As devoluções e garantias são um problema para os distribuidores
A logística inversa comporta custos operacionais significativos e introduz deficiências na reposição de stocks que não devem nem podem ser negligenciados pela gestão das empresas. Considero imprescindível como ponto de partida a formação e consciencialização dos profissionais do sector.
A passividade e permissividade com que o tema tem sido conduzido incentiva a ausência de rigor e perpetua o problema que se tem vindo a agravar ao longo do tempo. Em janeiro de 2018 revimos inteiramente a nossa política de devoluções e garantias no cumprimento estrito da legislação em vigor (para a qual existe um grande desconhecimento dos profissionais do sector) tendo implementado novos procedimentos desde o pedido de devolução online para pré-análise terminando numa postura mais rigorosa na tomada de decisão suportando o custo de impopularidade que as medidas adotadas mereceram.
Embora Devoluções e Garantias sejam coisas distintas, há pontos em comum: A condução de ambos os processos é onerosa para as empresas e representam um custo avultado que não deve ser negligenciado.
Entendo que há uma cultura de facilitismo em portugal que perpetua erros verdadeiramente evitáveis, o que diminuiria de forma significativa os custos operacionais para todos os envolvidos
A condução de ambos os processos revelam que na esmagadora maioria dos casos as mesmas resultam de falta de formação e rigor dos intervenientes no processo começando por quem identifica a peça, seguindo-se o instalador da mesma e em última instância o condutor da viatura.
Verifico também que os intervenientes no mercado têm um grande desconhecimento quanto à legislação em vigor que regula as devoluções e garantias.
Não vejo uma evolução comportamental e formativa que me faça estar otimista quanto à evolução futura desta temática o que implicaria os profissionais terem sensibilidade para a gestão de stocks e sua complexidade.
Verifico que os custos operacionais relacionados com esta temática são muitas vezes secundarizados ou encarados como uma inevitabilidade, inclusivamente pelos quadros de gestão das empresas.
Não concordo que sejam inevitáveis, pelo menos não nesta dimensão.
Logicamente sabemos que reduzir a zero os erros e/ou falhas é utópico, contudo, reduzir significativamente a dimensão é perfeitamente possível, com o esforço de todos.
Apontar soluções é sempre mais produtivo que a crítica, pelo que acredito que as soluções passam por:
1 Formação dos profissionais desde o distribuidor à oficina;
2 Disponibilização aos profissionais de ferramentas de qualidade (Tanto físicas como digitais);
3 Qualidade nos processos desde a identificação das peças à sua instalação/montagem;
4 Mudança de mentalidade quanto ao facilitismo que está enraizado;
5 Rigor
A realidade aqui descrita é partilhada e comungada por outros players do sector com os quais nos relacionamos e que nos manifestam as mesmas dificuldades.