Aumento do preço das peças e falhas de stock
No que se refere ao aumento do preço das peças, é um processo inevitável, que já está a acontecer. Depois do efeito da crise pandémica, tem sido extramente difícil para todos os mercados e setores de atividade ajustarem‑se à disrupção que aconteceu em todo o setor produtivo do comércio de peças
O custo de transporte internacional, que na maioria dos casos mais que duplicou, o aumento da energia e combustíveis, associado ao facto da enorme transformação que o sector do emprego sofreu e ajustamentos a que as empresas foram sujeitas, está a inflacionar de forma considerável o preço das mercadorias. O condicionamento gerado pela disponibilidade do produto junto dos fabricantes, os quais lutam desesperadamente pela reposição de stocks a nível mundial, gerando também o efeito inflacionista que assistimos, conduz a um continuo e desafiante esforço de não passar esse efeito diretamente no preço de venda aos clientes. O que as empresas podem e devem fazer é estancar a margem nos níveis em que estão para que os seus negócios se mantenham viáveis. Para além disso têm que ser muito rigorosos na atribuição e controlo do crédito, e colocar algumas novas regras à estrutura de custos nas empresas, de forma a fazer face a esta nova realidade que pode afetar a tesouraria e a solvabilidade das empresas do setor.
Como consequência destas mudanças e alterações, temos assistido no mercado a um aumento de fusões e aquisições, à criação de sinergias entre empresas como o mesmo modus operandi e ao abandono do modelo que imperou no passado de forte presença física e próxima dos clientes, assistindo‑se como seu reflexo, ao fecho das tradicionais lojas e filiais que durante décadas foi a aposta. Enquanto os custos das matérias‑primas, energia e transporte continuarem a subir, será inevitável que os preços das peças também continuem essa tendência, o que poderá ter efeitos negativos a quem não conseguir repercutir parte ou a totalidade dos mesmos nos seus clientes finais.
Efetivamente parece claro que os preços vão continuar a subir durante o ano de 2022, numa proporção que ainda não conseguimos antecipar. Nos primeiros quatro meses já se registaram duas, e em alguns casos três variações de preço. O efeito inicial é uma quebra na margem bruta, fruto de três fatores: a pressão do mercado para manter (ou baixar) o preço de aquisição; a pressão da distribuição para manter os níveis de crescimento e a quota de mercado; e por último, a utilização dos stocks anteriores para fazer baixar os preços médios.
O pós‑venda de veículos pesados também está a ser confrontado com faltas de stock por parte de quase todos os fabricantes, o que tem prejudicado o negócio. A escassez de produtos devido à falta de matérias primas ou ao seu custo excessivo, tem vindo a ser sentida desde o início da pandemia, pelo que agora, passados mais de dois anos, ainda não estabilizou. Acrescido a esse facto, o elevado custo de transporte devido às grandes restrições de fronteiras e pessoas, pôs a fasquia de dificuldade ainda mais alta no que diz respeito às disponibilidades de vários produtos. Será uma realidade a considerar na gestão, pelo que mais uma vez apenas as empresas solidamente mais estáveis poderão comprar em maiores quantidades quando o produto estiver disponível para fazer face a alturas de maior escassez.
Algumas notícias apontam para uma situação inclusivamente pior que em 2021. Infelizmente não se vislumbram melhorias no curto prazo, pelo que o desafio é contante na criação e obtenção de soluções que permitam o normal desenvolvimento do sector. Enquanto tivermos escassez de matérias‑primas e a procura de produto se mantiver em níveis elevados, vai haver falhas, é inevitável. Para além disso é expectável que os tempos de entrega dos principais fabricantes mundiais tenda a aumentar.