“35 anos de crescimento com a visão de Markus Krautli”, Krautli

06 - krautli

A Krautli Portugal assinala este ano um marco importante na sua história: 35 anos de atividade como um dos principais distribuidores de peças do país. Este aniversário, no entanto, tem um significado especial. Cerca de dois anos após a perda trágica do presidente Markus Krautli, num acidente de viação, a empresa entra numa nova fase sob a liderança do seu filho, Lucas Krautli, determinado a honrar o legado e a visão que marcaram a história da empresa

Com uma faturação anual de 30 milhões de euros, a Krautli Portugal é atualmente um dos maiores distribuidores de peças a nível nacional. Faz parte do grupo Serca e desenvolve o conceito das lojas Nexus Shop e das redes de oficinas Nexus Auto e Profissional Plus. Está a comemorar 35 anos e, para assinalar a data, fomos até às instalações da Póvoa de Santa Iria para conversar com a atual direção: O presidente Lucas Krautli, o diretor-geral José Pires e o diretor de vendas Carlos Silva.

Reunimos a atual direção da Krautli Portugal, para fazer um balanço destas três décadas e meia de operação no nosso país. O fundador, Markus Krautli, faleceu há cerca de dois anos num acidente de viação e o filho, Lucas Krautli assumiu, então, a presidência da empresa, para dar seguimento ao legado do pai. A Krautli comercializa atualmente mais de cem marcas e tem em stock cerca de 70 mil referências. Além da sede, na Póvoa de Santa Iria, tem um armazém no Porto e abriu, há um ano, outro em Coimbra, distribuindo para todo o país.

35 anos, 35 dias, 35 marcas
Apesar de, hoje em dia, a realidade ser completamente diferente da que existia há 35 anos, quando a empresa foi fundada, a estratégia da empresa manteve-se: “Tentámos sempre adaptar-nos às mudanças, para estar na vanguarda”, começa por nos dizer o diretor-geral da Krautli, José Pires, que explica que “começámos com uma área de atividade muito restrita, a parte dos tacógrafos, depois nas peças, a área elétrica e eletrónica e ao longo deste tempo fomos diversificando a oferta de produtos, tendo hoje um portfólio abrangente”, reconhece. O objetivo, diz, “é termos toda a disponibilidade de peças, com exceção (pelo menos para já) das áreas de carroçaria e pneus. Temos trabalhado sempre com marcas premium e, em alguns casos, temos também marcas budget para cobrir este segmento, que tem aumentado devido ao envelhecimento do parque”.

A Krautli tem quatro divisões de vendas: a revenda independente (lojas de peças), os lubrificantes, as soluções para a mobilidade (produtos técnicos) e o e-commerce. Contudo, o diretor-geral garante que se mantém a mesma filosofia de sempre: “para chegar ao mercado é necessário haver revendedores locais, não vemos como possível o desaparecimento de um dos níveis do mercado”, defende, explicando que “têm procurado trabalhar com parceiros que permitam cobrir o mercado local da melhor forma, com serviços de acordo com as necessidades das oficinas, por exemplo, com a Nexus e com a Serca temos as lojas Nexus Shop, com um foco muito importante no desenvolvimento das redes de oficinas Nexus Auto e Profissional Plus e que estão preparadas para fornecer aquilo que as oficinas precisam. É muito importante garantir o funcionamento das oficinas, porque o nosso futuro depende das oficinas, o sucesso delas será o nosso sucesso”.

O 35.º aniversário é assinalado ao longo deste ano com algumas iniciativas, entre as quais uma viagem ao Vietname, que já se realizou, com a presença de 60 pessoas. “Antes disso, já tínhamos tido uma ação comercial durante 35 dias, com 35 marcas, para 35 anos. A viagem foi um evento excecional, os clientes gostaram imenso e pudemos celebrar e partilhar com eles estes 35 anos de história, sendo que alguns já nos acompanham desde o início. Foi um percurso bastante longo, mas que nos enche orgulho porque conseguimos fazer crescer esta empresa do zero”, contou o diretor de vendas, Carlos Silva.

“Markus Krautli deixou-nos um legado de conduta”
A partida prematura do presidente legendário da casa, há menos de dois anos, deixou a empresa “em choque”, revela o filho, Lucas Krautli. “Atingiu-nos a todos de forma muito dura, e volvido um ano e meio, ainda sentimos o meu pai nestas salas. Mas era importante comunicar à equipa que a empresa continuava de boa saúde, com boa gestão e que, tecnicamente, no negócio, nada tem de mudar. A empresa funciona como uma equipa completa e, até agora, não fizemos mudanças radicais, e muitas das coisas que estamos a implementar o meu pai já queria fazer”, comenta.

No seu entender, “a estratégia continua muito clara, como era para o meu pai, e tem sido bem-sucedida, pelo que seguiremos na mesma direção. A abertura do armazém de Coimbra, há um ano, que ele nunca chegou a ver terminada, deixou-nos, a mim e às minhas irmãs, que vieram dos EUA para ver as novas instalações, muito orgulhosos, por ele, porque era o que ele queria”, revela, contando que um dos legados mais importantes que o pai deixou é o facto de “estar sempre disposto a tentar, apesar de ser um pouco conservador e não correr riscos desnecessários. Dizia para tentarmos e, caso falharmos, reavaliamos e depois fazemos outra coisa”. Já José Pires aponta o legado de conduta e de forma de estar no mercado, “as pessoas sabem o que podem esperar da Krautli e isso está sempre presente na empresa”.

