Krautli Portugal celebra 30º Aniversário

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Uma entrevista de vida foi a que Markus Krautli, fundador da Krautli Portugal já lá vão 30 anos, concedeu ao Jornal das Oficinas.

Empresa de sucesso não só a nível global, como nacional, a Krautli tem as suas fileiras bem cerradas e os seus “jogadores” bem alinhados, termo que desde sempre utilizou para apelidar os seus colaboradores, para enfrentar as adversidades que possam advir do “rescaldo” desta pandemia, que infelizmente ainda não desapareceu

Markus Krautli é simpático, afável, conversador, diligente e apaixonado pelo que faz. O gosto pelo negócio chegou cedo. Quando nasceu, em 1956, já o pai tinha empresas em Itália, Bélgica e Suíça. Cresceu a ver o seu nome escrito por toda a parte e aos 12/13 anos sempre que lhe perguntavam o que queria ser, a resposta era imediata, “quero estar com o meu pai nos negócios. Aliás, nunca pensei noutra opção”, remata.

Aos 14 anos, com o divórcio dos pais, tornou-se um rebelde provocador e acabou por se tornar um desgosto para o seu pai. Apenas aos 19 anos, quando entrou na Babson College nos EUA, mudou por completo. Aprendeu muito, quase tudo o que sabe e ganhou juízo.
Entretanto, depois de ter deixado de estudar, começou a trabalhar para a VDO, na Virginia, EUA, no departamento comercial. Na sequência tornou-se vendedor da VDO, uma marca que ninguém conhecia nos EUA e quando fez a sua primeira venda de maior valor achou-se o máximo. Algum tempo depois, o pai deu-lhe uma oportunidade com um cheque para comprar a Amtest Inc. em Kalamazoo, Michigan, uma pequena empresa que produzia pequenos aparelhos de diagnóstico para automóveis, que passou depois a vender à Krautli. Foi nesta empresa que percebeu o gosto pelo negócio e o jeito que tinha para tal, “o meu pai e a minha família puseram-me lá de forma instintiva para ver se eu tinha ou não paixão, se eu acordava cedo ou se ficava a dormir até ao meio dia”.

Depois de fazer um brilharete com a pequena empresa, onde alcançou bons valores de negócio, o pai disse-lhe então para trabalhar para a Krautli onde podia ser um valor acrescido. Assim, em 1986 passou a ser gestor de produto na Krautli Suíça e os primeiros produtos que geriu foram os alarmes da Texalarm. Seguiu-se a função de responsável pelas vendas, a direção da Krautli Suíça e a administração da Krautli Itália e Krautli Bélgica…

Em 1990 surgiu o célebre telefonema da VDO. Estava na hora de abrir a Krautli Portugal. José Pires tinha uma empresa de tacógrafos, em alta na época, chamada Interforte Comercial, com exclusividade da VDO para Portugal e precisava de investimento. Foi assim que a Krautli começou em Portugal. Markus Krautli fez um aumento de capital e mudou-se o nome da empresa para Krautli Portugal.

O sucesso de um nome
O nome já era conhecido, até porque a Krautli tinha já muitos anos de mercado a nível global. Os fabricantes aplaudiram por isso a ideia e a atividade desenvolveu-se num espaço de 80 m2 em Santa Apolónia. “Desde então o negócio foi crescendo e pelo facto de sermos a Krautli conseguimos uma série de contratos para vender novas linhas de produtos”, frisou Markus Krautli. A partir de 1992, a empresa começou a expandir-se pelo país – Santa Iria da Azóia, Porto e Coimbra. “Estou muito contente em Portugal, tive sucesso e acho que teve a ver com o facto de ter conhecido as pessoas certas. Tenho de enaltecer o trabalho do José Pires, do Carlos Silva e da Olívia Alves desde a equipa inicial, e de toda uma equipa que fez um excelente trabalho junta”, disse.

