O custo das peças vai continuar a aumentar

O custo médio das peças irá continuar a aumentar muito por culpa da incerteza com a situação que se vive na Ucrânia mas também, e não menos importante, à resposta do Banco Central Europeu à crescente inflação que temos vindo a testemunhar.
Ainda assim, este é um fenómeno complexo para o qual não há respostas simples e cuja resposta do mercado não poderá ser de retração, sob pena de toda a cadeia se ressentir.
A inflação está a conduzir ao aumento dos preços de venda, uma vez que o preço de custo e o preço de venda são interdependentes fazendo com que as alterações introduzam impacto em ambos. Um dos aspetos mais sérios deste aumento do custo médio prende‑se com o consumidor e com a forma como este já está a ser profundamente afetado. A médio prazo, os efeitos diretos da atual taxa de inflação, são a redução do consumo causada pela perda do poder de compra dos consumidores e a perda de capacidade financeira das pequenas e médias empresas, que verão os bancos reduzir o crédito e tornar o preço do dinheiro mais caro, ao mesmo tempo que os seus custos operacionais aumentam e os seus clientes exigem serviços que não podem pagar.
Como consequência da inflação a nível geral e da diminuição do rendimento disponível das famílias, poderemos ter uma acentuada diminuição do consumo de peças automóvel, pois o cliente final poderá começar a optar por prolongar no tempo as manutenções do seu veículo, ou adiar a aquisição de produtos e peças que não sejam essenciais para o seu funcionamento. Se tal suceder assistiremos a uma redução potencial do volume de negócios.
Na gestão operacional da empresa, aumentar faturação não implica o aumento da margem, antes pelo contrário, precisamente pelo fator da inflação a empresa terá de ter o máximo cuidado no equilíbrio entre ser competitiva e manter o nível de serviço a que habituou os seus clientes. É um enorme desafio ao nível da gestão, se a empresa pretender manter a competitividade ao nível de preços, sem comprometer o nível de serviço, tem de ter muitos cuidados nos custos operacionais para que se mantenha saudável.
Uma gestão correta é a única forma de o negócio ser lucrativo, por isso, a oficina deve transmitir sempre uma imagem de profissionalismo, que deve abranger todas as áreas do negócio, desde o momento em que a viatura entra na oficina até ao momento em que é entregue ao cliente. É nestes momentos que as empresas têm de se reinventar, fazer mais com menos, apoiar os seus clientes com mais serviço, com mais apoio à sua atividade para que a sua proposta de valor seja maior e consigam acompanhar o natural aumento de preços.
Quem não diversificar o negócio poderá comprometer o seu futuro. As empresas terão de diversificar o seu negócio, não ficar só pelas peças e aumentar o portfólio de produtos e serviços. No caso das oficinas, é imprescindível a prestação de um serviço de excelência transparente, honesto e com muita clareza.
Apesar na conjuntura difícil que estamos a travessar, acreditamos que o negócio pós‑venda irá manter uma elevada competitividade, quer por ação da grande quantidade de intervenientes e da sua resiliência, quer pela entrada de novas marcas low‑cost no mercado. Todavia, a falta de qualidade de muitas delas, tem levado a que estes ciclos sejam momentâneos, pois os distribuidores de peças procuram produtos competitivos, mas que lhes assegurem uma boa qualidade, sinónimo de continuidade de negócio.
O futuro é difícil de prever, mas sem dúvida que a rápida adaptação vai ser a chave para continuar a lidar com cenários tão inesperados.




