Receitas do setor de baterias excederão US$ 168 bilhões até 2030
A indústria de baterias pode vir a ser uma das mais significativas nos próximos 10 anos, de acordo com a GlobalData, que prevê que as receitas ultrapassarão US$ 168 bilhões até 2030
De acordo com o último relatório da GlobalData, ‘Batteries – Thematic Research’, as receitas da indústria de baterias ficaram em US$ 55 bilhões em 2020. Espera-se um crescimento de 14% da taxa de crescimento anual composta (CAGR) para 2030, principalmente impulsionado pelas vendas de baterias de íons de lítio.
Daniel Clarke, analista da equipa de Inteligência Temática da GlobalData comenta: “Os governos devem desempenhar um papel maior no incentivo à mineração, refino e produção de células de bateria. As razões para isso são duplas. Em primeiro lugar, um desafio emergente para a próxima década será saber se a extração de recursos naturais e matérias-primas como lítio, níquel, cobalto e grafite podem atender à crescente procura de baterias. Mais fábricas podem ser anunciadas, mas de onde virão todas as matérias-primas? Apesar de finitos, esses materiais não são raros, sendo necessário um maior investimento”, acrescentando ainda “Em segundo lugar, enquanto grande parte do mundo se concentra no atual cabo de guerra geopolítico sobre energia entre a Rússia e o mundo ocidental, uma nova batalha geopolítica de energia limpa está a ser travada em toda a cadeia de suprimentos de baterias de íons de lítio. Os governos ocidentais acordaram para a sua potencial fraqueza em relação à China e estão a incentivar pesada e ativamente as empresas a construir uma cadeia de suprimentos regionalizada de baterias de íons de lítio. O lítio é abundante, mas é necessário um investimento significativo em novas minas de rocha dura para atender à crescente procura desenfreada”, revelou Daniel Clarke.
O relatório da GlobalData observa que a China tem uma posição muito forte em mineração, refino e produção de células, com quase monopólio em vários estágios da cadeia de suprimentos.
Michael Orme, Analista Consultor da equipa de Inteligência Temática da GlobalData comentou: “A CATL, fabricante de baterias com sede na China, faz parte do ‘plano mestre da China Inc’ para dominar a indústria global de baterias altamente estratégica – e, no processo, o veículo elétrico global (EV). Isso será alcançado com base em subsídios generosos, um mercado doméstico cativo grande e crescente, regulamentações brandas e os muitos benefícios que o controle da China tem sobre a cadeia de suprimentos global de materiais de bateria. “O CATL veio praticamente do nada há cinco anos, para comandar mais de 30% do mercado global, que é o dobro da participação do oligarca de baterias anterior, a Panasonic. Em 2018, tanto a CATL quanto a Panasonic tinham cerca de 16% do mercado. Não apenas isso, mas o poder da CATL está a aumentar às custas de outras principais operadoras, como LG Chem e Samsung SDI. Os principais clientes estrangeiros – principalmente a Tesla, VW, BMW e GM – agora aceitam que têm pouca opção a não ser tornar a CATL um núcleo estratégico das suas cadeias de suprimentos globais”, afirmou.
O relatório da GlobalData também observa que o incentivo do governo, para mineração e refino de matérias-primas, é fundamental para que o mundo atinja as suas metas climáticas, juntamente com iniciativas de reciclagem de baterias.
Dr. Lil Read, Analista Sénior da equipa de Inteligência Temática da GlobalData, comenta: “A reciclagem de baterias é imperativa para minimizar o impacto ambiental e evitar o esgotamento de recursos naturais finitos. Muitas empresas começam a reconhecer a necessidade e a oportunidade financeira da reciclagem de baterias, com líderes globais como a Redwood do fundador da Tesla, JB Straubel, e a fabricante europeia de baterias Northvolt. Embora as esperanças de uma economia circular de baterias estejam muito distantes, os grandes fabricantes de baterias podem eventualmente procurar integrar verticalmente os recursos de reciclagem. Até 2030, a criação de uma economia circular de baterias será uma tendência central da indústria e reduzirá radicalmente as dependências geopolíticas, ajudará a descarbonizar o setor de mineração ecologicamente sujo e garantirá que a indústria seja sustentável a longo prazo”, concluiu Dr. Lil Read.
