“Temos a constante preocupação de desenvolver parcerias”, Saulo Saco, Leirilis
Após 35 anos a laborar no mercado automóvel, a pandemia trouxe à Leirilis uma nova filosofia “É necessário antecipar as mudanças e estar preparado para responder rapidamente ao mercado. Para tal, há o foco na melhoria nas plataformas digitais, um contacto mais próximo do cliente e aposta na rede própria de distribuição, afirma Saulo Saco, diretor geral da Leirilis.
Como tal, a constante evolução do setor automóvel aliado a um ano e meio de pandemia, levaram a Leirilis a duplicar a aposta nas marcas do seu portfólio “ a Leirilis destaca-se pela constante disponibilização de novos produtos, de forma a que oficina consiga num único local encontrar tudo o que necessita para desenvolver o seu negócio, como se de uma “loja do cidadão”, mas na área automóvel, se tratasse… Exemplo disso, está a preparar para este ano o alargamento da gama de motores de arranque e alternadores da marca própria Sacorge”.
Para Saulo Saco, a simples venda de peças “não é suficiente, dado que a oficina procura um parceiro de negócio. Assim, esta aposta cada vez mais em serviços, disponibilizando desde software de orçamentação e informação técnica, assistência técnica até à formação, permite à oficina estar na vanguarda das mudanças que ocorrem no sector, bem como oferecer ao seu cliente um serviço mais assertivo”, explicou.
A Leirilis é agora uma Entidade Formadora Certificada pela Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). Qual a importância desta Certificação da DGERT para a empresa?
O objetivo da Leirilis é oferecer aos seus clientes um leque de serviços que permitam o desenvolvimento de parcerias sustentáveis e duradouras. Ao ser uma Entidade Formadora Certificada pela DGERT garantimos a qualidade do serviço prestado e assim, a diferenciação da concorrência.
Têm realizado ações de formação para as oficinas clientes? Que tipo de ações de formação têm previsto realizar ainda este ano?
As ações de formação disponibilizadas ao mercado têm tido uma grande aderência, tendo em conta a situação atual, onde várias medidas de segurança têm de ser tomadas. Para este ano estão previstas várias ações, em Leiria e Braga, sendo elas: Caixas de Velocidades Automáticas, Caixas de Velocidades DSG, Injeção Direta Gasolina, Métodos de Diagnóstico Sistema de Gestão do Motor, Gestão Oficinal e Marketing Digital.
Como está a decorrer a adesão das oficinas aos projetos das redes RedService e Oficinas DP? Quantas oficinas aderentes fazem já parte destas redes e qual a sua importância para o negócio da Leirilis?
A RedService é uma rede com uma presença no mercado já numa fase madura, tendo tido um crescimento exponencial nos primeiros anos, atualmente observa adesões todos os anos, contando atualmente com a adesão de mais de 50 oficinas. A rede Oficinas DP, é mais recente, tendo sido lançada há menos de um ano em Portugal, contando já a adesão de 10 oficinas no país. Para a Leirilis a adesão das oficinas ao nossos projetos de redes oficinais tem um impacto muito positivo no nosso negócio, dado que consegue estar mais próximo do mercado e assim responder de forma mais eficaz às necessidades do mesmo e construir uma relação duradoura com os nossos clientes.
Considera que ainda há espaço para o aparecimento no mercado de mais redes de oficinas? Porquê?
As oficinas estão cada vez mais conscientes da necessidade de realização de parcerias para fazerem o seu negócio crescer de forma sustentada. Neste sentido, sentimos que ainda há espaço para o aparecimento no mercado de mais redes oficinais.
De que forma a Leirilis proporciona serviços que ajudam as oficinas a gerir melhor os seus negócios diariamente?
As principais apostas são o foco no cliente e para isso há investimento em comunicação e promoção dos serviços da rede, apostando nos canais de comunicação já existentes e desenvolvendo novos canais que visam atingir um maior número de pessoas, aumentando a notoriedade da rede e, consequentemente, aumentar o número de entradas diárias nas oficinas da rede. Há a constante preocupação em desenvolver parcerias com outras entidades que visam estimular a atividade da oficina, além disso, há o desenvolvimento de novos serviços oferecidos à oficina para que estas tornem o seu negócio mais sustentável. Esta é uma forma de trazer às redes segmentos diferenciados de clientes, que chegam ao ponto de venda por intermédio de um parceiro com quem negociamos condições vantajosas para usufruírem dos nossos serviços. Por outro lado, este é um excelente motor da nossa expansão geográfica, pois ao alargar o âmbito de atuação, por força dos parceiros, acabamos por ter também mais solicitações em zonas onde ainda não operamos.
Ao final de dois anos de pandemia, os efeitos da crise para o negócio da Leirilis foram piores ou menores do que esperavam?
O setor automóvel e dos transportes, definidos como setores de primeira necessidade, ou seja, “aqueles que nunca param”, o impacto da pandemia não foi tão nefasto como, infelizmente, se verificou noutros setores que paralisaram completamente. No nosso setor, os efeitos foram menores ao esperado.
Quais os grandes ensinamentos que a pandemia trouxe para a Leirilis, a nível da gestão, estratégias comerciais e prestação de serviços?
