Mudança de rumo!

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À medida que as mudanças na tecnologia dos veículos conduzem a mudanças na forma como os veículos são diagnosticados, assistidos e reparados, a atual escassez de competências está a agravar-se. No entanto, não se trata apenas de uma questão tecnológica, pois existe um contexto mais vasto que explica a razão desta situação

A primeira escassez de competências surgiu quando os “eletricistas auto” se tornaram uma necessidade. À medida que os primeiros sistemas controlados eletronicamente se tornaram comuns, como a ignição eletrónica, a injeção de combustível e o ABS, a escassez de competências foi ultrapassada pela introdução de ferramentas de diagnóstico computorizadas e de uma formação mais especializada. Isto criou os “técnicos especializados”, que combinavam conhecimentos mecânicos e electrónicos naquilo que se tornou conhecido como “mecatrónica”.

No entanto, nos últimos anos, a tecnologia automóvel voltou a evoluir muito rapidamente, com muito mais funções controladas por software em quase todos os veículos. Embora as ferramentas de diagnóstico tenham sido desenvolvidas, os técnicos na oficina têm tido dificuldade em acompanhá-las, o que se deve a dois aspectos fundamentais: em primeiro lugar, a capacidade de se manterem actualizados com a amplitude e profundidade da nova tecnologia através da formação ou da aprendizagem no local de trabalho e, em segundo lugar, o facto de as competências e os conhecimentos necessários se afastarem cada vez mais dos aspectos mecânicos da formação original do técnico e da sua experiência em sistemas mecânicos. Isto está a conduzir a uma abordagem completamente nova. Ao considerar a aptidão do técnico e o conjunto de competências necessárias para trabalhar com sistemas de veículos baseados em TI, as prioridades inverteram-se.

Para que estes novos técnicos estejam disponíveis, é necessário que toda a imagem do setor pós-venda mude a nível dos cursos e respetivos módulos de formação, mas também através dos pais. O setor tem de ser visto e promovido como uma grande oportunidade e uma nova carreira para os jovens, e que a oportunidade de trabalhar em software e informática pode ser conseguida numa oficina automóvel moderna, o que só irá aumentar com os veículos conectados e autónomos. O papel dos pais é fundamental para incentivar os filhos a seguir uma carreira profissional numa oficina automóvel, especialmente num cenário em que a tecnologia está a transformar a indústria automotiva.

Antigamente, trabalhar numa oficina era visto como uma opção de menor prestígio, mas isso mudou. Hoje, há um grande avanço tecnológico e uma grande procura por profissionais qualificados. Os pais podem mostrar aos filhos que ser um técnico automóvel não é apenas “mexer em motores”, mas sim dominar eletrónica, informática e novas tecnologias, como veículos elétricos e híbridos. Estimular o interesse dos jovens desde cedo é essencial, e os pais têm um papel relevante para incentivar a sua curiosidade sobre mecânica, eletrónica e tecnologia, mostrando vídeos, documentários e até levar os filhos a eventos automotivos, feiras aftermarket e oficinas para que possam ver a profissão na prática. Motivar sem pressão, respeitando os interesses e habilidades do jovem e explicar que os mecânicos e técnicos automóvel são indispensáveis para a economia e a mobilidade das pessoas. Se os pais apoiarem, incentivarem e mostrarem as oportunidades reais da profissão, os jovens terão mais confiança para seguir essa carreira com motivação e orgulho.

Aceda ao artigo de opinião completo na edição impressa ou online do Jornal das Oficinas nº222, aqui.