Veículos Importados aumentam 37% em junho

07 - Veículos Importados aumentam 37 em junho

Mercado automóvel revela maior pressão na procura, o que tem vindo a afetar igualmente a oferta disponível. Já comparativamente ao mesmo mês de 2019, o aumento registado é de +46%

O Standvirtual realizou um webinar para apresentar o barómetro do mercado automóvel, em parceria com a Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP). O evento online contou com o contributo de João Venâncio (Brand Manager da Citröen Portugal), Rui Melo (CEO da Tribalcar), Tiago Jorge (CEO da CalhambeQ Car Solutions), Maria Neffe, do Departamento Económico-Estatístico da ACAP, além de Daniel Rocha (Diretor de Estudos e Planeamento do Standvirtual), Pedro Soares (Diretor Comercial do Standvirtual) e Nuno C. Branco (Diretor Geral do Standvirtual). O webinar teve como principal objetivo divulgar os números e analisar os principais temas do mercado automóvel.

No primeiro semestre de 2022, face ao primeiro semestre do ano passado, o mercado de usados revelou um decréscimo de -26% de oferta, superior às quedas registadas nos anos anteriores (-13% em 2020 e -10% em 2019 no primeiro semestre) evidenciando a escassez de produto. A procura teve uma quebra de -15%, o que resultou, ainda assim, numa dinâmica de mercado positiva, de +11%.

A transferência de propriedade de ligeiros de passageiros teve um ligeiro crescimento de +0,6% em maio de 2022, face ao mês homólogo de 2021, com um decréscimo de -12% em comparação com maio de 2019. Houve, paralelamente, um crescimento de +37% dos veículos importados, face ao mesmo período do ano passado, que está relacionado com a falta de stock nacional.

O preço médio praticado pelos vendedores profissionais continuou a revelar tendência de crescimento, passando de cerca de 21.800€ para 22.250€, devido à pressão da procura e escassez da oferta. Os preços começaram a aumentar de forma mais significativa a partir de agosto de 2021.

Observando os modelos mais representativos no Standvirtual, com 50 mil quilómetros e a diesel, verificou-se que, após uma descida dos preços em abril, que os mesmos voltam a subir em junho. Tal acontece nos casos do Renault Megane Sport Tourer (21.000€), Renault Clio (16.900€) e Nissan Qashqai (24.100€), com o Mercedes-Benz A180 a manter o valor médio (30.200€). São valores cerca de 15% a 20% mais caros do que na mesma altura de 2021.

De acordo com os dados fornecidos pela BCA, os preços subiram ligeiramente no retalho, com uma ligeira descida no caso do comércio.

O diesel (62%) foi o tipo de combustível mais procurado na secção de veículos usados do Standvirtual, mas com tendência a descer desde maio de 2021. Seguiu-se a gasolina (25%) e os veículos eletrificados (10%), com um pico de procura em março.

Na secção de veículos novos do Standvirtual, registou-se uma tendência de crescimento desde o início do ano, mas com uma quebra face ao ano passado (-18%, em linha com os dados da ACAP). Esta secção liderou pelos veículos eletrificados.

Segundo dados da ACAP, em junho verificou-se um decréscimo -18,6% no total do mercado automóvel, face ao mesmo período de 2021, e -9,4% no acumulado anual face a 2021. As energias alternativas (veículos eletrificados e híbridos GPL) representaram cerca de 38% do mercado total de ligeiros em junho de 2022, com o gasóleo (18%) a perder quota de mercado.

João Venâncio, Brand Manager da Citröen Portugal, acredita que “neste momento, o mercado vive a volatilidade e a incerteza que existem no canal de abastecimento. A crise dos semicondutores começa a ver alguma estabilização, no entanto há outros fatores que vieram tornar o mercado mais imprevisível, como o caso da guerra na Ucrânia, que veio acelerar o custo de produção e distribuição das viaturas, e a crise energética, que afeta também o fornecimento. No entanto, estamos a assistir a uma recuperação face aos anos anteriores”.

Para Rui Melo, CEO Tribalcar, “temos de mudar o paradigma do comércio automóvel. Em 25 anos nunca importei carros e desde há um ano e meio comecei a importar, numa primeira fase sobretudo carros híbridos e elétricos. Lá fora os preços também aumentaram, mas a vantagem é que o mercado e o poder de escolha são maiores. Atualmente temos players, nomeadamente as rent-a-car, que são concorrentes pois também não têm carros e pretendem comprar, sobretudo com o regresso do turismo. A aposta nos carros elétricos, com o crescimento desse mercado, é limitada porque não há carros para entrega, o que me fez recorrer sobretudo aos semi-novos”.

Tiago Jorge, CEO da CalhambeQ Car Solutions, explicou como “sempre trabalhámos com importados e nacionais, além de com a consignação, que sempre teve algum preconceito. Esse negócio vem complementar o importado e o nacional e o facto de não haver investimento no produto da nossa parte, enquanto comerciantes, permite também testar o produto que certamente não compraríamos. Nunca sentimos falta de produto, apesar de haver modelos que não existem para entrega, mas se dermos a conhecer e arriscarmos em novos modelos vamos conhecer outro tipo de cliente. E aqui entra o elétrico. Há uma grande procura, mas também há uma necessidade de quem adquiriu e não se adaptou para voltar aos veículos a combustão”.