É necessário antecipar as mudanças e estar preparado para responder rapidamente ao mercado. Para tal, há o foco na melhoria nas plataformas digitais, um contacto mais próximo do cliente e aposta na rede própria de distribuição.
Decorrente de toda esta situação pandémica, os fornecedores estão a ter falhas de stock com alguma relevância. Que efeitos está a ter na vossa atividade a dificuldade de abastecimento de peças junto dos vossos fornecedores e que alternativas foram levadas à prática para compensar essas dificuldades?
A Leirilis procura antecipar estas falhas, colocando no seu stock os produtos com maior rotação, os indispensáveis às manutenções diárias dos veículos automóveis, aumentando assim o seu nível de stock.
Considera que os preços das peças vão aumentar nos próximos tempos?
Ao acompanhar a evolução do mercado, verifica-se que há escassez de matéria-prima para a produção dos componentes, o que acarretará num aumento do custo de produção, que por sua vez levará a um aumento dos preços das peças.
Como a Leirilis tem conseguido minimizar o impacto das devoluções a nível de custos e recursos humanos afetos à gestão dessas devoluções?
A Leirilis desenvolveu uma plataforma digital para a gestão quase automática para as devoluções por parte das oficinas. A oficina consegue perceber de imediato se a sua devolução é aceite ou não e se a mesma acarreta custos adicionais. Sendo assim, é possível poupar tempo e recursos tanto para a oficina, como para a Leirilis.
Com o endurecimento da legislação em matéria da “segurança dos componentes”, a homologação de peças de substituição pode aumentar, designadamente para o sistema ADAS. Considera que esta situação pode condicionar a atividade dos distribuidores de peças aftermarket?
Para a Leirilis não terá impacto na sua atividade, dado que a sua aposta é única e exclusivamente em marcas que garantam a qualidade dos produtos OE. Relativamente aos restantes operadores do mercado, terão que estar atentos para cumprir estes requisitos.
A base do negócio pós-venda automóvel é o acesso à informação e aos dados. Como está a Leirilis a adaptar-se e esta nova realidade?
A Leirilis vai muito mais além da entrega da peça, há a constante criação de novos serviços que geram valor para a oficina, como a criação de plataformas online com acesso aos dados do veículo (identificação, manutenção, dados e instruções de reparação,…), permitindo assim aos utilizadores uma experiência diferenciada e personalizada; acesso a formação de forma a acompanhar o desenvolvimento da tecnologia automóvel.
Os fabricantes de automóveis estão cada vez mais ativos no mercado pós-venda. Como vai ser no futuro a convivência entre as marcas de origem e as de aftermarket?
Atualmente, verificam-se dois acontecimentos: as novas tecnologias e a mobilidade tornam o mercado cada vez mais competitivo; os fabricantes de automóveis / concessionários estão a criar canais de distribuição de peças não só das próprias marcas, mas também de marcas alternativas. Estes dois fatores exigem à distribuição uma atenção redobrada e respostas cada vez mais rápidas num mercado cada vez mais exigente de forma a não perderem volume de negócio e não entrarem na batalha de preços que se tem vindo a verificar.
Os veículos elétricos requerem menos manutenção do que os veículos a combustão. Como a Leirilis está a preparar-se para compensar as perdas de faturação que estes veículos vão originar?
Apesar dos veículos elétricos não necessitarem de mudanças de óleo, filtros ou velas não implica uma redução direta no serviço das oficinas, dado que precisam de outro tipo de manutenção, como travões, pneus e baterias. Para a realização deste tipo de serviços é necessário que a oficina esteja preparada tecnicamente, tanto com ferramentas, como com pessoal qualificado. Cabe então à Leirilis antecipar as necessidades do cliente e estar preparada para oferecer estes produtos e serviços e assim diferenciarem-se da concorrência.
Quais serão as maiores ameaças e, por outro lado, quais serão as maiores oportunidades de toda esta evolução do negócio aftermarket?
Não se considera uma ameaça, mas sim um desafio: a oficina estar qualificada para a reparação e manutenção deste tipo de veículos e os distribuidores terem a capacidade de partilhar o know-how com a oficina. Relativamente às oportunidades, falamos no surgimento de novas áreas de negócio, levando à diversificação da área de atuação.
Que análise faz do mercado de distribuição de peças automóvel em Portugal e como vê o futuro dos canais aftermarket e de peças originais?
O negócio da distribuição de peças como o conhecemos não se irá manter por mais tempo, pois a oferta é superior à procura, além disso há ainda a tendência para reduzir a margem nas peças. Pelo que se torna imperativo e crítico para a sustentabilidade de qualquer negócio oferecer ao mercado produtos e serviços de valor acrescentado.
Qual a sua opinião relativamente aos protagonistas do mercado pós venda automóvel? Considera que os canais de distribuição tradicional vão manter-se: Fabricantes – Distribuidores – Retalhistas – Oficinas?
Temos duas realidades: a oficina está cada vez mais exigente, não faz stock, solicitando a entrega da peça o mais rápido possível, o que traz ao retalho uma vantagem competitiva neste aspeto, dado a sua proximidade do mercado; os fabricantes estão a criar os seus próprios canais de distribuição, levando a uma guerra de preços, podendo aqui os retalhistas perder competitividade no mercado.