“Temos de ser criativos e colocar a adaptação como prioridade”, Joaquim Candeias, bilstein group
O bilstein group não para de crescer, se em 2020 expandiram fisicamente a sua capacidade logística, em 2021 cresceram como empresa internacional ao serem premiados pela TEMOT International GmbH na área de melhor fornecedor em “Cadeia de Distribuição”
Joaquim Candeias, diretor geral, explicou qual o segredo para conquistar um prémio de tão elevada importância “Importa reforçar que só foi possível graças a um dos aspetos mais valiosos que temos: o trabalho em equipa. Num ano tão desafiante para todos soube bem este reconhecimento”.
Com uma equipa unida, Joaquim Candeias acredita que por este motivo e pela “capacidade de adaptação e flexibilidade na organização” foi possível atravessar a pandemia de Covid-19 com êxito. Ainda assim, o diretor geral não quis deixar de reforçar “Percebemos que, apesar de um cenário por vezes tão desanimador, sentimos que a nossa estrutura era, e é, tão forte que permitiu manter aspetos como o serviço ao cliente, e não só, quase intocáveis, o que nos foi trazendo também alguma confiança em cada passo dado ou decisão tomada. Quando temos a certeza que os alicerces são resistentes e que existe prontidão para reagir, conseguimos estar mais confiantes e esperançosos”, realçou.
As marcas febi, SWAG e Blue Print já estão disponíveis, em nome próprio, na rede social Facebook e YouTube. Considera importante utilizar estas novas ferramentas digitais para a promoção e divulgação das marcas do grupo?
Para nós, tornou-se absolutamente essencial porque é um canal 100% controlado por nós e que nos facilita uma comunicação mais próxima, espontânea, direta e a qualquer momento. A escolha de duas redes sociais diferentes permite-nos a partilha de conteúdos diferentes e o discurso diferente para públicos, também eles, diferentes.
Como o bilstein group tem conseguido minimizar o impacto negativo das devoluções?
Felizmente este é um tema que não nos toca dessa forma, uma vez que temos procedimentos próprios e justos, tanto para a empresa como para os nossos clientes, e que já se encontram implementados há largos anos. Para nós, o tema devoluções é algo que se transformou, desde cedo, numa medida win-win.
Que efeitos está a ter na vossa atividade a dificuldade de abastecimento de peças junto dos vossos fornecedores?
Tal como tem vindo a afetar outros fornecedores, no nosso caso, os custos de matéria-prima e de transportes internacionais tem vindo a subir em flecha, significando naturalmente uma contrariedade. Contudo, e tal como temos vindo a transmitir noutras ocasiões, não somos feitos de dificuldades nem nos deixamos tomar por elas. Assim, quando estas surgem, arregaçamos as mangas e tentamos perceber o que podemos fazer para que um obstáculo seja facilmente transponível e transformado numa aprendizagem. Nesta situação tão específica, tivemos de nos adaptar e, de certa forma, de aceitar a nova realidade. Mas, felizmente não podemos afirmar que estamos a sentir efeitos profundos porque o bilstein group desde a primeira hora que se focou na sua capacidade logística, garantindo hoje valor de order-fill semelhantes ao período pré-pandemia.
Que alternativas foram levadas à prática para compensar essas dificuldades?
De modo a que os nossos clientes mantivessem os elevados níveis de satisfação, optámos por aumentar o nosso investimento em stock. Além disso, procurámos alternativas de abastecimento, para garantir a continuação do serviço atual. A nossa prioridade será sempre a qualidade do serviço e dos componentes que oferecermos aos nossos clientes.
Conseguir ter acesso a produtos premium a preços aceitáveis é um dos principais receios para o futuro. Considera que os preços das peças vão aumentar nos próximos tempos?
É importante que a análise aos chamados produtos premium seja ponderada e se tenham em consideração determinados fatores. Nos últimos anos, não só o aftermarket tem evoluído, mas também a própria construção de veículos, o que faz com que as peças sejam cada vez mais técnicas e complexas. Isto conduz, invariavelmente, a um custo superior das mesmas.
A perda de margem na comercialização das peças está a criar dificuldades às empresas de distribuição. Como se pode alterar esta situação?
A capacidade de adaptação é, muitas vezes, a resposta para tantas barreiras e dificuldades. Nesta não é exceção. Quanto nos deparamos com problemas, tais como, a perda de margens, temos de ser criativos e colocar a adaptação acima de qualquer prioridade. Devemos isso aos clientes e ao mercado. E claro, tentando minimizar esse impacto com ofertas idênticas e com valores justos e adequados ao momento e à conjetura.
