Mercado de usados acelera na eletrificação

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Dados do Observatório INDICATA mostram que os elétricos usados têm ganho espaço na Europa, com Portugal a destacar-se pela rápida adoção e estabilidade no mercado

De acordo com os dados do Observatório INDICATA, atualmente, os motores a gasolina dominam o mercado de usados na Europa, com uma quota de 45%, enquanto o diesel, em declínio devido a restrições ambientais e políticas de descarbonização, ainda representa 27% das vendas. Já os híbridos começam a ganhar espaço, atingindo valores médios de venda ao nível dos motores de combustão interna.

A eletrificação nos veículos usados enfrenta, no entanto, desafios significativos. Apesar do crescimento do stock de BEVs disponíveis, muitos mercados registaram tempos médios de venda (MDS) elevados, dificultando a sua absorção. Em França, por exemplo, os BEVs demoraram 18 dias adicionais a serem vendidos, em comparação com modelos a gasolina e diesel. No setor de veículos comerciais ligeiros (VCL), a tendência é ainda mais preocupante, com os elétricos a perderem atratividade e a registar tempos de venda superiores a 100 dias.

A pressão sobre os preços também tem sido evidente. Em mercados como o Reino Unido, Alemanha e Itália, a volatilidade dos BEVs usados levou a correções acentuadas de preços nos últimos dois anos, tornando este segmento mais acessível, mas ainda longe de atingir um equilíbrio sustentável.

Portugal destaca-se pela rápida adoção de elétricos novos e usados

Em contraste com muitos países europeus, Portugal tem-se destacado como um dos mercados mais dinâmicos na adoção de BEVs, tanto em novos como em usados. No início de 2025, os elétricos representavam 22,5% das vendas de ligeiros de passageiros novos, um crescimento superior a 40% em janeiro face ao ano anterior.

Apesar da evolução positiva no mercado de novos, a penetração dos BEVs no segmento de usados ainda está abaixo da média europeia, situando-se em cerca de 14%. No entanto, os sinais de aceleração são evidentes, com um crescimento de 80% nas importações de BEVs usados no último ano, totalizando mais de 1.600 unidades registadas em janeiro de 2025.

“Portugal tem demonstrado uma forte resiliência no crescimento do mercado de elétricos usados, impulsionado por ajustes de preços e pelo aumento da disponibilidade de oferta. O facto de os BEVs mais antigos também estarem a encontrar compradores diferencia o mercado português de outros países europeus”, afirmou Andy Shield, diretor global do INDICATA.

Os valores médios de venda (MDS) dos BEVs estão a melhorar, especialmente no segmento de 3 a 4 anos, onde registam, atualmente, os melhores desempenhos de todo o mercado. Além disso, os elétricos mais antigos (5+ anos) representam já 20% das vendas e do stock de oferta, uma tendência pouco comum noutros países.

Enquanto isso, o diesel continua a perder quota de mercado, sobretudo entre os veículos mais recentes, enquanto a gasolina mantém uma procura estável, com ligeiras correções de preços, mas sem uma quebra abrupta na atratividade.

Portugal como referência na eletrificação automóvel

Portugal encontra-se num momento crucial da transição para a mobilidade elétrica, destacando-se pelo rápido crescimento da sua quota de BEVs novos e pelo aumento do interesse no segmento de usados. A estabilidade dos preços, a maior aceitação dos elétricos mais antigos e a ausência de um excesso de oferta sazonal colocam o país numa posição favorável para consolidar esta tendência nos próximos anos.