“O presente contexto introduziu disrupções nas cadeias de abastecimento”, Luís Almeida, Japopeças
Luís Almeida, diretor geral da Japopeças, está expectante e moderado relativamente à recuperação do negócio, dada a incerteza presente e futura do mercado. “Se por um lado o aumento da idade do parque automóvel português tem um impacto positivo no nosso sector, a menor quilometragem por veículo tem um efeito negativo.
Se por um lado a crise económica generalizada tem e terá repercussões no nosso sector, a mobilidade das pessoas (nomeadamente em viaturas próprias) continua a ser essencial e poderá inclusivamente aumentar enquanto durar este contexto em detrimento do transporte público, entre muitas outras variáveis que poderia enumerar… Ainda não há dados económicos consolidados que nos permitam compreender qual dos dois lados da balança tem mais peso, por isso admitimos ambos os cenários como possíveis”, começou por referir este responsável.
Relativamente aos ensinamentos que a pandemia trouxe para a Japopeças, Luís Almeida destaca “a reconhecida importância da digitalização dos processos nas organizações; a utilidade das ferramentas de comunicação à distância; a capacidade de adaptação rápida às novas regras impostas, por último e mais importante, resiliência. O que mudou no funcionamento da empresa foram essencialmente os processos em consonância com as normas da DGS. Por outro lado, melhoramos a utilização de recursos de comunicação à distância nomeadamente Skype, WhatsApp, Teams e email, entre outros.”
Para a Japopeças, a pandemia introduziu disrupções de vária ordem nas cadeias de abastecimento. “Claramente as maiores dificuldades que enfrentamos são a reposição de stocks em tempo útil, o aumento generalizado do preço dos produtos e os custos de transporte associados aos processos de importação, tanto marítimo, terrestre e aéreo”, assegura Luís Almeida.
Para este responsável “a fidelização dos clientes passa pela qualidade dos produtos, pela disponibilidade dos mesmos e pela qualidade do serviço prestado desde a identificação ao correto fornecimento das encomendas. Só garantindo estes três vetores poderemos continuar a merecer a preferência dos nossos clientes. Trabalhamos todos os dias e fazemos o maior esforço para assegurar essa qualidade.”
A atual versão da plataforma B2B da empresa já tem 5 anos de existência, sendo um processo consolidado que conta já com uma representatividade grande nas vendas. “Nesta fase queremos evoluir e dotar a plataforma de mais recursos. Sabemos o que falta e o que podemos melhorar, por isso já estamos a trabalhar nessa melhoria”, antecipa Luís Almeida, que acrescenta: “Acredito que mais do que surgirem novas soluções digitais passarão a ser usadas de forma mais massificada as que já existem e que nunca param de evoluir. Aqui se inserem as plataformas B2B, ferramentas de identificação como TecDoc, ferramentas de comunicação como Skype, WhatsApp e Teams, entre outras.”
É um facto que o presente contexto introduziu disrupções nas cadeias de abastecimento que se traduzem numa maior escassez de stock disponível, no aumento do custo das matérias primas e transporte que se refletem num aumento generalizado dos custos e, portanto, dos preços de venda igualmente. Luís Almeida não acredita que seja possível, muito menos saudável, aumentar a pressão sobre as margens. “Em primeiro lugar porque creio que o mercado já vivia no seu limite de competitividade e sustentabilidade (mesmo antes da pandemia). Em segundo lugar porque esse caminho coloca as empresas a viver numa lógica de sobrevivência não gerando receitas que lhes permitam reinvestir na sua melhoria contínua nem abraçar novos projetos. Seguir esse caminho não é desejável e muito menos sustentável”, ressalvou.
Independentemente da pandemia, há anos que Luís Almeida considera que o sector seguiria o caminho normal de tirar partido de economias de escala, isto é, menos players no mercado, mas incomparavelmente maiores. “Isso está a acontecer faz anos e continuará a acontecer seja por via de aquisições, fusões, integrações ou formação de grupos. Não creio que a crise do Covid-19 nem o período 2021-2022 acelere esses projetos, pelo contrário, os constrangimentos sanitários podem atrasar a execução prática de projetos já planeados anteriormente, que já existiam, existem ou irão existir independentemente da pandemia”, considera.
À luz do ano 2020 já fechado e partindo do pressuposto que 2021 não será pior, Luís Almeida acredita que poderemos ter um 2021 igual a 2019. “Contudo, voltando ao início estamos num contexto de elevada incerteza e ainda não há dados estatísticos consolidados que nos permitam sustentar esta tese”, conclui.