“Vender soluções e encontrar produtos e canais alternativos”, Manuel Vicente, Rodapeças
A Rodapeças tem vindo a ampliar o portefólio de soluções para os clientes, com produtos desde peças de reposição auto até ferramentas, equipamentos, consumíveis ou calçado técnico.
A empresa distribui em exclusivo a marca própria PADOR que, nas palavras do administrador, Manuel Vicente, “é uma marca de sucesso, cuja aceitação tem sido muito superior às expetativas”. Também o Programa de Fidelização PADOR AUTOSERVICE tem tido “uma evolução muito favorável, contando com 60 aderentes”, revela.
Manuel Vicente é da opinião que o endurecimento da legislação em matéria da segurança dos componentes pode condicionar a atividade dos distribuidores de peças aftermarket “se não forem dadas ferramentas ao aftermarket para codificar essas peças”, avisando que se tal não for feito de forma regulada, “poderemos ter hackers a especializarem-se nesta área e o mercado sofrerá com tal situação”.
Já no que diz respeito à eletrificação do parque automóvel, o gerente afirma que “apesar de vendermos menos peças, o que vendermos também vai ser de valor acrescido. Temos de nos focar na venda de soluções. Todos os desafios que o aftermarket tem pela frente, encaramo-los como grandes oportunidades”.
A Rodapeças tem diversificado o seu portfólio de marcas e gamas de produto para o aftermarket? Quais as mais recentes incorporações e novidades na vossa oferta de produtos?
A Rodapeças tem ampliado o seu portfólio de soluções para os seus clientes. Nestas soluções também existem produtos que vão desde as tradicionais peças de reposição auto até ferramentas, equipamentos, consumíveis, calçado técnico e muito mais.
Quais os grandes ensinamentos que a pandemia trouxe para a Rodapeças, a nível da gestão, estratégias comerciais e prestação de serviços?
O que aprendemos com esta pandemia, foi a necessidade de termos as nossas estruturas muito bem preparadas para nos adaptarmos rapidamente a mudanças profundas. A gestão do negócio muito rigorosa e atempada, trouxe-nos alguma tranquilidade em momentos de grande incerteza. Um outro ensinamento, que só nos ajudou a reforçar algo que já faz parte do ADN da empresa, é que as Pessoas fazem toda a diferença. A equipa Rodapeças foi fantástica num momento em que a empresa muito necessitou da sua cooperação e compreensão.
Como a Rodapeças tem conseguido minimizar o impacto das devoluções a nível de custos e recursos humanos afetos à gestão dessas devoluções?
As devoluções fazem parte do nosso negócio e o que tentamos é mitigar este custo, que se transforma em perda de rentabilidade e produtividade para todos os intervenientes. Trabalhamos com as principais ferramentas digitais de identificação de peças para que a peças enviada seja a correta. A nossa equipa tem um conhecimento profundo de peças auto multimarca. Temos frota própria para entrega e recolha de peças. Existe uma pessoa na Rodapeças que é responsável pelas devoluções.
Decorrente de toda esta situação pandémica, os fornecedores estão a ter falhas de stock com alguma relevância. Que efeitos está a ter na vossa atividade a dificuldade de abastecimento de peças junto dos vossos fornecedores?
Efetivamente é uma situação perfeitamente atípica. Temos de viver com ela, recorrendo a soluções alternativas às tradicionais.
Que alternativas foram levadas à prática para compensar essas dificuldades?
Em algumas linhas de produto, tentamos um stock mais robusto, para conseguirmos dar respostas atempadas aos nossos clientes.
A perda de margem na comercialização das peças está a criar dificuldades às empresas de distribuição. Como se pode alterar esta situação?
A perda de margem nos produtos, é uma tendência faz já alguns anos. Temos de vender soluções e encontrar produtos alternativos e canais alternativos.
Com o endurecimento da legislação em matéria da “segurança dos componentes”, a homologação de peças de substituição pode aumentar, designadamente para o sistema ADAS. Considera que esta situação pode condicionar a atividade dos distribuidores de peças aftermarket?
Pode condicionar, se não forem dadas ferramentas ao aftermarket para codificar essas peças. Se não o fizerem duma forma regulada, poderemos ter hackers a especializarem-se nesta área e o mercado sofrerá com tal situação.
A base do negócio pós-venda automóvel é o acesso à informação e aos dados. Como está a Rodapeças a adaptar-se a esta nova realidade?
A Rodapeças está rodeada de parceiros especialistas nestas áreas com uma forte componente digital e, confia que não terá qualquer problema em estar no lugar que lhe compete para continuar a servir os seus clientes duma forma muito profissional.
Os fabricantes de automóveis estão cada vez mais ativos no mercado pós-venda. Como vai ser no futuro a convivência entre as marcas de origem e as de aftermarket?
Os fabricantes de automóveis estão a tentar entrar no IAM faz décadas. É verdade que a eletrificação e o regulamento MVBER, podem altera algumas coisas nos próximos anos, mas a Rodapeças vê essa entrada como uma oportunidade e até a possibilidade de aprender com esses novos players. Seguramente aportarão algo de novo ao nosso setor.
A concentração do negócio da distribuição de peças é uma realidade. Considera que esta tendência vai continuar na Europa e em particular no nosso país?
A concentração do negócio tem vindo a ser feita faz já mais de uma década e continuará a seguir o seu caminho. A dimensão de grandes grupos de distribuição são muito interessantes, mas também têm os seus desafios que uma PME e ainda mais familiar, pode contornar como a decisão rápida e o empresário que está diariamente no negócio, conhecendo a sua equipa e os seus clientes.
Os veículos elétricos requerem menos manutenção do que os veículos a combustão. Como a Rodapeças está a preparar-se para compensar as perdas de faturação que estes veículos vão originar?
Acreditamos que apesar de nas viaturas elétricas vendermos menos, o que vendermos também vai ser de valor acrescido. Por outro lado, temos de nos focar na venda se soluções, nomeadamente todas aquelas que beneficiarem o negócio dos nossos clientes oficinas.
Quais serão as maiores ameaças e, por outro lado, quais serão as maiores oportunidades de toda esta evolução do negócio aftermarket?
Todos os desafios que o aftermarket tem pela frente, encaramo-los como grandes oportunidades. Temos de conseguir ir ao encontro das necessidades dos nossos clientes e, criarmos uma relação de entreajuda. A ausência de cooperação institucional no setor, talvez possa ser uma das grandes ameaças a curto/ médio prazo.
Tendo em conta a sua experiência no setor da distribuição de peças, que análise faz do mercado de distribuição de peças automóvel em Portugal e como vê o futuro dos canais aftermarket e de peças originais?
Acreditamos que a separação entre o aftermarket e as peças originais terão uma tendência para se alterarem no figurino atual. Se nas peças de viaturas de combustão interna, os fabricantes até gostariam de ver alguns distribuidores a fazerem esse trabalho, já nas peças dos elétricos, existirá uma tendência para controlar a cadeia de distribuição.
Qual a sua opinião relativamente aos protagonistas do mercado pós-venda automóvel? Considera que os canais de distribuição tradicional vão manter-se: Fabricantes – Distribuidores – Retalhistas – Oficinas?
A nossa opinião é que todos esses canais se vão manter, mas nem todos os players vão sobreviver. Só ficarão aqueles que conseguirem apresentar soluções de valor acrescentado aos seus clientes.