Crescimento Avassalador da China na Indústria Automóvel
Nas últimas duas décadas, a China passou de uma posição marginal para a de protagonista absoluta na indústria automóvel global. Atualmente, o país asiático é responsável por cerca de 42% de todos os automóveis fabricados no mundo, consolidando-se como o maior e mais dinâmico polo de produção automóvel do planeta
Nos anos 90, a China importava tecnologia automóvel e dependia de joint ventures com marcas ocidentais e japonesas para montar veículos dentro das suas fronteiras. No entanto, com uma estratégia agressiva de investimento em infraestrutura, incentivos à produção local e forte apoio estatal à inovação, o país reverteu essa lógica. Hoje, marcas chinesas como BYD, Geely, NIO, Xpeng e outras lideram em segmentos cruciais como os veículos elétricos (EVs) e tecnologias de condução autónoma.
A eletrificação do setor automóvel foi o catalisador definitivo da viragem chinesa. A China domina a cadeia de valor dos carros elétricos, desde a extração de lítio e cobalto até a produção de baterias e montagem final dos veículos. Além disso, os fabricantes chineses têm investido fortemente em pesquisa e desenvolvimento, inteligência artificial e conetividade, consolidando uma geração de veículos tecnologicamente avançados, seguros e com preços competitivos.
Entre os dez fabricantes mundiais já se encontra a marca chinesa BYD — com previsão de que, dentro de dois anos, sejam duas ou três a ocupar o pódio — e dos dez principais fabricantes de veículos elétricos, seis são chineses — alguns estudos indicam mesmo que a BYD já ultrapassou a Tesla como maior fabricante de veículos elétricos do mundo.
Além da aposta no veículo elétrico, a China impulsionou medidas que estão a acelerar a venda destes veículos em relação aos de combustão: lá, 31,8% dos veículos são elétricos, enquanto na Europa representam 13%.
Até mesmo em salões o seu potencial fica evidente, como aconteceu no Salão de Xangai, um dos maiores e mais importantes certames de automóveis do mundo, onde as marcas exibem os seus últimos modelos, tecnologias e inovações, houve uma explosão de novidades, tendo sido lançados 93 novos carros a nível mundial, quando o máximo alcançado era cerca de 12.
Ao argumento da falta de fiabilidade, respondem com sete anos de garantia – 3 legais mais 4 de cortesia comercial -, e até um estudo da J.D. Power demonstra que estão praticamente ao nível das marcas europeias em termos de fiabilidade; e os testes na Euro NCAP, conferem-lhes a máxima segurança.
Quanto à disponibilidade de peças de substituição, outro dos motivos que podem dissuadir um utilizador de optar por um carro chinês, de referir a recente abertura pela MG do seu primeiro armazém em Espanha, em Cabanillas del Campo (Guadalajara), a partir do qual pretendem dar serviço às suas redes com um prazo máximo de entrega de 24 horas em qualquer ponto da península.
Também estão a investir em reforçar a sua imagem de marca, estando previsto que acabarão por comprar alguma marca como a Lancia, Alfa Romeo ou Maserati antes do final deste ano, a exemplo do que fizeram coma MG.