O futuro da formação automóvel

02 - O futuro da formacao automovel

Nos próximos anos o setor automóvel irá assistir a enormes mudanças, ainda difíceis de descrever e quantificar. E não nos referimos apenas às questões técnicas, relacionadas com os veículos elétricos e híbridos, à utilização de diferentes sistemas de motorização e energia, à condução autónoma, etc.. Refirmo-nos, também, aos diferentes modelos de negócio, às alterações nos modelos de distribuição, aos sistemas de car sharing, etc.. E se até aqui não havia dúvidas de que a formação para os profissionais deste setor era importante, agora continuará a ser e, talvez, mais ainda.

Por outro lado, no futuro assistiremos ao aparecimento de novos operadores e novos modelos de formação profissional neste setor. A formação online, nomeadamente com recurso a plataformas de e-learning, a generalização do teletrabalho, entre outros modelos de digitalização, permitirá que players internacionais passem a atuar no nosso mercado. Também aqui, a localização deixou de ser um entrave.

O futuro da formação automóvel em Portugal está intimamente relacionado com a evolução tecnológica neste setor e é indissociável da evolução das profissões. Os novos formatos de formação vão continuar a existir e serão aplicados em função das caraterísticas de cada formação. No entanto, consideramos que na formação inicial deve existir sempre uma elevada componente prática, fundamental, para desenvolver as competências comportamentais e técnicas necessárias para formar bons profissionais.

Consideramos que as oficinas poderão contribuir para um melhor futuro da formação existente neste setor se forem criteriosas na escolha dos locais onde colocam os seus profissionais em formação. É determinante que as oficinas sejam criteriosas e exigentes quando investem na formação dos seus profissionais procurando analisar e relacionar a qualidade dos cursos e o seu respetivo custo. Neste aspeto, trabalhar com uma empresa de formação devidamente acreditada pela DGERT será fundamental.

No âmbito das atividades ligadas ao automóvel, a área da mecatrónica é a que irá ser mais afetada, não apenas na forma como a intervenção será efetuada mas, também, ao nível da necessidade desses profissionais, quando se sabe que, com a eletrificação das viaturas, o número de componentes a verificar cai drasticamente, acrescido do facto de serem mais fiáveis.

A este propósito, é aqui que se constata o desfasamento entre o que os jovens e famílias desejam (serem mecatrónicos) e o que serão as necessidades de mão de obra qualificada na reparação e pintura.

Claro que, neste campo do prognóstico, muita coisa pode acabar por não se verificar, uma vez que existem inovações tecnológicas constantes, como é o atual exemplo das viaturas movidas a hidrogénio, que, queira-se ou não, já está a introduzir novos dados sobre o que até há pouco tempo tomávamos como certo.

Mas, com maior ênfase numa ou outra área ou em determinadas abordagens específicas, a formação para o setor automóvel tem o seu lugar sempre assegurado, uma vez que é dos setores de atividade em que a formação profissional é encarada como um investimento, o que também explica a capacidade de resposta e adaptação das empresas às mudanças contínuas que tem tido ao longo dos anos.

A evolução tecnológica na indústria automóvel nunca foi tão rápida como a que presenciamos atualmente. Naturalmente, os desafios que isso coloca aos profissionais da área são imensos, sendo que formação ao longo da vida será uma necessidade inquestionável.

A formação e atualização dos profissionais continuará a ser assegurada pelos representantes das diferentes marcas automóveis, mas a qualificação de jovens irá sentir cada vez mais dificuldades.

O interesse dos jovens em profissões relacionadas com a colisão (chapa e pintura) e até com a mecatrónica é cada vez menor, o que implicará um investimento na divulgação desta modalidade de formação, por parte das entidades oficiais, para atrair os jovens. Devemos também ter presente que a formação inicial na área automóvel carece de elevados investimentos, só possíveis com apoios de fundos comunitários que são cada vez mais limitados. Outra dificuldade prende-se com a evolução tecnológica destas áreas de atividade. Para que a formação acompanhe a evolução tecnológica e esteja atualizada com as necessidades das empresas, precisa de atualizações frequentes dos referenciais programáticos e também de alguma flexibilidade programática.