Novas tendências do Aftermarket

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Os clientes mantêm o seu apreço pelas caraterísticas que tradicionalmente valorizam no aftermarket (em torno da qualidade/preço do serviço e da confiança na oficina), mas tendem a valorizar cada vez mais o tempo gasto na reparação/manutenção, a proximidade geográfica da oficina, e a manutenção da mobilidade enquanto estão privados do automóvel.

Quando ao uso de peças usadas, a recomendação para as empresas do canal independente do aftermarket é a alteração da atual situação de um peso residual destas no negócio do aftermarket automóvel, desenvolvendo uma aposta na oferta de peças usadas, dada a elevada disposição do grosso dos clientes que constituem o seu mercado futuro (os clientes com menos de 30 anos hoje e que, na sua grande maioria, possuem marcas generalistas) para adquirir este tipo de peças.A sustentabilidade ambiental para a qual o setor do aftermarket deve contribuir de uma forma cada vez maior, é outra razão que também justifica a maior atenção a dar às peças usadas.

Em relação à aquisição de peças on-line parece haver alguma desconfiança por parte dos clientes, a qual perdurará para o futuro, uma vez que é extensiva a todas as idades e a todos os tipos de automóveis (desconfiança essa que não é tão elevada para os detentores de automóveis de marca premium, onde quase um terço admite a aquisição de peças on-line). Os BEV passarão a ser largamente maioritários na venda de veículos novos. Contudo, os BEV novos em cada ano serão uma percentagem pequena da totalidade do parque automóvel, pelo que, nas próximas duas décadas, a maioria do parque automóvel será ainda constituída por veículos com motor a combustão.

Estes serão, potencialmente, clientes dos reparadores independentes do canal independente do aftermarket, uma vez que os concessionários de marca tenderão a atender mais os clientes dos novos BEV e a preparar a infraestrutura das suas oficinas para esse atendimento, abandonando progressivamente o atendimento dos veículos com motores combustão. Os centros/auto-fast fit deverão adotar um comportamento similar, embora de forma não tão pronunciada. Quer isto dizer que os tradicionais veículos equipados com motores a combustão, poderão ser, ainda, a principal fatia de negócio dos reparadores independentes, durante esta e a próxima década. Num estudo efetuado pela ANFA, em 2020 e para o caso francês (que tem semelhanças com o caso português, quanto à evolução do parque automóvel), analisou-se o impacto da eletrificação dos carros no aftermarket automóvel, considerando o horizonte de 2036 e três cenários quanto à penetração da eletrificação (baixo, mediano e alto). Os principais resultados enunciam-se nos seguintes pontos: Diminuição do número total de operações aftermarket, decorrente da eletrificação dos veículos automóveis, a qual ocorre fundamentalmente à custa das reparações, as quais são menos necessárias nos veículos elétricos.

– Diminuição do número de horas de mão-de-obra do aftermarket, que atinge os 10% no cenário mediano.

– Diminuição do volume de negócios do aftermarket. A diminuição do número de operações e do número de horas de mão-de-obra do aftermarket, como consequência do avanço da eletrificação dos automóveis, reflete-se no volume de negócios, o qual diminui tanto mais quanto mais rápida for a penetração dos BEV, sendo que no cenário mediano, a diminuição é de cerca de 5%

– Alteração da repartição do volume de negócios do aftermarket entre as diferentes empresas do setor: cerca de 3% do volume de negócios do setor transfere-se dos concessionários de marca para os reparadores independentes, devido ao elevado peso que os veículos com motor a combustão continuarão a ter no parque automóvel, veículos esses que terão uma idade média cada vez mais elevada e cuja manutenção e reparação se deslocará dos concessionários de marca para os reparadores independentes.

– Alteração da composição do volume de negócios dos reparadores independentes. Em 2020, apenas 0,1% do seu volume de negócios era proveniente dos BEV, enquanto que 99,3% (a quase totali- dade) era proveniente dos veículos a combustão. Mas, em 2036 e no cenário mediano, os BEV já representam 9,4% do volume de negócios e os veículos a combustão diminuem o seu peso para 82,2% do volume de negócios. É uma alteração lenta, mas que deverá acelerar na década de 2040, com o fim da vida útil de muitos dos veículos a combustão, que serão inevitavelmente substituídos por BEV.

– Alteração no volume de emprego no aftermarket. A diminuição do emprego, entre 2020 e 2036, atinge os 11%, no cenário mediano, esperando-se que a maioria desta diminuição ocorra nos concessionários de marca e nos centos-auto/ fast fit. No caso dos reparadores independentes, poderá até registar-se um ligeiro aumento de emprego, em consequência da transferência de clientela com veículos a combustão envelhecidos, que deverá ir abandonando os concessionários de marca e os centros-auto/fast fit.