Mercado Pneus – Balanço 2024 e Perspetivas 2025
O mercado de pneus em Portugal apresentou em 2024 uma evolução ligeiramente positiva, tanto no canal sell-in (vendas dos fabricantes para os distribuidores) como no sell-out (vendas ao consumidor final), consolidando uma tendência de recuperação após anos marcados por instabilidade económica
Este crescimento moderado é impulsionado, em grande medida, pelo aumento das importações de pneus asiáticos, fenómeno que se verificou em toda a Europa e que Portugal acompanhou de perto. Em contrapartida, o segmento de pneus das marcas associadas à ETRMA (European Tyre and Rubber Manufacturers Association) manteve-se estável, demonstrando resiliência num mercado em transformação.
Pneus de Turismo: Crescimento e segmentação
O segmento de pneus para veículos ligeiros registou um crescimento não apenas em volume, mas, de forma mais expressiva, em valor. Este aumento de valorização do mercado é suportado pela crescente procura por pneus de maiores dimensões (18 polegadas ou mais), que apresentaram taxas de crescimento de dois dígitos. Esta tendência reflete a evolução do parque automóvel português, com um número crescente de SUVs, cujos pneus exigem características mais robustas e tecnicamente avançadas.Os pneus Premium, apesar da pressão competitiva das marcas asiáticas de baixo custo, conseguiram manter os seus volumes, o que evidencia a valorização dos consumidores por qualidade, desempenho e segurança. Já os pneus all season, embora ainda representem apenas cerca de 1% do mercado nacional, têm vindo a ganhar expressão graças às suas elevadas taxas de crescimento, sendo uma solução cada vez mais procurada por condutores que valorizam versatilidade e economia.
Pneus de Pesados: Inversão de tendência
Após dois anos de retração acentuada, o segmento de pneus para veículos pesados deu sinais claros de recuperação em 2024, com um crescimento de 2,2%. Este avanço, ainda que modesto, representa uma inversão da tendência negativa registada em 2022 (-5%) e 2023 (-18%). Destaca-se que a maior parte desta recuperação foi sustentada pelo desempenho das marcas Premium, em linha com a retoma da atividade das frotas e um maior reconhecimento do valor acrescentado destes produtos em termos de durabilidade, segurança e eficiência energética.
Perspetivas para 2025: Crescimento moderado e incógnitas geopolíticas
As previsões para 2025 são ligeiramente positivas, ancoradas num contexto macroeconómico favorável, com uma expansão económica prevista para Portugal acima da média da UE e um aumento contínuo do parque automóvel nacional. Este crescimento deverá beneficiar tanto as marcas tradicionais europeias como as asiáticas, mantendo a concorrência elevada. A preferência por pneus de maior diâmetro deverá acentuar-se, acompanhando a tendência de motorização SUV e contribuindo para o aumento do valor médio por pneu, com impactos positivos na faturação do setor. Ainda assim, persistem incertezas relevantes, nomeadamente: A política tarifária internacional, especialmente vinda dos Estados Unidos; As tensões geopolíticas globais; e a revisão da legislação anti-dumping por parte da União Europeia, que poderá levar à imposição de sanções aos pneus chineses, alterando a dinâmica competitiva e os preços. No setor dos veículos pesados, embora se antecipe uma ligeira desaceleração face à atual incerteza económica e política, a combinação entre a redução das taxas de juro, a estabilização da inflação e a crescente aposta na sustentabilidade deverá manter a procura por pneus Premium e abrir caminho a novas oportunidades, tanto em termos de produto como de serviço.
2024 foi, globalmente, um ano positivo para o mercado de pneus em Portugal, com sinais de recuperação, valorização e transformação estrutural. A consolidação de novas tendências, como o aumento dos tamanhos, a penetração dos pneus all season e a resiliência do segmento Premium, lança bases sólidas para um 2025 de crescimento moderado mas sustentado. A vigilância sobre os fatores externos será crucial para lidar com a volatilidade, mas as empresas que souberem alinhar-se com as novas exigências do mercado — inovação, qualidade e sustentabilidade — estarão melhor posicionadas para aproveitar o que o futuro tem para oferecer.
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