Com o endurecimento da legislação em matéria da “segurança dos componentes”, a homologação de peças de substituição pode aumentar, designadamente para o sistema ADAS. Considera que esta situação pode condicionar a atividade dos distribuidores de peças aftermarket?
Naturalmente que, caso isso aconteça, vamos assistir a várias diferenças e à instituição de processos diferentes daqueles a que estávamos habituados. Contudo, é provável que seja introduzido ainda mais rigor e profissionalismo num setor que já tem estas características. Quando a qualidade faz parte do ADN de uma marca ou de um grupo, o endurecimento da legislação deve ser visto como um reforço dessa mesma qualidade e não como uma condicionante.
A base do negócio pós-venda automóvel é o acesso à informação e aos dados. Como está o bilstein group a adaptar-se e esta nova realidade?
Através de uma estratégia visionária e com os olhos postos no futuro e no mercado, o bilstein group tem-se caracterizado pela visibilidade e notoriedade com que consegue atuar. Temos uma organização que contempla a pesquisa e desenvolvimento, onde as novas tecnologias digitais estão na primeira linha, afim de garantir que as nossas peças estarão visíveis no futuro, tal como hoje. Oferecendo produtos de qualidade através de um serviço ao cliente de excelência, não temos dúvidas de que estaremos sempre mais perto do consumidor.
Como vai ser no futuro a convivência entre as marcas de origem e as de aftermarket?
A forma acertada de ver e olhar para essa nova possibilidade passa por pensar em complementaridade acima de competitividade. Não se trata de sabermos quem vai ganhar a maior fatia ou quem se vai destacar. A relevância passa por olhar para um aftermarket em conjunto, onde existe espaço para todos os players e estes estão no mesmo patamar. Esta é uma das lutas da FIGIEFA.
Considera que a concentração do negócio da distribuição de peças vai continuar na Europa e em particular no nosso país? Quais as vantagens e inconvenientes da concentração do negócio de peças?
As tendências de mercado são elementos que sofrem várias mutações e alterações ao longo do tempo. Acreditamos que é um ciclo natural e que, certamente, se irá manter por mais algum tempo, pois as novas tecnologias e perfis de negócio, assim o obrigam. Não significa que traga obrigatoriamente vantagens ou inconvenientes, podendo ser apenas mais uma particularidade do aftermarket.
Estamos a assistir a uma polarização do parque, com um aumento dos veículos mais recentes (até 5 anos) e dos mais antigos (mais de 10 anos), enquanto o parque de veículos dos 5 a 9 anos está a diminuir. Que efeitos esta situação está a causar no comércio de peças?
No nosso caso, não está a causar qualquer efeito, seja ele positivo ou negativo. No bilstein group desenvolvemos peças para veículos com 3 meses de idade, mas salvaguardamos sempre stock de peças para veículos bastante mais antigos. Desta forma, e pela abrangência que introduzimos no mercado, estas situações não nos afetam. Acompanhamos as tendências e fazemos os ajustes necessários, se for caso disso. As necessidades do mercado são também o nosso farol.
Os veículos elétricos requerem menos manutenção do que os veículos a combustão. Como o bilstein group está a preparar-se para compensar as perdas de faturação que estes veículos vão originar?
Novamente, é importante encarar estas tendências com algum bom senso, de modo a que nos inteiremos das características gerais e específicas que estas acarretam. Os veículos elétricos ou eletrificados podem efetivamente requerer menos manutenção, mas ao mesmo tempo, vão utilizar componentes muito mais complexos, com custos mais elevados, o que acaba por devolver as referidas compensações.
Quais serão as maiores ameaças, e por outro lado, quais serão as maiores oportunidades de toda esta evolução do negócio aftermarket?
As ameaças só são perigosas ou danosas para quem não quer evoluir. Lembramo-nos, muitas vezes, que as ameaças nos apresentam imensos desafios e, sem dúvida que, apesar de poderem trazer dissabores, são sempre as melhores formas de aprender e de crescer. As oportunidades, para aqueles que estejam disponíveis e abertos à mudança, à inovação e adaptação do seu negócio, sem dúvida que vão traduzir-se em frutos mais tarde.
Tendo em conta a sua experiência no setor da distribuição de peças, que análise faz do mercado de distribuição de peças automóvel em Portugal e como vê o futuro dos canais aftermarket e de peças originais?
Apesar das mudanças constantes que este setor atravessa, fazendo com que seja de uma capacidade de adaptação imensa e também bastante resistente a alterações externas, acreditamos que no futuro pode haver apenas um canal de distribuição, onde coabitam todos.