“Os distribuidores de peças terão que se adaptar”, Ricardo Caldas, Dayco

12 - Ricardo Caldas Dayco

O fabricante de correias de distribuição tem registado uma tendência maior para a venda em kit e menor em componentes individuais e Ricardo Caldas, Diretor de vendas da Dayco para Portugal, considera que as mudanças iminentes no negócio do aftermarket trarão uma “rentabilidade menor, o que levará à necessidade de uma melhoria de eficiência geral e redução de custos”

O negócio, esse, continuará a ser “difícil, de pequenos desafios num universo gigante que é a indústria automóvel”. Ricardo Caldas entende que “já estamos a viver essa mudança, mas ainda não temos exatamente essa consciência. A concentração e internacionalização é uma realidade já de alguns anos a esta parte. O automóvel também já está num processo irreversível de mudança. Tal como na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, analisa.

Importa que os distribuidores de peças se adaptem “a uma nova realidade de consumo que se faz hoje e cada vez mais pela internet. E como se esta mudança não fosse suficiente, a urgência climática vai trazer impactos profundos na nossa sociedade, que são ainda difíceis de medir enquanto sociedade, muito mais para os distribuidores de peças. Mas estas mudanças serão graduais, os melhores e os mais bem preparados terão sempre um papel chave, influenciando também essas mesmas mudanças”, comenta o diretor de vendas, que acredita que perante a descida da rentabilidade, há a necessidade de “aumento de eficiência, o que fará naturalmente com que exista cada vez mais uma profissionalização na gestão de stocks”. Não que tenha havido “pouca atenção ou redução da atenção dos distribuidores na gestão de stocks”, afirma, o que houve foi “uma tendência generalizada de assumir um crescimento do volume de stock, fruto da incerteza que já se assistiu no mercado e da própria inflação”.

Sobre a realidade da concentração da distribuição, pela qual Portugal está a passar, o representante da Dayco diz que este “será sempre um processo gradual, tal como já está a acontecer. E será sempre parte de um ciclo, que a longo prazo se poderá inverter. Mas neste momento e no futuro próximo é esta a realidade que vivemos, com fusões, aquisições, concentração, profissionalização, eficiência máxima e menor rentabilidade numa parte significativa dos elos da cadeia de distribuição”. Ricardo Caldas acredita que a estabilidade no setor da distribuição pode ter os dias contados. Apesar de, a seu ver, se esperar uma quebra no negócio desde o fim da pandemia, “que podemos considerar que foi janeiro ou fevereiro de 2022, e isso ainda não aconteceu! Por outro lado, acredito que as subidas sucessivas das taxas de juro, comecem a causar algum dano”.