Investir para rentabilizar
Neste momento, a empresa conta com 90 funcionários, sendo a parte logística aquela que “requer mais trabalho e mão de obra”. A Krautli tem apostado em “investir em mão de obra técnica e administrativa, no sentido do desenvolvimento e temos o nosso departamento de marketing perfeitamente alinhado a desenvolver tudo o que é necessário nas relações com o mercado, assim como o departamento técnico que está a par do que é preciso para prestar assistência aos produtos que trabalhamos”, afirma José Pires. O diretor-geral refere que “há muitas ideias que são desenvolvidas aqui dentro e depois buscamos as melhores soluções para implementar com quem tem o conhecimento, a prática e toda a experiência técnica nessa área. Procuramos sempre novas ferramentas, soluções e maneiras de fazer as coisas de forma a que haja maior rentabilidade e melhores resultados também”.

Em relação à operação dos armazéns, os responsáveis consideram que “a automação possível já está implementada”. Para já, a robotização do armazém não é justificável tendo em conta o custo/benefício. A abertura do armazém de Coimbra, há um ano, permitiu aumentar a presença nas zonas próximas e crescer na Beira Interior, com a empresa a comercializar uma centena de marcas, das quais “a esmagadora maioria é premium e apenas algumas budget. Procuramos trabalhar sempre com os fabricantes que fornecem os construtores”, salienta o diretor-geral, José Pires, relembrando que é preciso “juntar dois mundos, a qualidade que queremos ter com a flexibilidade que é necessária, para podermos fornecer ao mercado o que ele quer”.

Trabalhar nas oportunidades
A empresa tem vindo a trabalhar no sentido de perceber como pode digitalizar ao máximo os procedimentos e tem trabalhado com parceiros tecnológicos – “os melhores do país” – nesse sentido. Estão a tratar da implementação do novo ERP, “que vai trazer novas soluções, processos e simplificação” e, segundo Carlos Silva, “a digitalização tem, obviamente, aumentado a eficiência da empresa”. Com a recente alteração na lei dos tacógrafos, a Krautli viu a sua atividade ser impactada. “Estamos a atravessar uma fase de retrofitting de tacógrafos. Há veículos que têm de ser equipados devido à legislação e isso tem, obviamente, impacto na nossa atividade, pois somos líderes de mercado nessa área, com uma quota superior a 70%”, revela José Pires, com Lucas Krautli a acrescentar que “temo-nos estabelecido nesta área e já fazemos isto há muitos anos, pelo que estamos fortes no mercado. Agora, estamos a colher os frutos, o que é ótimo para a saúde do negócio, é muito positivo. Às vezes é preciso ter um pouco de sorte!”, considera o presidente da empresa.

Logística como argumento
As encomendas chegam, na sua maioria, através da plataforma B2B que, de acordo com Carlos Silva, “é o principal meio usado”, o call center conta agora com apenas cinco pessoas neste atendimento (menos do que anteriormente), “porque a maior parte do trabalho é automatizada”, nota José Pires. O número de entregas diárias que os distribuidores fazem às oficinas tem vindo a aumentar e a Krautli tem, por regra, quatro entregas diárias como standard, ainda que esse número dependa “dos produtos, dos clientes e das regiões”. A empresa trabalha com veículos e rotas próprias, mas recorre principalmente a transportadoras para fazer as entregas. Lucas Krautli admite que “não é necessário que assim seja, mas o mercado tem evoluído deste modo. A parte infeliz é que nós, os importadores, temos que manter um stock robusto, porque no final da linha, as lojas e oficinas querem a peça na hora. Na nossa empresa na Suíça havia concorrentes a entregar até seis vezes por dia, mas com o passar dos anos, o mercado começou a achar muito e agora entrega-se três ou quatro vezes por dia, porque as operações de logística e o stock que é preciso ter são incríveis, especialmente se se quiser cobrir o mercado inteiro”, constata, sublinhando que, na Suíça, “os importadores perceberam que é difícil competir assim e decidiram que quatro vezes é suficiente”.

Redes de lojas e oficinas
A Krautli está a desenvolver o conceito das lojas Nexus Shop e das redes de oficinas Nexus Auto e Profissional Plus, que “tem crescido de forma sustentada, o que é o mais importante. Não andamos à procura de ter muitas oficinas, mas sim que o mercado que trabalham seja bem trabalhado”, diz José Pires. Por seu turno, Carlos Silva acrescenta que “não somos uma empresa que faz meramente transação de peças, nós entregamos soluções, porque hoje em dia é preciso responder a um conjunto de necessidades que no passado não existiam, e é aí que nós acrescentamos valor ao negócio”. Para José Pires, trata-se de uma equação simples: “não queremos fornecer ao cliente o que temos. Queremos é saber o que é que ele precisa para lhe fornecer e a fidelização vem como resultado”.

“Vamos ter de ser mais racionais”
Os três administradores olham para o futuro com… saiba a resposta na edição impressa ou online do Jornal das Oficinas nº223, aqui.