período de 2021 e uma subida de +2,8% no acumulado anual face a 2021. As energias alternativas (veículos eletrificados e híbridos GPL) representaram cerca de 44% do mercado total de ligeiros em dezembro de 2022.

Pinho da Costa, Administrador-Delegado da Sociedade Comercial C. Santos, deu uma explicação para estas oscilações: “as redes digitais vieram transformar o mundo e, sem dúvida, o setor automóvel. É importante a forma como nos posicionamos no mercado, a presença física e contacto com o cliente continua a ser fundamental. Apesar de tudo poder ser feito através do digital, 99% da decisão final acaba por ser presencial o que torna o papel do consultor cada vez mais importante no atendimento ao cliente e na concretização do próprio negócio”.

Já João Cardoso, CEO do Grupo Litocar, referiu que “a estratégia que implementamos foca-se no digital e no físico, pois consideramos que um não vive sem o outro. Atualmente, para ser relevante no setor automóvel é necessário marcar presença também em regiões como Lisboa, Porto ou nos dois locais. Prevemos que os próximos seis meses vão ser complicados, não pela falta de produto, mas sim pela menor aderência dos consumidores na compra de veículos devido ao momento económico que vivemos”.

Na opinião de Joaquim Silva, Diretor Operacional do Grupo Cardan, “o segmento elétrico foi o que mais sofreu com a escassez de matérias-primas, num momento em que a procura por estes veículos aumentou bastante para a oferta disponível. As empresas estão a abandonar cada vez mais os carros a diesel e a trocar as suas frotas por viaturas eletrificadas. No caso dos particulares, adquirir um veículo elétrico ainda é em muitos casos algo inalcançável pela diferença de preços, face aos automóveis a combustão”.