Oficinas de rede digitalizam mais depressa
Se há um domínio do setor automóvel onde a digitalização das empresas se desenvolve com especial lentidão é o da pós-venda. Isso representa um custo significativo do ponto de vista da ineficiência e da falta de competitividade de muitas empresas de reparação
A adoção por parte das oficinas de reparação de ferramentas tecnológicas para melhorar a sua eficiência em todos os âmbitos da gestão empresarial é muito menor do que a ocorre nas empresas de venda de veículos. Não obstante, o grau de implantação não é homogéneo. As oficinas dependentes do canal oficial das marcas de automóveis costumam assumir a dianteira tanto no que se refere às ferramentas para a gestão empresarial do negócio como nas que têm que ver com a captação e fidelização de clientes. No caso das oficinas independentes, que percentualmente representam um número muito maior de empresas, o grau de digitalização é sensivelmente inferior, com exceção daqueles negócios que operam ao abrigo de uma rede.
O surgimento de um cliente final que inicia a procura da oficina para fazer a manutenção e reparar o respetivo automóvel na Internet, é um fator que favorece a digitalização das oficinas. Este novo tipo de cliente exige, cada vez mais, não só que a oficina a que leva o seu veículo esteja na Internet, mas também que o faça de uma determinada forma, contribuindo com o valor necessário para que o mesmo seja atraído e sinta confiança. Daí que os reparadores que contam com uma sólida presença na Rede (disponham de abundante informação, permitam realizar orçamentos online ou fazer uma marcação prévia, por exemplo) tenham uma clara vantagem competitiva. Por outro lado, pela perspetiva da gestão económica do negócio e da otimização dos processos de produção, está a ser muito eficaz a inclusão de ferramentas como DMS, CRM ou programas de avaliação entre os padrões de qualidade que as companhias seguradoras ou as empresas de renting exigem às oficinas para trabalharem com elas. Contudo, o atraso na adoção de ferramentas digitais não impede que existam oficinas que já estejam a recorrer às mesmas para melhorar o seu posicionamento e competitividade.
Como conclusão, de referir que a digitalização numa empresa dedicada à manutenção e reparação de veículos contempla a totalidade da mesma, de forma transversal, todas as áreas funcionais, todos os processos e todas as pessoas. E estabelecem-se, para facilitar a análise e a reflexão, quatro âmbitos de digitalização: o da cultura da empresa, da gestão dos recursos humanos e da transformação das equipas; o da otimização dos processos de produção e das operações; o do marketing e da relação com o cliente; e o do controlo de gestão, da supervisão do gestor dos rácios económicos fundamentais da empresa e da tomada de decisões com boa informação e de forma ágil e eficaz.