Setor automóvel em Espanha pede medidas urgentes ao Governo
O setor automóvel em Espanha mostra-se coeso como nunca e pede, em uníssono, ao Governo que aprove um conjunto de medidas urgentes de apoio à recuperação económica e sanitária causada pela pandemia de Covid-19.
Fabricantes de veículos, fornecedores, concessionários, oficinas, operadores de renting, locadoras e atividades de reciclagem e sucata que compõem toda a cadeia de valor, bem como outras associações de veículos a motor. Nunca, como agora, o setor automóvel em Espanha esteve tão unido em prol de uma causa.
A uma só voz, 16 associações espanholas (onde se incluem automóveis e outros veículos, como industriais, autocarros, motociclos e ciclomotores) solicitam ao Governo que aprove um conjunto de medidas urgentes de apoio à recuperação económica e sanitária causada pela pandemia de Covid-19.
Todas têm plena consciência do drama humanitário e sanitário causado pela crise do novo coronavírus. E, tal como toda a sociedade espanhola, dão total prioridade no combate à Covid-19 e à recuperação de todos os infetados. “Cada um, dentro das suas possibilidades, contribui com o seu esforço de modo a reduzir o custo humano e social”, pode ler-se no comunicado conjunto.
“Infelizmente, o nosso setor foi (e é) um dos mais afetados do ponto de vista económico por esta pandemia. A necessidade de proteger os nossos trabalhadores, juntamente com as restrições impostas pelo Estado de Emergência, levaram a uma cessação total da atividade produtiva e comercial, o que nos coloca numa situação bastante difícil, não apenas a curto prazo, mas, também, depois de as medidas serem, gradualmente, levantadas”, acrescenta o mesmo documento.
Por um lado, a limitação de serviços essenciais mínimos prestados por oficinas e atividades com elas relacionadas provocou uma queda de 95% na faturação e levou ao encerramento total da atividade dos concessionários, conduzindo a uma descida de 69% nos pedidos de matrículas em março, situação que se agudizará em abril, onde se registam quebras diárias de 90%.
E mesmo que a atividade comercial recupere no próximo mês de maio, a crise económica gerará um cenário de grande incerteza junto de consumidores e empresas derivado da sua própria instabilidade financeira e emprego.
A cadeia de valor industrial está paralisada em toda a sua extensão desde o dia 16 de março devido à grave crise sanitária que se abateu sobre Espanha e a Europa, onde fábricas e atividades comerciais também pararam. E mesmo que as fábricas espanholas comecem gradualmente a laborar a partir de abril, demorarão meses até regressar aos níveis de produção necessários.
Esta situação teve um impacto significativo no emprego. Estima-se que, pelo menos, 350 mil funcionários do setor (incluindo fabricantes, componentes e distribuição) tenham recorrido à suspensão temporária para aliviar o impacto negativo da interrupção da atividade.
E essa recuperação também será gradual e estará fortemente condicionada pela criação de medidas de revitalização da economia. No entanto, esta reativação requer apoios fortes e ágeis, focados na dinamização do mercado e da produção, que permitam ao setor recuperar o efeito impulsionador que têm na economia.
Perante tudo isto, as 16 associações do setor automóvel em Espanha que assinaram a petição representam, em conjunto, 10% do PIB e 9% do emprego. É dos setores industriais com maior peso específico, investimento e emprego no país, além de ser fundamental nas exportações e no equilíbrio da balança comercial. Finalmente, é um setor considerado fundamental para a recuperação económica, devido ao seu grande efeito impulsionador sobre muitas outras atividades industriais e de transporte.