Mas isto foi há 30 anos. O que mudou desde então? Markus Krautli orgulha-se do que construiu em Portugal e depois de um sucesso enorme durante os últimos anos, a verdade é que o paradigma mudou, não só pela situação que vivemos, como também pela própria conjuntura. A estratégia sempre passou por fortalecer a relação com o retalhista e não abrir lojas. A posição mantém-se, mas é preciso estar atentos. “Não será possível continuar a trabalhar na forma em que estamos agora. Podemos fazer isto mais um par de anos, mas em determinado ponto, vamos ter de encontrar outras soluções. Até ao momento a estratégia é boa, mas como também trabalho o mercado suíço, vejo o futuro. O centro da Europa está mais avançado do que o sul. O que acontece aqui já aconteceu na Suíça há 5 anos, por isso tenho um bom pressentimento sobre isto. Agora, podemos pensar global, mas todos os negócios são locais”, refere Markus Krautli.

As diferenças entre mercados
Marcus Krautli avança na conversa e fala das diferenças entre o mercado português e os outros. Na Suíça, por exemplo, entre 15 a 20% das vendas da Krautli são pela internet. Em Portugal ainda não se chega a estes valores. Na Suíça a plataforma de vendas é a Amazon, em Portugal existem várias, mas para Markus não é a mesma coisa, não existe uma plataforma de internet para o efeito. “Eu chamo-lhe nova distribuição, é o mundo digital e eu coloco muito ênfase nestas novas plataformas. O que aconteceu com a covid-19? Foi tudo para o digital. O processo de digitalização está a acelerar também em Portugal, por isso é importante ter bons sistemas de comunicação, que a rede funcione bem…”, concluiu.

Markus Krautli falou ainda do facto da empresa comercializar primordialmente marcas de topo. Foi uma das apostas da empresa e será a chave do sucesso. “Com elas vamos continuar a crescer”. Para ele, o futuro de uma empresa nesta área de negócio implica comercializar produtos de diversos segmentos e não o foco na especialização. A Kraulti começou como especialista em eletricidade e eletrónica, juntou-se a mecânica, os produtos químicos, os óleos e mais recentemente os produtos de detalhe. Há sempre por onde crescer. “Eu não parei. Durante a pandemia adicionei novas linhas de produtos à gama, agora é tempo de as trabalhar e fazer crescer. É preciso manter o “market share”, finalizou, mas cada caso é um caso.

A integração no grupo Serca e Nexus
Acerca da integração no grupo Serca e Nexus, Markus Krautli refere que tem sido muito proveitosa para a Krautli: “É uma grande vantagem. A empresa pode ser parceiro de grandes fabricantes, trocar ideias com outras pessoas, basicamente aprender. Depois os benefícios adicionais e a importância de ser membro convenceram-me e todos os investimentos valeram a pena. Sermos acionistas foi benéfico e em dois anos foi possível juntar ainda a Krautli Suíça”. Os grupos parecem acrescentar poder à Krautli.

O futuro passa por ter uma rede de oficinas que se apoia diretamente, e a Nexus pode ser ideal para isso. “Todos os players vendem os mesmos produtos, por isso a melhor forma de fidelizar os clientes não é baixar o preço e consequentemente a margem. A diferença é estabelecida na energia das pessoas e nas próprias pessoas. Ao mesmo tempo, fideliza-se através de programas de oficinas e a Nexus tem várias fontes de apoio técnico, por isso podemos providenciar a melhor base para o cliente”, afirmou.

A partir daqui a conversa mudou de azimute e partiu na direção do problema dos distribuidores com a logística e as devoluções. Para Markus Krautli existem dois grandes problemas no pós-venda independente. “O primeiro é que as pessoas pensam que somos uma farmácia, ou seja, querem entregas quatro vezes por dia, o que é completamente incomportável. Duas vezes é mais do que suficiente. Mas se há alguém que o faz, os clientes acham que temos de fazer também. É um problema grande e um custo exorbitante para o distribuidor. O segundo são as encomendas e as devoluções sucessivas. Para quantificar, em geral cerca de 15% das peças fornecidas são devolvidas, um número muito grande, e não havia necessidade. A documentação do produto é tão boa, tem imagens, dá para ver tudo. Mas encomendam, porque não têm custo em fazer a devolução. Os operadores que utilizam este procedimento deviam ser ‘punidos’”, a afirmação foi perentória e Markus Krautli mostrou todo o seu desagrado perante esta prática.

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