“Vamos continuar a trabalhar para continuar a crescer”, Carlos Gonçalves, Filourém
Há um ano, a Filourém investiu na remodelação das instalações, triplicando a área de armazenagem, que atinge neste momento os 4.000 m2 e as 60 mil referências. Como consequência, a faturação cresceu a dois dígitos e agora a empresa pretende repetir o feito, depois de um primeiro trimestre que arrancou “com mais calma”, como nos conta o diretor-geral, Carlos Jorge Gonçalves
Constituída em 2002, a Filourém é hoje um nome reconhecido no aftermarket nacional, comercializando mais de vinte marcas na área das peças de reposição. O Jornal das Oficinas viajou até Ourém, onde esteve à conversa com o diretor-geral Carlos Jorge Gonçalves, que nos traçou os objetivos a curto e médio prazo da empresa.
Um ano depois de inaugurar as novas instalações, o responsável não poderia estar mais satisfeito com a aposta feita. A nova infraestrutura foi pensada para o negócio, com o espaço todo organizado, como “num fato à nossa medida”, indica. Carlos Jorge Gonçalves explica que tiveram em conta “a questão logística do transporte, carregar e descarregar, e a entrada e saída de material”, numa obra que teve como objetivo não só aumentar a área total para stock – que passou para 4.000 m2 e mais de 60 mil referências – mas também “dar mais conforto, mais espaço e mais modernidade aos colaboradores. Neste edifício novo adicionámos serviços, como casas de banho, cozinha, refeitório, um pequeno ginásio e um escritório mais amplo. Agilizámos também todo o circuito de entrada e saída de material, de pedidos, compras e vendas”, refere, mencionando que “a ideia era mesmo melhorar e não vejo como não tenha melhorado, é óbvio que teve os seus custos, mas foi para melhor, claro!”.
Esta remodelação trouxe à empresa maior espaço de manobra e veio dar um impulso grande às vendas que, já nos últimos anos, têm tido crescimentos de dois dígitos: “Para aumentarmos as vendas, tivemos que reforçar o stock, tanto horizontal, como verticalmente, porque se não tivéssemos material não vendíamos e depois era impossível crescer. Em 2022 introduzimos sete marcas novas e no ano passado a Zeta-Erre, que está a correr francamente bem e é uma marca com muito potencial e que tem tido uma ótima recetividade”, aponta o diretor.
Fusões são tendência
Atento ao mercado, Carlos Jorge Gonçalves não está alheio aos fenómenos que vêm acontecendo no setor. Apesar de ainda não estar integrada num grupo de compras internacional, a Filourém não põe de lado essa hipótese e, “se for positivo para os dois lados”, é mesmo “uma forte possibilidade”, admite, esclarecendo que “numa primeira fase não pensávamos nisso, porque estávamos envolvidos em muitas frentes e estávamos mais numa dinâmica normal de compra e venda, mas, entretanto, já tivemos algumas conversas. Está em cima da mesa e quando for bom para ambas as partes (e às vezes até há mais de duas partes envolvidas), poderemos chegar a essa conclusão. Até porque a tendência será as fusões e integração nos grandes grupos”. Da mesma forma, entrar numa rede de lojas ou de oficinas padronizadas, “só se poderia proporcionar inserido num grupo, de outra forma não”, assume o responsável.
Marcas parceiras
Desde há muitos anos que a Filourém trabalha com a Japko e a Original Birth, que são já marcas bandeira da casa. Entretanto, entraram no portfólio outras, também renomadas, “porque marcas premium toda a gente conhece e às vezes é difícil inserir no mercado uma marca que seja exclusiva. A Japko e a Original Birth continuam a ter as duas maiores fatias do nosso bolo e, em estilos diferentes, são duas marcas que nos representam”, confirma o diretor.
No portfólio não constam ainda peças reconstruídas, mas Carlos Jorge Gonçalves refere que “é uma questão de oportunidade. Não rejeitamos à partida, mas também não vamos à procura, é o que o mercado nos tem ditado. Poderia existir alguma procura, neste caso não há, porque sabem que não comercializamos, mas sinto que ainda há alguma resistência e algumas dúvidas e a logística inversa que essa situação envolve também é um constrangimento”, nota, contando que ter uma marca própria também já foi equacionado, “mas há um investimento inicial muito grande e depois o retorno demora algum tempo, o que pode causar impacto na tesouraria, porque não é rapidamente rentável”.
Por outro lado, o responsável explica que ainda não enveredaram pelo mercado de equipamentos e ferramentas oficinais, “que tem muita procura e muita dinâmica”, por uma questão estratégica, relacionada com o espaço: “Sempre que fazemos o investimento numa nova marca, temos que pensar muito bem no espaço que vai ocupar, para fazer esse encaixe. As ferramentas são um mundo que exige um investimento elevado e para entrarmos tínhamos de ter alguma capacidade, porque é uma gama grande, mas não está excluído”, revela.
Logística de entregas
Como já foi referido, as novas instalações vieram permitir aumentar a capacidade de armazenagem, para uma média de 60 mil referências em stock. Além dessas, graças à inserção online da marca febi, é possível ter ainda mais peças em stock virtual que rapidamente podem estar disponíveis. “É um fornecedor muito antigo e também com uma fatia muito importante do nosso bolo, mas com o sucesso desta operação, queremos ir integrando online mais marcas para o cliente ter mais marcas disponíveis, nem que seja de um dia para outro ou em 48 horas, para termos mais oferta, mais material”, afirma o diretor.
A Filourém garante entregas bidiárias para praticamente todo o país, sendo que, explica Carlos Jorge Gonçalves, “face à nossa localização, dependemos muitíssimo das transportadoras. Trabalhamos com mais de dez, as três ou quatro mais conhecidas e várias regionais, que fazem zonas mais pontuais”. A plataforma B2B tem vindo a ser otimizada, tanto em termos de imagem, como em termos gráficos, para ter “um layout mais intuitivo e simples, com uma melhor articulação e mais cruzamentos, para dar uma procura maior. Em termos informáticos é um processo demorado, mas vamos fazê-lo certamente com mais marcas no futuro, integrações no site, diretamente do stock, da Alemanha, de Espanha, ou de Itália”, assegura.
Leia a entrevista completa na edição impressa do Jornal das Oficinas de junho/julho, aqui.
https://www.yumpu.com/pt/document/read/68733338/jornal-das-oficinas-127/66